“É mais fácil para os mais jovens conseguir esmolas. Quanto mais garotos e garotas num mesmo grupo, mais dinheiro arrecadado. Tudo isso, sem o “aborrecimento” de adultos por perto. Mais: em muitos casos, pais e mães não se importam com a saída dos filhos. Pelo contrário. Ganham uma preocupação a menos. Não há estatísticas, não há projeções. Mas há a realidade. O fenômeno é perceptível por toda Porto Príncipe, e preocupa o governo do Haiti.

‘Começamos a perceber há quatro meses… Tendas, nos acampamentos, em que só vivem jovens. Toda manhã, eles se juntam e saem às ruas, pois sabem que podem conseguir comida e dinheiro mais facilmente’, conta à Folha Witchner Orméus, diretor de Juventude e Integração do Ministério da Juventude, Esportes e Ação Civil.
“No cenário dos acampamentos, as vozes dos pais não funcionam mais”, diz.
O ministério já imagina o próximo problema. ‘Esperamos um ‘baby boom’ para daqui a alguns meses. E isso será decisivo para a vida desses jovens, porque uma menina que tem um bebê dificilmente voltará para o banco da escola. O governo não pode fazer muita coisa’, afirma Orméus. O alto número de órfãos é outra preocupação.”

Fábio Seixas, Folha de S.Paulo, 01/11/2010

 

“A mídia (TV, cinema, rádio, jornais, publicidade) deve ser absolutamente livre. Deve ter seus próprios mecanismos de autorregulação e jamais ser objeto de “fiscalização externa” (que será sempre ideológica, mesmo que contem historinhas de fadas para dizer que não é).

As melhores intenções neste caso serão sempre criminosas a serviço do “mal”. Mídia boa é mídia incômoda. Para além de qualquer crítica que se possa fazer à mídia, ela é a principal arma contra sistemas totalitários que amam a burrice pública da unanimidade.”

Luiz Felipe Pondé, Folha de S.Paulo, 01/11/2010