“O poder sempre esteve baseado no controle e, às vezes, na manipulação da informação. O grau de autonomia das pessoas para se comunicar, informar e organizar suas próprias redes de sociabilidade é muito mais potente com a internet. Ela é a construção da autonomia da sociedade civil. Os governos sempre tiveram horror a isso. […]

A única maneira de controlar a internet é desconectá-la totalmente. E isso hoje em dia é um preço que nenhum país pode pagar porque, além de livre expressão, a rede é educação, economia, negócios… é a eletricidade de nossa sociedade. […]

Os poderosos vigiavam os demais porque tinham os meios e a capacidade de fazê-lo. Mas agora as pessoas também podem vigiar os poderosos. Qualquer jovem com um celular, se vê uma personalidade política fazendo algo inconveniente, pode imediatamente difundir a cena. Hoje os poderosos têm que se esconder, sua vida é mais transparente, mas não há um controle, apenas vigilância. […]

O Brasil segue uma dinâmica assistencialista em que da política se esperam subsídios e favores, mais do que políticas. […] A renovação do sistema político exige que as pessoas queiram uma mudança, e isso normalmente ocorre quando existem crises. A internet serve para amplificar e articular movimentos autônomos da sociedade. Ora, se essa sociedade não quer mudar, a internet servirá para que não mude.”

Manuel Castells, 68 anos, sociólogo espanhol, Folha de S.Paulo – 21/09/2010

“A maioria dos usuários de internet da classe C pesquisados pela consultoria TNS Research utiliza a web diariamente e fica até quatro horas conectado. Segundo o levantamento que foi realizado com 500 pessoas – sendo metade da classe C – 71% dos entrevistados utilizam a internet diariamente, percentual equivalente ao das classes A e B (74%). A maioria dos internautas (65%) fica conectada de uma a quatro horas por dia, enquanto 21% navegam por mais de seus horas. Na divisão por idade, a maioria (68%) dos usuários tem entre 18 a 24 anos. Mais da metade (52%) é mulher, perfil semlehante ao das classes A e B.”

Camila Fusco, Folha de S.Paulo – 21/09/2010