Fim das forças
0Tivemos um carnaval diferente nesse 2013. No meio da folia, uma notícia séria. O tradicional marasmo noticiário foi rompido. As manchetes de jornais esperadas, com destaques de escola de samba, foram substituídas por algo que alvoroçou jornalistas e mais meio mundo – o papa renunciava.
Papa Bento 16, na segunda-feira, 11 de fevereiro, anunciou em seu discurso aos cardeais no Vaticano, sua renúncia: “Após ter examinado perante Deus reiteradamente minha consciência, cheguei à certeza de que, pela idade avançada, já não tenho forças para exercer adequadamente o ministério petrino”.
Muitas especulações se fazem a respeito dos reais motivos. Comentários se multiplicam, suspeitas são levantadas, apostas são feitas, ousadas afirmações distribuídas. Contudo, quanto custa a um papa assumir: “já não tenho forças”?
O que sabemos a respeito? Quem é capaz de reconhecer e confessar? Em que medida nos aproximamos dessa realidade e vivemos tal experiência?
No final de janeiro um filme me perturbou profundamente. Ele ainda está em mim, convulsionando-me nas emoções. Trata-se do filme “Amor”, do diretor austríaco Michael Haneke, 70 anos. Ele contou que a inspiração para o filme veio de sua própria história, pois, filho de atores, foi criado por uma tia, que sofria de reumatismo e, no auge da doença, aos 92 anos, pediu ajuda a Haneke para se matar. Ele se recusou. Um ano depois, ingerindo soníferos, ela se matou.
O filme retrata a decadência física e mental de um ser amado. Um casal de professores, já aposentados, com cultura, dinheiro e certo prestígio, vivem a sós num apartamento elegante, cercados de livros, música e um piano na sala de estar. Uma existência tranquila até que ela sofre um AVC, onde fica com uma paralisia parcial num primeiro momento, mas esse é apenas o princípio das dores. O relato lento, simples, triste, real e belo, aborda a impotência e a fragilidade humana de maneira delicada. Quando chegará o nosso fim? Não sabemos, mas suspeitamos, e um sinal evidente da aproximação do fim é a consciência do desvanecer das forças.
A atriz francesa, Emmanuelle Riva (indicada ao Oscar de melhor atriz por sua atuação nesse filme), consciente de que a juventude é efêmera, disse: “Acho que devemos encarar a velhice, e a presença da morte que ela traz muitas vezes, com alegria e não com tristeza. Eu, que vivo meus 86 anos, me pergunto sobre como lidar com a perda da dignidade, a dependência de outros, as dores. E como viver o amor nessas condições? […] O filme é uma dualidade, esta humanidade entre os dois, que está em todos nós, que seduz nesta história. É sobre um drama que todos nós vivemos ou vamos viver. Todos temos um mal, uma doença, uma fragilidade. Como lidamos com elas é que nos faz diferentes”.
A sociedade em geral corteja celebridades, amenidades, cultua a juventude ou aparência dela, consome o supérfluo com avidez, e, despreza a velhice, bem como a realidade, nem sempre agradável, que nos cerca.
Rotas de fuga não nos faltam. Entretenimentos nos cativam, nos levam para longe de responsabilidades, o mundo digital nos atrai mais do que encontros pessoais, laços afetivos vão se enfraquecendo, interesses “novidadeiros” nos encantam e falta-nos tempo para o cuidarmos do outro, ouvirmos repetidas histórias de alguns velhinhos, oferecermos atenção carinhosa e, de repente, recebermos um tesouro de sabedoria vinda da experiência daquele que viveu mais do que nós.
Não gostamos, nenhum um pouco, de abandonar ilusões de estimação existencial, e encarar a realidade da decadência física, das limitações que se expandem. Escamoteamos sensações que nos remetem ao fim. Talvez, por isso mesmo, o livro de Eclesiastes seja pouco palatável para tantos.
Alguém já disse que sabedoria é contemplar o abismo sem ser destruído por ele. Ou, nas palavras de Rainer Maria Rilke: “conter a morte inteira, docemente, sem nos tornar amargos”. E Rubem Alves insiste que “só podem viver bem aqueles que aprendem a sabedoria que a morte ensina”, e que por isso mesmo, “é preciso contemplar o crepúsculo no horizonte para sentir a beleza incomparável do momento”.
São muitas as perdas no decorrer da vida. O evangelho, no entanto, no ensina um princípio interessante: mesmo perdendo é possível ganhar. Mas se nossos medos nos dominam, nossa gula não vê limites, nossa arrogância nos enrijece e nos afasta da intimidade, e nossa ganância nos controla, aí, não teremos a coragem de perder a fim de ganhar.
