“O programa El Sistema absorve milhares de jovens venezuelanos, oferecendo uma intensa formação musical como antídoto para os males da pobreza, uma realidade apesar da riqueza petrolífera da Venezuela. Segundo José Antonio Abreu, o programa funciona contra a violência. ‘Quando nos apresentamos no exterior, somos mensageiros da paz, mas também da justiça social’, afirmou. A violência é um problema global, disse. ‘Orquestras e corais são instrumentos incrivelmente eficazes contra a violência’, afirmou. […] ‘Tenho dedicado todos os meus esforços para que os mais pobres, os mais excluídos, tenham acesso à educação musical’, acrescentou. […] Abreu, 73, é formado em teclado e composição e estudou regência. Seguiu uma carreira paralela como economista e foi parlamentar, consultor econômico e ministro da Cultura em governos anteriores do país. É solteiro e leva uma vista ascética. Se descreve como um católico devoto, “um sacerdote, um humilde servo de Jesus Cristo”, que aspira a ser ‘um servo ideal, nobre e invencível de Deus’.”
Daniel J. Wakin – Folha de S.Paulo, 19/03/2012

“Os jovens têm vida de gente grande desde o início da adolescência. Vida social, pelo menos. Mas será que na vida pessoal eles amadurecem? Temos indícios de que não. Depois de conversar com vários jovens dessa idade, constatei um ponto interessante: os jovens manifestam uma dificuldade de dialogar com os adultos. Eles falam com os adultos: expõem suas polêmicas opiniões a respeito dos assuntos em pauta, têm sempre bons argumentos para convencer os mais velhos a aceitarem seus pedidos, sabem comunicar o que querem. Entretanto, em situações de conflito, principalmente quando essas envolvem algum aspecto de suas vidas, não sabem como se comportar, não conseguem enfrentar a situação, perdem toda a segurança que tentam mostrar que têm.”
Rosely Sayão – Folha de S.Paulo, 20/03/2012

“O racismo, longe de ser uma patologia, parece-me um problema essencialmente ético -a atitude de considerar inferior quem se encara como diferente.”
João Pereira Coutinho – Folha de S.Paulo, 20/03/2012

“O Brasil é o país em que os blogs são mais acessados pelos usuários de internet no mundo. A conclusão é de um estudo apresentado ontem pela consultoria comScore, que analisou hábitos e tendências de usuários da internet em 44 mercados. Segundo o relatório, 95,9% do total de visitantes brasileiros acessaram algum blog em dezembro de 2011, o maior percentual entre os países analisados pela consultoria. A média mundial é de 58,9%. Redes sociais, sites de compras coletivas e de envio de mensagens instantâneas são outras categorias em que o acesso dos brasileiros superou a média de outros países. Em 2011, o Brasil ultrapassou a França e se tornou o sétimo maior mercado de internet do mundo, com 46,3 milhões de acessos de computadores em casa ou no trabalho. O número não considera acessos de locais públicos -LAN houses e bibliotecas. Os brasileiros ficaram 26,7 horas conectados em dezembro, a quinta maior média mundial. Só americanos, britânicos, sul-coreanos e franceses superam essa marca. Segundo o relatório, quase um quarto do tempo (23%) foi gasto em redes sociais, com o Facebook agora à frente. Em 2010, 16% do tempo era dedicado às redes sociais. O Brasil é o mercado em que a rede criada por Mark Zuckerberg teve o seu segundo maior crescimento em 2011, de 187%, só perdendo para o Vietnã, onde o serviço se expandiu 198% no período. Cada brasileiro gastou 4,8 horas no site em dezembro.”
Marianna Aragão – Folha de S.Paulo, 22/03/2012

“Hoje, 884 milhões de pessoas no mundo não têm acesso a água potável segura e 2,6 bilhões de pessoas (40% da população mundial) não têm acesso a saneamento básico. Portanto, temos um longo caminho para colocar a resolução da ONU em prática. No Brasil, há uma boa cobertura de distribuição de água tratada. Em relação ao saneamento, no entanto, os números são vergonhosos. Apenas 44,5% da população estão conectados a redes de esgoto -do esgoto coletado, somente 38% é tratado. Isso significa que menos de 20% da população têm acesso a esgoto tratado, o que implica no lançamento de grandes quantidades de material orgânico em nossos rios e no mar, no caso das cidades litorâneas.”
Marina Silva – Folha de S.Paulo, 23/03/2012

“Para navegar em meio as ambiguidades sociais, acabamos desenvolvendo nosso senso moral. Jonathan Haidt sugere que ele pode ser decomposto em seis sentimentos básicos: proteção, justiça, lealdade, autoridade, pureza e liberdade, que constituiriam uma espécie de tabela periódica do instinto moral. O mapa ético de cada indivíduo seria uma combinação de diferentes proporções desses ‘ingredientes’.”
Hélio Schwartsman – Folha de S.Paulo, 23/03/2012

“O câncer infantil representa hoje a segunda causa de mortalidade entre crianças e adolescentes de até 19 anos no Brasil-só perde para acidentes e violência. São 11 mil casos novos por ano, com taxas de 70% de cura, em média. As neoplasias mais frequentes na infância são as leucemias (glóbulos brancos), tumores do sistema nervoso central e linfomas (sistema linfático).”
Cláudia Collucci – Folha de S.Paulo, 24/03/2012

“A verdade é que os membros de nossa espécie, aí incluídos os especialistas, temos dificuldades terríveis para sermos objetivos. Quem evidencia isso muito bem é Paul Slovic, em suas investigações na ‘heurística do afeto’. O nome é complicado, mas a ideia por trás dele não: as pessoas tomam decisões consultando mais suas emoções do que dados e cálculos racionais.”
Hélio Schwartsman – Folha de S.Paulo, 24/03/2012

“Se me emocionasse fazendo um discurso e ficasse com olhos cheios d’água, era porque eu era histérica, não sabia controlar as emoções. Já meu antecessor, era um ‘homem muito sensível’. Eu sempre era a gorda malvestida. E os homens mais cheinhos, eram os fortes, poderosos. Quando entrei para o governo, uma das coisas que mais me impressionou foi um artigo de uma revista feminina dizendo; ‘Inacreditável: a presidente do Chile usou o mesmo vestido duas vezes na mesma semana’. […] O que mais me faz chorar é a injustiça. Ver uma mulher ou uma criança serem maltratadas me destrói. É indescritível minha sensação de impotência ao ver que mesmo a sociedade tendo evoluído tanto, ainda morrem de fome 12 crianças por minuto… isso é horrível.”
Michelle Bachelet, 61, diretor executiva da ONU Mulheres, ex-presidente do Chile, Revisa Marie Claire – março de 2012