42ª semana de 2012
“Todo mundo se empluma para ser visto. A noiva é a construção da ideia de perfeição para o olhar do outro. A gente se veste querendo que o outro nos veja de um modo perfeito. O outro não quer a perfeição, mas desnudar essas camadas de ilusão, de mentira.”
Fernanda Young – Folha de S.Paulo, 14/10/2012
“Há algumas semanas, uma falha em minha conexão de internet me fez perceber que havia algo errado comigo. Talvez você tenha o mesmo problema. Graças a uma dessas panes súbitas que fazem da informática uma ciência inexata, todos os e-mails que mandei durante o dia inteiro não conseguiram sair do computador. Ao final do dia, movido por um tédio que só a desconexão forçada é capaz de provocar, decidi reler as mensagens presas na minha caixa de saída. O resultado foi revelador. Por dedicar muito pouco tempo a cada mensagem, escrevi respostas lacônicas para pessoas que haviam me mandado sugestões elaboradas. Aceitei um convite para um jantar ao qual não poderia ir. Enviei a um colega um recado com erros inaceitáveis para alguém que ganha a vida escrevendo. A vontade de resolver vários problemas instantaneamente, típica dos tempos digitais, me tornara afobado, distraído e monossilábico. Não curti.”
Danilo Venticinque – Revista Época, 15/10/2012
“Ouvir é o maior talento que um arquiteto deve ter. […] Não vejo graça em repetir. Quero me surpreender. Prefiro errar tentando algo novo a acertar repetindo uma solução que já sei que dá certo. […] Acho que não existe bom gosto ou mau gosto. Existe o meu gosto e o seu gosto. Quando vejo uma pessoa de bom gosto, é porque ela tem o meu gosto. […] Nunca faço o que quero, do jeito que quero. Sempre faço o que o cliente quer, só que do meu jeito. A diferença é sutil. […] Sempre me interessei pela diversidade. Das pessoas e trabalhos. A arquitetura é um mero pretexto para eu me relacionar com as pessoas. A única coisa que tem importância é que haja afinidade na maneira como vemos a vida.”
Isay Weinfeld – O Estado de S.Paulo, 15/10/2012
“Essa coisa de criar o parceiro ou a parceira ideal é muito ruim. Quando idealizam, as pessoas tendem a enquadrar os outros num conceito, uma ideia. Não dá certo. O amor tem de ser uma invenção diárias, a dois. Há uma cobrança de que o amor tem de durar para sempre, e essa é outra pressão que também pode sufocar uma relação. O importante é que não existem fórmulas para o amor. Cada dupla, cada casal faz sua história e tem de encontrar a fórmula apropriada para os dois.”
Jonathan Dayton, diretor de cinema – O Estado de S.Paulo, 16/10/2012
“Marxismo e religião são iguais: não podem ser comprovados ou contestados.”
David Pryce-Jones, Revista Exame, 17/10/2012
“O papel do artista é questionar. E, de repente, a gente se transformou nessa coisa arrumadinha, de bom gosto, enquadrada. O louco ainda pode ser alguém que propaga as verdades que ninguém quer escutar.”
Elias Andreato, ator e diretor – O Estado de S.Paulo, 18/10/2012
“Em 2010, a parcela de divorciados chegou a 3,1%, quase o dobro dos 1,7% de 2000. O aumento das separações tem diferentes explicações, como a maior aceitação social do divórcio e a simplificação dos trâmites legais. Além disso, há a maior inserção da mulher no mercado de trabalho, que deu a ela autonomia financeira para se livrar de relacionamentos. O retrato mostra ainda que cresce a parcela de casais sem filhos – um quinto do total.”
Denise Menchen – Folha de S.Paulo, 18/10/2012
“Você tem duas opções: a) envelhecer; b) morrer. Se tudo der certo, você fica com a primeira opção. Nesse caso, a próxima pergunta de múltipla escolha estético-existencial será algo como: a) envelhecer, tentando desesperadamente se transformar em outra pessoa – alguém que se parece vagamente com você, a não ser pela testa congelada, pelos olhos levemente assimétricos e pelos lábios que parecem mais um sashimi do que uma boca. Separando as duas opções, resta apenas o bom senso, que alguém já definiu como ‘a coisa mais mal distribuída do mundo’. […] O paradoxo é que, num país cada vez mais velho, a velhice esteja se tornando sinônimo de defeito, de prazo de validade expirado antes da hora – e aí aparecem eufemismos do tipo ‘melhor idade’. De acordo com o IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, a expectativa de vida aumentou incríveis 25 anos de 1960 para cá.”
Carol Sganzerla – Revista TPM, outubro de 2012
“Em um mundo com 7 bilhões de habitantes, já existem 6,39 bilhões de linhas de telefonia móvel. O celular chegou até onde nem sequer tem água potável. Só no Brasil, há mais aparelhos habilitados do que habitantes. ‘Símbolo de status, inclusão social e autonomia, o celular atende à exigência de estar disponível o tempo todo – e derruba as fronteiras entre trabalho e vida pessoal’, explica a antropóloga Sandra Rubia Silvia, professora da Universidade Federal de Santa Maria, RS, que investiga o impacto dessa tecnologia nas relações sociais. ‘A rotina acaba sendo cadenciada por esse aparelho e há grandes chances de ultrapassar o limite de uso que seria razoável’, alerta o psicólogo Cristiano Nabuco, coordenador do Ambulatório Integrado dos Transtornos do Impulso do Instituto de Psiquiatria da USP. Na velha e boa linguagem analógica, todos esses dados e evidências querem dizer o seguinte: com tantos aparelhos à disposição, aumenta a probabilidade de que eles virem uma espécie de extensão do corpo. Portanto, aparece a probabilidade de que os usuários fiquem conectados demais, dependentes demais, doidões demais – até os limites do vício. […] No Brasil, pesquisa da Ipsos feita com mil moradores de 70 cidades, de ambos os sexos, mostrou: 18% admitiram ter dependência de seus aparelhinhos. O número, claro, pode ser bem maior. ‘Nem sempre existe a noção da dependência. É comum as pessoas alegarem que vivem conectadas por causa do trabalho ou da família’, diz a psicóloga Iracema Teixeira, professora de Pós-Graduação da Universidade Gama Filho, no Rio de Janeiro.”
Cristina Nabuco – Revista Lola, outubro de 2012
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