Quando em 19 de abril de 2005 o papa Bento 16 assumiu, dificilmente imaginou viver essa realidade em menos de 8 anos. Por coragem ou por pressão, não sei, mas ouvir a afirmação: “já não tenho forças” me tocou. E aí, me lembrei das palavras de Henri Nouwen: “Estamos preparados para a morte ou a estamos desprezando por meio do trabalho? Estamos nos ajudando mutuamente a morrer ou simplesmente supomos que estaremos sempre aqui ao lado do próximo? Nossa morte dará nova vida, nova esperança e nova fé aos amigos ou será apenas mais um motivo de tristeza? A principal pergunta não é ‘Quanto seremos capazes de produzir durante os poucos anos de vida restante?’, mas, sim, ‘Como podemos nos preparar para nossa morte, de modo que ela seja uma nova forma de enviar o nosso espírito e o de Deus àqueles que amamos e que nos amaram?’.” Que as dores, e as perdas, nos ajudem a perceber mais profundamente a realidade de quem somos e para onde vamos.
07ª semana de 2013
0“Eu me defino hoje como agnóstico militante. Não sou ateu, porque ser ateu e negar a existência de Deus é algo que também exige fé, de que você pode provar a inexistência de algo. Dito isso, vou deixar claro que não sou religioso de maneira nenhuma. Sou ambivalente: eu não sei se Deus existe e não estou preocupado com isso, porque acho que é impossível saber.”
Brian Schmidt, Prêmio Nobel de Física de 2011, “O Estado de S.Paulo” – 10/02/2013
“Escrever um poema, pintar um quadro, fazer um filme, uma peça de teatro, uma composição musical, enfim, fazer o que se conhece como obra de arte, sempre requer do autor o domínio de um ‘métier’, de uma linguagem própria a cada um desses gêneros artísticos, além, é claro, do talento, sem o qual aquelas outras condições não adiantam de nada. Pode ser que me engane, mas estou convencido de que a pessoa nasce poeta, ou pintor ou cozinheiro. Sem o domínio do ofício, ninguém vai adiante, mas o que torna aquele saber fazer uma obra de arte é o talento, que não se aprende no colégio. Mas o talento não está por sua vez desligado dos recursos técnicos que tornam possível a realização da obra.”
Ferreira Gullar, “Folha de S.Paulo” – 10/02/2013
“Joseph Ratzinger é um dos maiores teólogos vivos do cristianismo. Como papa Bento 16 fracassou. […] Bento 16 foi um duro crítico da ideia de que a igreja deva aceitar soluções modernas para problemas modernos. Nesse sentido, apesar de ter resistido bravamente, com a idade e a fraqueza que esta implica, acabou por ser um papa acuado pelas demandas modernas feitas à igreja e por uma incapacidade de pôr em marcha sua “infantaria”, que nunca aceitou plenamente seu perfil de intelectual alemão eurocêntrico. Sua ideia de igreja é a de um pequeno grupo coeso de crentes, fiéis ao magistério da igreja (conjunto de normas para condução moral da vida), distante das ‘modas moderninhas’.”
Luiz Felipe Pondé, “Folha de S.Paulo” – 12/02/2013
“Como intelectual, este papa sempre soube melhor se dirigir ao cérebro do que ao coração das pessoas. Várias vezes topei com frases de Bento 16 que eu mesmo, ateu de carteirinha, poderia subscrever. A primeira surpresa foi quando ele visitou o local de um antigo campo de concentração nazista. Em seu discurso, deixou no ar a pergunta memorável. Ficamos pensando, disse o papa, onde estava Deus quando tudo isso aconteceu. Era uma pergunta que nada tinha a ver com as habituais consolações, tão vazias, que a rotina religiosa costuma invocar nesse tipo de situação.”
Marcelo Coelho, “Folha de S.Paulo” – 13/02/2013
“Podemos levar a história a sério? Até que ponto devemos acreditar que os relatos históricos que lemos nos livros descrevem as coisas como se passaram? Em que grau podemos confiar nas explicações que nos são oferecidas? A história não é uma ciência no mesmo sentido em que o é a física ou até a economia. Ela não apenas é incapaz de nos dar um modelo por meio do qual possamos fazer previsões como ainda traz a incrível propriedade de tornar o próprio passado incerto.”
Hélio Schwartsman, “Folha de S.Paulo” – 13/02/2013
“Quem autoridades controlam nosso país, que deputados e senadores, que ministros? Serão todos altamente corretos, altamente experientes, competentes, conhecedores das atribuições e do alcance do seu cargo? Ou muitos são medíocres, sem noção do que fazem, amedrontados e de cabeça abaixada, sem saber direito o que fazem ali? Que fim levaram ética, responsabilidade, seriedade aqui entre nós? […] Nunca fomos perfeitos, mas já estivemos em melhor situação. Os males eram menos escrachados, nós, menos tolerantes, não esquecíamos tão depressa. Hoje temos de correr, comprar, consumir, nos endividar até o limite da loucura. E temos que nos divertir, ora essa!”
