“A falta de mão de obra qualificada é um assunto amplamente debatido. Muitas propostas de novos cursos profissionalizantes foram ouvidas nos últimos meses, mas o fato é que as vagas para cursos relacionados às ciências exatas como matemática, física e engenharia não são preenchidas. Além do mais, a taxa de abandono desses cursos é extremamente elevada.

De acordo com o relatório do Observatório Softex, publicado em 2008, a oferta de vagas em cursos superiores de tecnologia da informação era menor que 349 mil, sendo que o total de candidatos que concorreram a essas vagas foi de 568 mil, ou seja, não chegou a dois candidatos por vaga. Mas o problema não para aí, pois apenas 166 mil iniciaram os cursos e o número de formandos nesse mesmo ano foi de pouco mais de 56 mil profissionais.

Essa tendência é generalizada para os outros cursos de exatas. Em contrapartida, o número de candidatos por vaga para os cursos de humanas e biológicas é muito grande.

Vejam o exemplo da Fuvest 2010: enquanto tínhamos mais de 10 mil candidatos disputando as 560 vagas de Direito, ou 11,5 mil concorrendo para as 275 vagas em Medicina, eram apenas 331 disputando as 40 vagas de Informática e 147 para as 40 cadeiras em Informática Biomédica.

O reflexo dessa equação já pode ser observado na sociedade. Muitos médicos, administradores e advogados não conseguem empregos em suas áreas de especialidade. Por outro lado, faltam engenheiros e especialistas em tecnologia da informação. Há um desequilíbrio entre oferta e demanda de mão de obra nos diversos setores. […]

Qual a necessidade de profissionais em cada setor e em cada região? Será que a oferta de cursos esta adequada às necessidades de crescimento do país? Existirá emprego para todos os formandos? Essas questões são fundamentais para um correto equacionamento do caso. […]

Aparentemente, o nosso jovem se desinteressa por matemática, em algum momento do ensino fundamental, e essa é a disciplina básica para seguir nessas carreiras. Pior do que se desinteressar, ele passa a ‘fugir’ dessa disciplina, ter cada vez mais dificuldade e, consequentemente, buscar cursos que passem longe do tema.

Os professores dos cursos superiores de exatas reclama que recebem os aluno sem condições de acompanhar as disciplinas, o que causa uma evasão de mais de 50% nesses cursos.

Como rever a estrutura do ensino fundamental e gerar um maior interesse por ciências exatas? Como melhorar a qualidade do ensino fundamental e médio? Como orientar o jovem na escolha correta da sua profissão?”

Edson Luiz Pereira, gerente de parcerias educacionais da IBM, – O Estado de S.Paulo – 14/11/2010

 

“Pesquisa do Sebrae-SP identificou uma tendência no perfil de quem abre um negócio no País. De acordo com o estudo, o novo empreendedor está cada vez mais jovem, com escolaridade mais alta e atuando no setor de serviços.

Cerca de três quartos dos novos empreendedores têm entre 25 e 49 anos. Paralelamente, o porcentual de empresários que cursou, no mínimo, o ensino médio saltou de 64% entre 1995 e 1999 para 79% entre 2003 e 2007. E dentre os setores da economia, o de serviços foi o que mais cresceu nos últimos anos: representava 27% das empresas abertas em 1999 contra 38% iniciadas em 2007.”

 O Estado de S.Paulo – 14/11/2010