“As questões femininas contemporâneas devem ser consideradas nessa perspectiva global, apesar das singularidades de determinados países. A experiência mais impactante que tive trabalhando na questão da violência contra a mulher foi numa viagem ao Congo oriental, em 2008, após a assinatura do acordo de paz. Lá encontrei muitos movimentos, conversei com mulheres que passaram por abusos horríveis, em lugares onde o estupro é usado como estratégia de guerra. Primeiro, pensei: elas não vão querer falar sobre algo tão terrível. Mas, para minha surpresa, elas queriam falar, sim. Queriam contar suas histórias e compartilhar como estavam tentando reconstruir suas vidas. Outra singularidade encontramos no sul e no leste da África, onde há países com altos índices de aids entre mulheres, especialmente entre mulheres jovens. Ali há uma forte relação entre o HIV e a violência íntima, em relações abusivas por namorados e maridos. Esses países enfrentam uma epidemia dupla: o HIV e a violência contra a mulher.”

Francoise Girard, “O Estado de S.Paulo” – 10/03/2013

 

“O que aconteceu com as mulheres nestas décadas foi saírem do jugo do pai, irmãos, sentir e agir como pessoas. Podem estudar, morar sozinhas, casar com quem quiserem ou não casar, ter filho ou não, dirigir empresas ou ônibus, pilotar aviões, fazer doutorados, brilhar nas ciências ou finanças, enfim: somos gente. Há muito que fazer, um longo caminho a percorrer. Altas executivas ainda são olhadas com desconfiança e às vezes lidam com condições desfavoráveis, culpas atávicas, falta de estruturada da sociedade para aliar profissão a vida pessoal, sobretudo a maternidade. Ainda há quem ganhe menos que homem na mesma função. Ainda há quem tenha de ‘caprichar dobrado’. Mas as coisas vão se resolvendo na medida em que nos fazemos respeitar.”

Lya Luft, “Revista Veja” – 13/03/2013

 

“A renúncia, como foi colocada pelo papa, é de uma transparência indiscutível. Sobretudo sabendo que ele nunca teve medo de dizer o que pensa, mesmo em frente a públicos que lhe eram hostis. Seu mérito maior não está em sua inteligência, mas em sua coragem de sustentar a fé católica numa cultura do ‘politicamente correto’, ou seja, do ‘carneirismo cultural’. Se sua inteligência teve importância, foi unicamente em função disso.”

Leonardo Boff, “Revista Cult” – março de 2013

 

“Quando finalmente viveremos num mundo em que as diferenças poderão desfilar livremente a exuberância de suas potencialidades e as fragilidades de suas deficiências?”

Evaldo Mocarzel, “Revista Bravo” março de 2013

 

“A ‘obrigação’ contemporânea de ser livre e feliz, que leva os que não se sentem assim a carregarem o peso de estarem ‘errados’. Se compramos a ideia tola de que o gozo está disponível a todos a todo o momento, ele passa a ser imperativo. E é isso que nos vendem a todo momento as propagandas veiculadas pelos meios de comunicação. A experiência de estar triste assemelha, segundo essa lógica, a uma falha moral que deveria ser corrigida. É fácil percebermos o quanto uma pessoa deprimida, para além daquilo que a deprime, sente-se culpada por seu estado. Além de triste, ela se vê como fraca e fracassada, incapaz de obter a felicidade como bem de consumo alegadamente acessível a todos.”

Pedro Ribeiro De Santi, “Revista Mente/Cérebro” – março de 2013