Lya Luft, “Revista Veja” – 13/02/2013
“Nesta vida todo mundo, querendo ou não, é pautado. Todos somos levados, obrigados, arrolados ou dirigidos a fazer muita coisa. Algumas, impossíveis, como não mentir ou ser pusilânime. Os planos para nossas vidas existem antes do nosso aparecimento no mundo. Antes do nosso nascimento, pai e mãe tinham expectativas fulminantes em relação às nossas vidas. Nossas pautas existenciais são os projetos e esquemas que figuram na nossa sociedade e cultura: instruções do tipo como comer, vestir-se, limpar-se e dormir – caminhos simbólicos e reais a serem necessária e precisamente percorridos como a escolha de certas profissões e valores religiosos e políticos; rituais de crise de vida ou de passagem celebrados em nossa honra ou para os outros, os quais temos de – querendo ou não – acompanhar. Do nascimento até a morte, seguimos esquemas precisos e implacáveis.”
Roberto DaMatta, “O Estado de S.Paulo” – 13/02/2013
06ª semana de 2013
0“O capitalismo, por sua vez, é o regime da exploração e da desigualdade, precisamente porque se funda no egoísmo e na busca do lucro máximo. Se deixarmos, ele suga a carótida da mãe. O grande problema é este: como estimular a iniciativa criadora de riqueza e, ao mesmo tempo, valer-se da riqueza criada para reduzir a desigualdade.”
Ferreira Gullar, “Folha de S.Paulo” – 03/02/2013
“Há indivíduos mais sujeitos a compulsão do que outros. Ambos podem estar expostos aos mesmos fatores. Mas a reação de uns vai ser diferente de outros.”
Marion Strecker, “Folha de S.Paulo” – 04/02/2013
“A ciência vive pressionando a ética: trata-se aqui da ampliação do poder de escolha informada. Aumentando os recursos técnicos da medicina pré-natal, aumenta-se proporcionalmente a possibilidade de se evitar determinados tipos de gravidez. O nome disso, segundo o filósofo americano Francis Fukuyama, é “design babies” (bebês de prancheta, na tradução brasileira): bebês ao portador, com grau máximo de saúde. […] O processo de ampliação de escolha informada implica, num prazo de tempo não muito preciso, a crescente artificialização da atividade reprodutiva humana. Isso é tão inevitável como a ampliação dos direitos civis, tais como voto das mulheres, casamentos gays, direitos da mulher sobre seu corpo, e afins.”
Luiz Felipe Pondé, “Folha de S.Paulo” – 04/02/2013
“As leis existem. Mas, por corrupção, ganância, descaso, ignorância e, principalmente, por falta de fiscalização e punição, crianças caem de rodas-gigantes defeituosas, grupos afundam em barcos superlotados, moradores de prédios antigos são soterrados, bujões, fogos de artifício e bueiros explodem. Ninguém vai preso, a culpa se dilui e a mídia esquece. Até a próxima ‘fatalidade anunciada’.”
Ruth Aquino, “Revista Época” – 04/02/2013
“Há semanas descobrimos, graças ao Censo Escolar de 2011, que 72,5% das escolas públicas brasileiras simplesmente não têm bibliotecas. Isto equivale a 113.269 escolas. Um descaso que não mudou com o tempo, já que, das 7.284 escolas construídas a partir de 2008, apenas 19,4% têm algo parecido com uma biblioteca. Mesmo São Paulo, o Estado mais rico da Federação, conseguiu ter 85% de suas escolas públicas nessa situação. Ou seja, um número pior do que a média nacional. Diante de resultados dessa magnitude, não é difícil entender a matriz dos graves problemas educacionais que atravessamos. Difícil é entender por que demoramos tanto para ter uma imagem dessa realidade. Ninguém precisa de mais um discurso óbvio sobre a importância da leitura e do contato efetivo com livros para a boa formação educacional.”
Vladimir Safatle, “Folha de S.Paulo” – 05/02/2013
“A ética não é a lei. A lei está escrita no bronze ou no papel, mas a ética está inscrita na consciência ou no coração – quando há coração… Por isso, ela não precisa de denúncias de jornais, nem de sermões, nem de demagogia, nem da polícia! A lei precisa da polícia, o moralismo religioso carece dos santarrões e as normas, de fiscais. A ética, porém, requer o senso de limites que obriga à mais dura das coragens: a de dizer não a si mesmo. […] Justiça social, honestidade, retidão de propósito são valores que formam parte da minha ideologia; são desígnios que acredito e quero para o Brasil. […] O ético tem dentro de si o sentido da suficiência moral. Ela ou ele sabem que em certas situações somente o sujeito pode dizer sim (ou não!) a si mesmo. Isso eu não faço, isso eu não aceito, nisso eu não entro. É simples assim”.
Roberto DaMatta, “O Estado de S.Paulo” – 06/02/2013
05ª semana de 2013
0“Ler foi a coisa mais importante que aprendi. Nada gera conformismo como o entretenimento barato. Podem dizer que a cultura se democratizou, que deixou de ser elitista, mas é um processo que gera conformismo.”
