“O valor do indivíduo passou a ser medido, numa escala maior do que outras, por aquilo que ele tem. O mérito da pessoa é avaliado hoje de uma maneira muito mais superficial, por aquilo que pode ser mostrado. E o consumo é a moeda forte nesse mercado. […] É importante lembrar que existem outras possibilidades e valores que podem e devem ser trabalhados com os filhos. Senão, corremos o risco de criar adultos insuportáveis. As escolhas profissionais, pessoais, pessoais, amorosas podem vir influenciadas exclusivamente por esse viés consumista e individualista. A vida emocional pode ficar ainda mais solitária, pragmática e chata. Esse futuro é seu sonho de consumo?”
Jairo Bouer, Revista Época – 26/03/2012

“A civilização contemporânea vive a explosiva combinação de evolução tecnológica rápida e evolução ética e social lenta.”
Ricardo Abramovay – Folha de S.Paulo, 27/03/2012

“Precisam considerar que o imenso valor que estamos dedicando ao consumo tem servido para que os mais novos criem preconceitos e estereótipos que servem para excluir, segregar, desprezar seus pares. E antes que você pense que seu filho pode ser alvo ou vítima dessa situação, considere principalmente que ele pode ser um agente dela. Lembre-se que seu filho vive neste mundo que o bombardeia com informações que o direcionam a fazer isso. ‘Quer ser popular? Compre tal objeto.’ ‘Quer ser convidado para todas as festas? Use tal roupa.’ ‘Quer ter sucesso? Tenha tal carro’. Frases desse tipo repetidas como mantras colam em seu filho. Por isso, você terá de fazer mais por ele. Uma boa atitude pode ser a de analisar criticamente as propagandas bonitas, vistosas e bem-humoradas que seduzem seu filho. Com sua ajuda, seu filho pode entender que a única coisa verdadeira nesse tipo de propaganda é o objetivo de vender.”
Rosely Sayão – Folha de S.Paulo, 27/03/2012

“Antes havia debates para ver quem tinha razão. Hoje, todos têm razão e ai daquele que criticar tendências em nome de critérios e paradigmas seculares da arte. A inteligência foi substituída pela sacralização da irrelevância massificada; a própria ideia de “estética” é considerada por muitos como individualismo neoconservador, autoritário, produzindo parâmetros repressivos. A libertação da tutela dos chamados ‘maîtres à penser’, dos seres que nos guiavam orgulhosamente para algum Sentido foi uma coisa boa, mas abriu as portas para um vale-tudo formal que desqualifica qualquer tentativa de crítica literária, vista como um ataque contra a liberdade da estupidez. Claro que é bem-vinda a esfuziante aparição de milhares de criadores, dos blogueiros dos twiteiros, dos hipertextos da época pós pós; claro que algum dia isso vai dar em novos valores de ‘qualidade’, de ‘importância’, destilados dos alambiques da internet. Estamos numa fase da exaltação da ‘quantidade’, como se a profusão de temas e criações substituíssem a velha categoria da ‘qualidade’. Essa nova era nos ensinou que não chegaremos a nenhum destino definitivo, mas alguns parâmetros de valor estético terão de ser recolocados na literatura. Em geral, as diagnoses sobre as mutações a que assistimos hoje em dia se dividem ou em lamentos por um passado de ilusões perdidas ou em euforia por um admirável mundo novo em que todos sejam autores e leitores, nessa democracia da falta de critérios.”
Arnaldo Jabor – O Estado de S. Paulo, 27/03/2012

“O número de brasileiros que diz ter lido pelo menos um livro em um período de três meses diminuiu em relação a 2007, segundo a pesquisa “Retratos da Leitura no Brasil”, feita pelo Ibope Inteligência com o Instituto Pró-Livro. Em 2007, eles eram 55% da população (ou 95,6 milhões de pessoas). No resultado apresentado ontem em Brasília, o índice caiu para 50% da população (88,2 milhões). O número de livros lidos por ano, que inclui as obras indicadas pelas escolas, também caiu -de 4,7 por pessoa em 2007 para 4 em 2011. O MinC incluiu no Plano Nacional de Cultura a meta de que, até 2020, os brasileiros leiam quatro livros por ano fora do aprendizado formal.”
Nádia Guerlenda – Folha de S.Paulo, 29/03/2012

“O juiz prende, decide a vida de famílias e de empresas. Veste roupas talares, cheias de renda, se sente Deus. É uma doença profissional. Todos nós, magistrados, precisamos tratar esse resquício que fica na alma com ajuda psicológica.”
Eliana Calmon, 67, Revista Claudia – março de 2012

“Eu não acredito em one man show. O que funciona é uma equipe integrada e motivada trabalhando dentro dos objetivos e estratégias que são definidos, planejados e controlados. Esta é a base da ação desenvolvida sob a minha gestão na Embraer.”
Maurício Botelho, Harvard Business Review – março de 2012

“Eu não conseguiria viver assim, com esse séquito. Esse é o perigo da fama: uma hora você acredita que é especial. Aí você dança.”
Rodrigo Santoro, ator, Revista Alfa – março de 2012

“São inúmeras as agências financeiras que regularmente publicam informes sobre quem é mais rico, como vivem os ricos, de que forma investem ou gastam seu dinheiro. O Credit Suisse publica, anualmente, análise da distribuição da riqueza no mundo. Calcula que a metade da população adulta retém apenas 1% da riqueza global. E 67,6% da população adulta (3 bilhões de pessoas) sobrevivem com 3,3% da riqueza global. No vértice da pirâmide, os 10% mais ricos abocanham 84% da riqueza global, e 0,5% – os mais ricos – é dono de 38,5% da riqueza global. […] Na Índia, o país de maior número de famintos, o cidadão mais rico construiu, para residir com sua família, um prédio de 27 andares com três heliportos… Os mais ricos entre os ricos já não temem ostentar seus luxos, como é o caso, no Brasil, de Eike Batista e daquelas figuras esdrúxulas do programa Mulheres ricas, da Band. E o mais grave: suscitam inveja e admiração, e incutem em muitos a acumulação de riqueza como ideal de vida.”
Frei Betto, Revista Caros Amigos – março de 2012