“A partir do momento em que passa a exercer a representação conferida pelo povo, o parlamentar se obriga a compartilhar a trajetória pública com a sociedade. Esse é o ditame do exercício do poder na vida republicana. O chamado “voto corporativo”, que se desenvolve em função do vínculo entre iguais que trabalham sob a mesma cúpula, é figura insustentável diante do império da ética e da moral, cujos domínios se expandem nos múltiplos espaços da sociedade organizada. Não há mais sentido em guardar segredo no julgamento de parlamentares. A oxigenação dos pulmões sociais está a exigir assepsia, independência, justiça. A soberania popular ordena que a representação política se paute por transparência de atitudes e decisões. Onde o poder é oculto, já dizia Bobbio, tende a ser oculto o contrapoder, o poder invisível. Nas ditaduras floresce a cultura do sigilo. O Parlamento deve ser o primeiro Poder a implantar nas democracias o governo do poder visível.”
Gaudêncio Torquato – O Estado de S.Paulo, 10/06/2012

“A Europa nasceu ali, no pé da Acrópole, 25 séculos atrás, e tudo que ela tem de melhor, aquilo que ela mais aprecia e admira em si mesma, assim como as instituições democráticas, a liberdade e os direitos humanos têm sua distante raiz nesse pequeno rincão do velho continente, às margens do Egeu, onde a luz do sol é mais potente e o mar é mais azul. A Grécia é o símbolo da Europa e os símbolos não podem desaparecer sem que aquilo que eles encarnam desmorone e se desfaça nessa confusão bárbara de irracionalidade e violência da qual a civilização grega nos tirou.”
Mario Vargas Llosa – O Estado de S.Paulo, 10/06/2012

“Sem dúvida, o indivíduo que adota um comportamento social adequado no espaço corporativo em que atua, possibilita a visibilidade e o reconhecimento de suas competências, encurtando o caminho para a realização profissional. No entanto, sem os princípios éticos de honestidade e integridade gravitando em todos os nossos atos, dificilmente nos daremos um destino construtivo para nossa identidade profissional.”
Ruth Duarte – O Estado de S.Paulo, 10/06/2012

“No convívio escolar, como nas ciências, a construção do conhecimento depende da comparação de visões diferentes. Por isso, a boa escola deve ser, necessariamente, um espaço plural em termos de pensamentos e manifestações. […] Toda escola tem algo de parlamento, estádio e de templo. Se cada aula propiciar o diálogo e a compreensão, em lugar do proselitismo e da intolerância, e as convicções puderem ser expressas e respeitadas – não escondidas ou condenadas -, educar será preparar para a aventura real da vida. E não conduzir para rumos definidos, que podem ser becos sem saída.”
Luis Carlos de Menezes – Revista Nova Escola, junho/julho 2012

“Estamos no seguinte paradoxo: o mundo está muito aquém da economia verde, aumentando emissões, desmatando mais, usando mal os materiais. Economia verde é produzir usando menos recursos e comprometendo menos as saúdes dos ecossistemas, é transitar da energia fóssil para a renovável e usar melhor os materiais. Mas se constato que estamos muito aquém, então alguém pode me chamar de ‘radicaloide’ por querer ir Muito Além da Economia Verde. Só de alcançar a economia verde já estaria muito bom. O problema é que se considerarmos os últimos 20 anos, vemos que houve um imenso progresso no sentido da economia verde. Cada unidade de dólar foi gerada com 21% menos de uso de recursos materiais e 23% menos emissões de gases de efeito estufa. No entanto, o uso de materiais aumentou 39% e as emissões aumentaram 41%. Porque mesmo tendo um avanço extraordinário, está se produzindo e consumindo muito mais.”
Ricardo Abramovay – O Estado de S.Paulo, 11/06/2012

“O autêntico cristão não vive de costas para o mundo nem encara o seu tempo com inquietação ou nostalgias do passado. O verdadeiro cristão não vive focado no retrovisor.”
Carlos Alberto Di Franco – O Estado de S.Paulo, 11/06/2012

“Estamos vivendo uma doença chamada o mal do excesso. Nos transformando em verdadeiros exterminadores do futuro.”
Marina Silva – O Estado de S.Paulo, 12/06/2012

“Não é possível esverdear o mundo instantaneamente, e, por algum tempo, será preciso conviver com alternativas que representam progressos consideráveis em relação ao passado condenado, mas que ainda estarão longe do ideal. Uma postura militante tem sido bloquear esses progressos, contrapondo alternativas idealistas que, embora válidas para um pequeno grupo, fogem por completo à realidade (aí se incluem desde a agroecologia até a agricultura orgânica, biológica e natural proposta). Outra postura militante é não aceitar, de forma efetiva, os novos valores que precisam ser assumidos e reagir com base em direitos de propriedade como se fossem absolutos e não condicionados às regras sociais. No caso dos alimentos, o grande desafio da Rio+20 é permitir o diálogo entre os “radicais” de ambos os lados, o que abrirá espaço para uma transição consistente para uma nova economia com capacidade de alimentar o mundo.”
Antonio M. Buainain – O Estado de S.Paulo, 12/06/2012