Vargas Llosa, “Folha de S.Paulo” – 28/01/2013
“As tragédias acontecem sempre: aviões caem, ‘titanics’ afundam, mas sempre há uma tragédia não percebida entre nós, melhor, uma série de erros não anunciados que acabam desembocando na catástrofe de Santa Maria. Uma das piores do mundo. Mais um horror talvez evitável. Mas o defeito principal do País talvez seja a displicência, irmã da eterna incompetência que nos aflige desde a colônia. São as tragédias em gestação. Os problemas só surgem quando não há mais solução. Vejam os jornais, onde as notícias são sobre coisas que não deram certo, erros de cálculo, obras inacabadas, preços superfaturados, uma lista diária de fracassos, do que poderia ter sido e não foi. Ou então a inocência eterna: ninguém sabe de nada, ninguém pecou, ninguém roubou nunca. […] O dia a dia é assolado pela mediocridade e falta de amor pelos empreendimentos realizados. Interessa sempre o lucro pelo menor gasto possível. […] Aos poucos, nos esqueceremos dessa desgraça a mais. Outras virão. Só nos resta dizer mais uma vez: “Que horror!” e continuar a vida, hoje em dia feita de pressa, medo e suspense, num país onde o óbvio nunca é feito: só as desnecessidades”
Arnaldo Jabor, “O Estado de S.Paulo” – 29/01/2013
“Após uma tragédia como a de Santa Maria, a vontade de agir é irrefreável. Nas próximas semanas, Estados e municípios atualizarão suas normas de segurança anti-incêndio e apertarão a fiscalização sobre todo tipo de estabelecimento. Trata-se, é claro, de um efeito transitório. Com o tempo, o ímpeto vigilante arrefece e as coisas voltam mais ou menos ao que eram antes. E não adianta muito maldizer a leniência das autoridades brasileiras. Ainda que em diferentes graus, o fenômeno é universal e tem origem nos mecanismos pelos quais percebemos o perigo. A pergunta é se devemos aceitar essa abordagem intuitiva ou se seria preferível buscar uma visão mais racional, recorrendo à análise de risco e a especialistas antes de agir.”
Hélio Schwartsman, “Folha de S.Paulo” – 29/01/2013
“O desvio de recursos, a pura irresponsabilidade, a garantia da impunidade. Somos ineptos para minimizar danos das cheias, impedir desabamentos, prevenir incêndios. Mas numa coisa ninguém nos supera: em solidariedade. Instaurada a tragédia, acorremos ao local em batalhões, confortamos os parentes, acolhemos em nossa casa, doamos sangue e enchemos caminhões com donativos, embora não possamos garantir que cheguem ao destino. Nossa humanidade não está em questão – nossa eficiência, sim. E, quando a tragédia se repete, não será por que não avisamos – apenas ninguém tomou providências.”
Ruy Castro, “Folha de S.Paulo” – 30/01/2013
“Esperar sem esperança é a pior maldição que pode cair sobre um povo. A esperança não se inventa, constrói-se com alternativas à situação presente.”
Boaventura de Sousa Santos, “Folha de S.Paulo” – 30/01/2013
“Silas Malafaia não exige doações. À GQ, o pastor alerta: se alguém hesitar em colaborar, ‘Deus fará outro se levantar… e sua benção irá para este outro’. Logo depois, contemporiza: ‘Se R$ 100,00 é tudo o que você precisa, é seu sonho, não dê! Se não for, é sua semente’.”
“O Estado de S.Paulo” – 30/01/2013
“Não estou aqui para ensinar a fazer filmes hollywoodianos. É preciso originalidade. Se existisse apenas o ponto de vista americano, o mundo seria brutal e individualista. Se você possui talento, nada vale mais que se expressar “.
Robert McKee, um dos professores de roteiro mais conhecidos de Hollywood, “Valor” – 01/02/2013
“Henri Matisse confessou sua necessidade de solidão em 1939. ‘Eu gostaria de viver como um monge numa cela, desde que pudesse pintar sem preocupações nem incômodos’. Preocupações e incômodos houve aos montes durante a carreira atormentada do pintor francês.[…] ‘A pintura foi para ele um trabalho desenvolvido em toda a vida. Ele se esforçou por décadas para retratar diretamente o que via. Clichês, preconceitos e suposições, barreiras visuais consideradas seus piores inimigos, foram suprimidos em horas intermináveis de treinamento. A sua disciplina se parecia com a de um pianista’, diz Hilary Spurling, autora de ‘Matisse, Uma Vida’. […] ‘Matisse: In Search of True Painting’ fala do sofrimento do pintor, também relatado por Hilary Spurling, em relação às suas escolhas artísticas. ‘Ele não tinha certeza do seu caminho’. Ou nas palavras do próprio artista: ‘Trabalho sem teoria. Eu sou determinado por uma ideia que só começo a entrever à medida que a pintura se desenvolve’. Incompreendido, Matisse contemporizava.”
Francisco Quinteiro Pires ,“Valor” – 01/02/2013
“A memória é um mistério, às vezes as lembranças aparecem com nitidez, outras vezes ficam guardadas, teimosamente escondidas, ou em estado de latência. […] Só me resta o silêncio, nossa voz essencial, talvez a mais verdadeira.”
