“Quem não gosta de arte bom sujeito não é. A doença em geral é a falta de educação. O contato com as artes deveria ser obrigatório no ensino primário.”

Domingos Oliveira, cineasta, Folha de S.Paulo – 20/10/2010

 

“Muito se diz a respeito da emblemática idade dos 40 anos. Se a vida começa ou não na quarta década, é certo que termine cada vez mais longe dela. […]O mundo vem envelhecendo, e a notícia não é exatamente nova. […] Muitas empresas ainda resistem à contratação de profissionais maduros enquanto organizam simpósios e palestras para tentar compreender as crianças mimadas e inseguras que rotulam de geração Z. […]Em um mundo de trabalhadores cada vez mais velhos, que se orgulham de estar ativos até além dos 80, a conta simplesmente não fecha. Do outro lado da portaria, a situação não é exatamente confortável. Mesmo com salários e benefícios, o contingente de executivos cada vez mais novos e inexperientes, pressionados pelo excesso de competitividade, cresce a cada instante. Os médicos de empresas já não se surpreendem ao ver hipertensão, estafa e fadiga crônica em velhos de vinte e poucos.”

Luli Radfahrer, Folha de S.Paulo – 20/10/2010

 

“Quanto mais religiosa for uma sociedade, menor o terreno para a transigência.
A separação entre igreja e Estado não nasceu pronta da cabeça de algum filósofo iluminista – foi a solução que se encontrou depois de que guerras religiosas entre católicos e protestantes ameaçaram dizimar, por mais de um século, países como Inglaterra, França e Alemanha. […]

A fé que eu gostaria de contestar, a esta altura da campanha eleitoral, é a fé nos marqueteiros e nas pesquisas de opinião. O maior obscurantismo não está na condenação ou na defesa do aborto. Está no fato de dois candidatos seguirem, como ovelhinhas, o que lhes recomenda a última estatística.
Convenhamos que nem Dilma nem Serra são pessoas religiosas. Que quando um comunga e a outra se persigna, estamos diante de um ritual que não engana ninguém. Serra e Dilma apoiam a lei vigente, que permite o aborto em casos específicos. Os dois, portanto, não são sempre contra o aborto; estão a léguas de distância dos eleitores que desejam conquistar. […] As pesquisas, acho que já escrevi isso, são o ópio dos candidatos. A inteligência do país inteiro fica embotada nesse processo.”

Marcelo Coelho, Folha de S.Paulo – 20/10/2010