Fiquei novamente impressionada com a diferença que faz um minuto.

No sábado (24/05), foi a final da Liga dos Campeões, importante campeonato no futebol europeu. Pela primeira vez dois times da mesma cidade, digamos, um primo rico e outro pobre, disputaram essa final. A cidade é Madri, embora a disputa tenha sido em Lisboa. Os dois times eram Atlético de Madri e Real Madri.

O Atlético venceu por 1 a 0 no tempo de 90 minutos, tempo oficial de uma partida. Campeão? Não, geralmente os juízes dão alguns minutos de prorrogação. Aquele juiz resolveu dar 5 minutos. Passado os 4 minutos, onde o Atlético já sentiu o gostinho da vitória, praticamente com a taça na mão, ainda tinha o minuto final e nesse, tão somente um minuto, o Real empatou. E na próxima meia hora de prorrogação o abatimento e cansaço do Atlético fez com que ele encerrasse aquela partida perdendo pelo placar de 4 a 1. Que virada!

Chamou-me a atenção a diferença que um minuto fez na vida daqueles jogadores. Sobretudo, para os jogadores do Atlético, fiquei a imaginar o quanto eles lamentariam e carregariam para sempre na memória a diferença que esse 1 minuto fez. Tão perto e tão longe de ser campeão por causa de um tempinho tão curto…

A expressão “espere um pouco, só um minutinho” é comum. Dizemos para expressar que não estamos prontos, que haverá necessidade de esperar, que agora não. São filhos que dizem às mães, esposas que dizem aos maridos, empregados que dizem a seus chefes, e por aí vamos, banalizando 1 minuto.

Lembrei também de outro minuto final. Quando Jesus já estava crucificado, outros dois criminosos foram crucificados com ele. Um deles insultava Jesus nos minutos restantes de vida. Preferiu terminar sua vida com xingamentos, com reclamações e blasfêmias. Essa foi sua escolha do que fazer com seu minuto, com seu fim. Já o outro o repreendeu, depois, virou-se a Jesus e disse: “Jesus, lembra-te de mim quando entrares no teu Reino” (Lc 23.42). Ele, assim, preferiu investir ao invés de desperdiçar seu último minuto. Optou por um diálogo significativo, boa reflexão sobre a vida e arrependimentos possíveis. Soube bem aproveitar, e mesmo perdendo a vida, ainda a ganhou.

Uma linda canção, de um dos maiores poetas que já tivemos dentro da música cristã brasileira – Sérgio Pimenta, também salienta o momento (que pode ser de um minuto só): “Nem um momento só deixou sua mão/Deixou-me o seu olhar/Nem quando eu dava dó/Negou-me o seu amar”. Como essa convicção faz toda a diferença em cada minuto que se vive!

Um minuto não é pouco, dependendo do contexto, ele pode fazer toda a diferença. Como olhamos para uns poucos minutos? Eles lhe são preciosos ou tem sido desperdiçados? Já calculou a sua vida não em anos, mas em minutos? Talvez tenha até a impressão maior de que envelheceu mesmo. Mas o ponto é considerarmos como lidamos com o tempo, ainda que curto. Aproveitamos ou banalizamos?

Não sei quantos minutos gastou para ler esse breve texto, mas que lhe ajude a pensar sobre suas escolhas em relação ao tempo, sem esbanjar insensatamente. Que tal prestar mais atenção em seu próximo minuto, e no outro, e no que vem a seguir, enfim, na vida?