Milton Hatoum, “O Estado de S.Paulo” – 01/02/2013
“Meu gospel é bem brasileiro. Não saí copiando, sou a Baby, tenho meu lado rock, meu lado pop. O gospel que toca no rádio e na televisão aqui é muito cru, não dá pra comparar com a nossa música. Nunca fiz isso pra vender CD, mas por paixão”.
Baby do Brasil, “O Estado de S.Paulo” – 02/02/2013
A lágrima cai
0Nosso país está em luto pela tragédia em Santa Maria/RS. Por enquanto, foram contabilizados 235 mortos. Uma cidade em prantos, famílias desnorteadas pela dor, e o luto se instala numa dimensão avassaladora em muitos. Familiares e amigos choram seus queridos. Até os que ajudam com o cumprimento de seu trabalho, como coveiros e taxistas, encontram-se abalados e buscam ajuda no núcleo psicológico de emergência que foi criado após o incidente. Um enorme sofrimento sobreveio de uma só vez a muitos compatriotas.
O rabino Abraham Heschel dizia que “nossa compreensão da profundidade do sofrimento é comparável ao que é capaz de perceber uma mariposa voando sobre o Grand Canyon”. Será isso mesmo? O que compreendemos a respeito do sofrimento? Como o amor cristão nos conduz em tempos de profunda dor? A fé cristã nos ensina a respeito, nos educa a alma?
Lembro-me da pergunta de Jesus a seus discípulos: “Podem vocês beber o cálice que eu vou beber?’ (Mt.20.22). Me parece que Jesus, ao reconhecer nossa falta de noção, nos faz essa pergunta-convite, a fim de que prestemos atenção para o quanto nossos desejos adoecidos tomam lugar da realidade. Nossa insensibilidade nos faz pedir coisas inadequadas, sem perceber o que acontece ao nosso redor. Nem percebemos que na busca de nosso conforto, de reconhecimentos, ignoramos o que se passa com nosso próximo. O que de fato está acontecendo? Somos atraídos por ilusões, apegados a muletas emocionais (onde nos apoiamos em coisas como dinheiro, suposto poder, suposto saber, etc.).
A pergunta de Jesus ecoa, chegando até nós hoje. E aí aproveito o comentário de Henri Nouwen a respeito desse texto: “Beber o cálice não é simplesmente nos adaptar a uma situação ruim ou tentar usá-la o melhor que pudermos. É uma forma de viver com esperança, coragem e confiança. Isso significa ficar de pé com a cabeça erguida, solidamente enraizado no conhecimento de quem somos, encarar a realidade que nos rodeia e responder a ela com nossos corações”. Sim, talvez atentar para a razão das nossas lágrimas seja uma forma de nos conhecermos melhor. Inclusive, perceber como o evangelho nos transforma, aprofundar como o evangelho nos faz solidários, arranca medos e desconfianças a fim de que o amor ganhe mais espaço dentro de nós, então, vamos aprendendo mais a respeito de estender as mãos para acolher do que agredir, mais sobre abraçar do que competir, mais sobre respeitar do que caluniar, mais sobre chorar com os que choram do que tripudiar em cima das dores do próximo, celebrar com os que se alegram do que invejá-los, e por aí vai.
Vivemos assustados, tentando nos proteger continuamente, correndo atrás do vento, nos apegando a desejos infantis. A dor pouco nos comove, ou, nos perturba intensamente, porém, apenas por alguns instantes e logo nos dispersamos nos muitos afazeres e estímulos que nos cercam.
A necessidade imperiosa de nos distrairmos, fugirmos do tédio, da tristeza, corrermos para o divertimento e prazeres, não termos contato com a dura realidade de muitos que nos cercam denúncia que nossas lágrimas acabam sendo somente por nós mesmos.
“Não deem espaço para o ego à custa da sua alma” (I Pe 2.11 – “A Mensagem”).
04ª semana de 2013
0“Ser pai ou mãe, mais que uma possibilidade biológica, é um aprendizado. ‘Podemos encarar a família como uma prisão ou um lugar de abrigo. Um espaço de trocas ou de isolamento coletivo. Um agente de mudanças ou um dispositivo de alienação. De qual família estamos falando?, diz Junia de Vilhena, psicanalista e terapeuta familiar.”
Ruth Aquino, “Revista Época” – 21/01/2013
“O ex-ciclista americano Lance Armstrong, usuário confesso de doping para se tornar o maior campeão da história de seu esporte, é também um recordista da mentira. Depois de enganar milhões de torcedores ao ganhar sete vezes a Volta da França sob o efeito de substâncias proibidas –e de se submeter a transfusões de sangue para esconder o rastro delas no organismo–, mentiu repetidamente ao se dizer inocente das acusações ainda tímidas que lhe começavam a fazer. Depois mentiu para as federações de ciclismo e para o Comitê Olímpico Internacional. Mentiu para seus colegas ciclistas e para os praticantes de todos os esportes. Mentiu para as crianças que o tinham como ídolo e queriam imitá-lo. Mentiu para os dirigentes da Livestrong, a fundação contra o câncer criada por ele – ele próprio uma vítima da doença. E, por fim, mentiu para seus biógrafos. […] Armstrong os tapeou, contando-lhes a história bonita que queria ver publicada. E obrigou a que seus colaboradores – envolvidos na sua extensa rede de doping, inclusive médicos – também mentissem. Agora, sim, Lance Armstrong pode render uma grande biografia. Vivo ou morto.”
Ruy Castro, “Folha de S.Paulo” – 21/01/2013
“Uma estatística envergonha os sul-coreanos: o índice de suicídios no país -medido para cada 100 mil pessoas- é o mais alto entre os membros da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico. Ele aumentou de 13,6, em 2001, para 31,2, em 2010. Mas ainda mais perturbador é o índice de suicídios entre os sul-coreanos maiores de 65 anos. No mesmo período, ele inchou de 35,5 para 81,9. ’Os velhos sentem-se traídos ou pensam que são um peso para seus filhos, principalmente os que têm doenças crônicas cujas contas médicas os filhos lutam para pagar’, disse Park. ‘Sua crença na família como uma entidade com um destino comum os leva a afastar-se dela, removendo o peso’. Kim Sungwhan, diretor do distrito de Nowon, em Seul, foi um dos primeiros administradores a abordar a crise dos suicídios. Ele treinou cerca de mil voluntários para reconhecer sinais de advertência e conectar idosos com tendências suicidas aos serviços sociais. Kim Man-jeom, 73, foi uma dessas pessoas. Depois da morte de seu marido, no ano passado, ela caiu em depressão. Ficou decepcionada porque seus filhos não a convidaram para morar com eles, mas também temia tornar-se um fardo para a família. ‘Quando vi uma gravata, pensei em me enforcar’, disse. A população da Coreia do Sul está envelhecendo mais depressa do que a de outros países desenvolvidos. Sociólogos dizem que o baixo índice de nascimentos deriva da relutância dos jovens casais a imitar seus pais e gastar suas economias na educação dos filhos, deixando pouco para sua velhice. ‘Nossa sociedade deu ênfase à eficiência econômica ao custo da condição humana’, diz Kim.
Choe Sang-Hun, “The New York Tinmes/Folha de S.Paulo” – 21/01/2013
“Muito mais produtivo do que tentar prever o future é construí-lo a partir do que sabemos hoje, e não consultar oráculos como o de Delfos, cartomantes, gurus e profetas.”
José Goldemberg, “O Estado de S.Paulo” – 21/01/2013
“De algum tempo para cá, setores da mídia manifestam preocupante ambiguidade ética. O que é sensacionalismo barato numa publicação popular é informação de comportamento nas respeitáveis páginas de alguns veículos da chamada grande imprensa. Biografias não autorizadas (ou difamação politicamente correta) e síndrome do boato compõem um retrato de corpo inteiro da indigência editorial. Best-sellers de ocasião, apoiados no marketing da leviandade e sustentados pela repercussão da mídia, ganham status de seriedade. O que interessa não é a informação. O que importa é chocar. Ao tentar disputar espaço com o mundo do entretenimento, alguns setores da imprensa estão entrando num perigoso processo de autofagia. Esquecem que a frivolidade não é a melhor companheira para a viagem da qualidade. Pode até atrair num primeiro momento, mas depois, não duvidemos, termina sofrendo arranhões irreparáveis no seu prestígio. Não podemos sucumbir às regras ditadas pelo mundo do espetáculo. Existe espaço, e muito, para o jornalismo de qualidade. Basta cuidar do conteúdo.”
Carlos Alberto Di Franco, “O Estado de S.Paulo” – 21/01/2013
“Quando Hannah Arendt cunhou a expressão ‘banalidade do mal’, ela não imaginava como a morte se tornou um fato corriqueiro no mundo atual, sem os trágicos acordes do Holocausto. Talvez haja nas matanças banais um desejo de desvendar o mistério da morte, bem lá no fundo do inconsciente. Para além de vinganças, busca de poder ou dinheiro, ódio puro, prazer, há a vontade de ‘naturalizar’ a morte, de modo que ela deixe de ser a implacável ceifadora. Tenho certeza de que os assassinos que passam de moto e metralham inocentes não têm consciência da gravidade de seus feitos – apenas mais um dia divertido de violências. Os filmes americanos buscam o tempo todo essa banalidade: tiros súbitos sem piedade, jorros de sangue ornamentais, a beleza fálica das superarmas automáticas. Nos brutos filmes de ação, nos videogames, nas notícias bombásticas de tragédias há um claro desejo de esquecer a morte, mostrando-a sem parar. Um desejo de matar a morte. Um desejo de entendê-la pela repetição compulsiva. Mas, nunca conseguiremos exorcizá-la, porque quando ela chega não estamos mais aqui.”
Arnaldo Jabor, “O Estado de S.Paulo” – 22/01/2013
“Com quase 30 milhões de novos usuários ativos mensais, o Brasil foi o país que mais cresceu no Facebook em 2012, de acordo com dados divulgados pela empresa de estatísticas de mídias sociais Socialbakers. Desde março do ano passado, o Brasil é o país com o segundo maior número de usuários (65 milhões) na rede social, atrás apenas dos Estados Unidos (167 milhões), ainda segundo a Socialbakers”.
“Folha de S.Paulo” – 24/01/2013
03ª semana de 2013
0“O mundo das redes sociais, ao mostrar os melhores momentos de cada um de seus bilhões de integrantes, bombardeia-os com um ambiente superlativo, em que a cada instante surgem vídeos em que pessoas e bichos aparentemente comuns realizam feitos inacreditáveis. O extraordinário se banalizou. Quando se vive cercado por extremos, é cada vez mais difícil determinar os limites do que é possível, desejável ou conveniente. O cotidiano, banalizado pela onipresença do extraordinário, fica ainda mais monótono. Quem cresce rodeado pelo que há de melhor perde a paciência para se surpreender e pode ficar mimado, impotente ou deprimido. Na tentativa de gerar estímulos, vários multiplicam suas atividades e pulverizam sua atenção, sem levar em conta que a hiperatividade é inimiga da concentração. Nesse processo, gasta-se muita energia e realiza-se pouco, em um círculo vicioso que só aumenta a frustração.”
Luli Radfahrer, “Folha de S.Paulo” – 14/01/2013
“Somos uma cultura de frouxos viciados em conforto, que se lambem o tempo todo e culpam os outros por tudo.”
Luiz Felipe Pondé, “Folha de S.Paulo” – 14/01/2013
“As pessoas gostam de exibir a felicidade como um troféu. Demonstrar tristeza tornou-se uma espécie de derrota. O melhor exemplo é o comportamento diante de quem sofreu uma perda. Se está em lágrimas, costuma-se dizer:
– Não chore, vai passar…
A outra pessoa fica constrangida, como se viver a dor fosse defeito.
Minha atitude é oposta. […]
Compartilhar os problemas alheios às vezes não é fácil. Mas isso não faz parte da amizade? Não dá uma dimensão mais profunda ao relacionamento humano? Ser feliz é cada vez mais uma imposição. Só falta alguém botar um letreiro dizendo: “Estou muito bem!”. Com ponto de exclamação, para simular entusiasmo.
“O Itamaraty faz gol contra ao conceder passaporte diplomático para os criadores e líderes de uma tal Igreja Mundial do Poder de Deus, Valdomiro e Franciléia de Oliveira. Qual o sentido? Na era Lula, o Planalto definia os passaportes para o Itamaraty assinar. Com Dilma não é assim e ela não deve ter nada a ver com o mimo para Valdomiro, que anda na mira do Ministério Público por enriquecimento, digamos, mal explicado.”
Eliane Cantanhêde, “Folha de S.Paulo” – 15/01/2013
“No hoje remoto século 15, quando os tipos móveis de Gutenberg favoreceram (porque baratearam) uma difusão mais ampla do impresso, algumas universidades franziram o nariz: afinal, se os alunos todos tiverem livros, o que nós, professores, vamos fazer nas classes? Mas o surto de mau humor do corpo docente logo se dissipou e, hoje, livros e universidade são parceiros fiéis.”
Marisa Lajolo, “Folha de S.Paulo” – 15/01/2013
“A função das escolas é fazer com que cada um saia da sua zona de conforto e se aventure num mundo desconhecido, vivendo experiências pessoais, sociais e culturais que de outro modo não viveria.”
Ariana Cosme, “Folha de S.Paulo” – 15/01/2013
“Hoje, neste tempo digital e veloz, ou temos o derrame de besteiras nas redes sociais ou porcarias de autoajuda nas listas de best-sellers.”
Arnaldo Jabor, “O Estado de S.Paulo” – 15/01/2013
“Se soubesse como seria minha vida quando tinha 20 e poucos anos não teria vivido, diz-me um velho companheiro das trincheiras magras. Viver é muito perigoso, afirmava Guimarães Rosa. É a inocência do não saber que permite viver a vida, digo eu. A negação faz parte da vida humana. Um leão não dorme se pressente uma ameaça, mas um homem dorme feliz mesmo sabendo que cada noite bem dormida o aproxima da morte. A consciência foca em alguma coisa com intensidade e, com a mesma força, reduz tudo o mais a um resíduo a ser esquecido. O foco tem como contrapartida a alienação.”
Roberto DaMatta, “O Estado de S.Paulo” – 16/01/2013
“A comissária de bordo Nadia Eweida conquistou na Justiça o direito de usar um pingente de crucifixo durante o trabalho em uma companhia aérea britânica. A empresa havia proibido o uso de qualquer símbolo religioso por seus funcionários em voos.”
“O Estado de S.Paulo” – 16/01/2013
“A fórmula para identificar talentos é a seguinte: ter a coragem de apostar em ideias. Muitos executivos acham perigoso arriscar. Perigoso é não arriscar. Eliminar a criatividade e a inovação levas as empresas ao declínio e, por consequência, prejudica toda a sociedade.”
Nolan Bushnell, “Revista Veja” – 16/01/2013
“É fato que, depois dos inegáveis resultados econômicos da última década, o Brasil entrou em uma fase cultural de acentuado otimismo, provavelmente excessivo, à prova dos fatos. O crescimento econômico deu-se, é certo, e com algumas redistribuição de renda, melhorando condições de vida, estatísticas e imagem internacional. Mas a inclusão dos pobres limitou-se a pouco mais do que acesso a consumos básicos. Educação, saúde, meio ambiente e participação social são os grandes excluídos do modelo brasileiro, baseado fundamentalmente no crescimento quantitativo. A superação dos atrasos qualitativos do sistema-país frustra as expectativas por sua lentidão e incipiência. E as desgraças não faltam: gente demais morre pela disputa de poucos reais, por enchentes ou balas perdidas. Mais: estatísticas aterrorizantes indicam que o número anual de assassinatos no Brasil é superior aos mortos em todas as guerras no mundo. Problema mais grave ainda, a política está em crise profunda: ética, identitária e organizativa, sem capacidade de dar respostas convincentes aos problemas que se acumulam no horizonte.”
Claudio Bernabucci, “Revista Carta Capital” – 16/01/2013
“Somos cada vez mais considerados como ‘doentes’ (e convidados a procurar tratamento) por uma psicologia e uma psiquiatria que não param de definir nossa ‘normalidade’ – com as melhores intenções.”
Contardo Calligaris, “Folha de S.Paulo” – 17/01/2013
“Quando pesquisava para seu livro ‘O Poder do Hábito’, o escritor americano Charles Durhigg deparou com uma prática a princípio inexplicável das empresas de cartões de crédito dos Estados Unidos. Sempre que descobrem, comparando dados pessoais, prática permitida no mercado americano, que um de seus clientes se divorciou, as empresas cortam seu limite de crédito. A redução é ainda mais radical caso o cliente seja do sexo masculino, diminuindo o limite pela metade. A explicação: analisando o histórico de crédito de recém-separados, matemáticos a serviço dessas empresas cruzaram os dados e notaram que não muito tempo depois de mudar seu status de relacionamento para ‘solteiro’ no Facebook os homens, principalmente, começam a ter problemas para pagar suas dívidas. À primeira vista, pode parecer um exagero – além de uma intromissão indevida na vida dos clientes -, mas um estudo recente conduzido pelos departamentos de psicologia das Universidades de Harvard e Columbia, nos Estados Unidos, mostrou que há uma lógica emocional por trás dessa situação: estar triste pode ter um custo financeiro. ‘Uma pessoa triste não é necessariamente uma pessoa sábia quando se tratam das escolhas financeiras’, afirma Ye Li, professor da Universidade Riverside, na Califórnia, que participou do estudo como pós-doutorando do Centro de Ciências da Decisão de Columbia. ‘Descobrimos que as pessoas tristes são mais impacientes e frequentemente irracionais’.”
Alexandre Rodrigues, “Valor” – 18/01/2013
“Nossa vida cotidiana tornou-se quase inteiramente regida por princípios utilitários, pragmáticos, instrumentais, lamenta o poeta e filósofo carioca Antonio Cicero, de 67 anos. ‘Sempre foi assim, porém hoje as novas tecnologias eletrônicas potencializaram essa subordinação da vida ao princípio do desempenho.’ Ele reconhece que elas mudaram a vida de todos nós, que houve um avanço e uma transformação. Mas isso será apenas bom? ‘Ao invés de economizarem nosso tempo, as novas tecnologias o consomem.’ A tecnologia do século XXI devora o tempo. Devora o próprio século XXI. Resta-nos pouco tempo para meditar e contemplar. Para viver.”
José Castello, “Valor” – 18/01/2013
“A obesidade é a nova epidemia. É uma condição cara de tratar, está associada com muitas doenças. E tem efeitos ruins sobre as pessoas que sofrem dela, porque não podem trabalhar tanto etc. Nos países emergentes, sobretudo na China, é onde está crescendo mais rapidamente a obesidade. Quando o nível de vida sobe e as pessoas têm mais dinheiro para gastar, a primeira coisa que fazem é mudar sua dieta. Cada vez mais, comem coisas processadas ou ricas em gordura.”
Mauro Guillén, “Folha de S.Paulo” – 19/01/2013
“A eterna vacilação do sujeito diante de si: ‘Diga-me quem sou?’ é uma pergunta que a gente endereça frequentemente ao outro. Esse desconhecimento de si, que gera o sentimento de incompletude e consequentemente também o desejo de reencontrar uma completude imaginariamente perdida, impele às buscas amorosas como tentativa de preenchimento do vazio constitutivo do ser.”
Silvia Raimundi Ferreira, “Le Monde Diplomatique” – janeiro de 2013
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