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A vida e as pausas necessárias

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Em tempos de excessos, onde o estresse e a agitação ganham proporções não bem digeridas pelo nosso organismo, necessitamos lembrar motivos para parar, pequenas pausas, um pouco de sossego.

A pausa na vida é importante, pois pode ser um espaço para repensar a vida, para sonhar e/ou lembrar dos sonhos e tomar um fôlego.

É interessante ver no início da Bíblia, o registro da criação. Deus cria, vê e acha bom. Completa sua criação com o ser humano e aí acha muito bom. Ao terminar, descansa, santifica e abençoa o sétimo dia. Ou seja, observarmos esse eixo é fundamental para nossa saúde e equilíbrio na existência: criação – contemplação – contentamento e celebração.

“A sabedoria, como uma herança, é coisa boa, e beneficia aqueles que veem o sol” (Ec 7.11).

Em geral, entendemos do muito fazer, gente esforçada, gente cansada. No entanto, qual nosso potencial inato? Quando refletimos sobre se o que fazemos tem a ver com nossa vocação? Temos vivido segundo nossas próprias vocações?

É comum compensarmos nossas frustrações, dores e inseguranças com ilusões, prazeres estéticos e acumulação ostentosa de bem materiais. Mas isso tudo se mostra incapaz de satisfazer nossas necessidades de introspecção e de amor. São muitos os que correm atrás do vento, se matam por aquilo que é efêmero.

Como responderíamos à pergunta “quais são seus grandes inimigos internos hoje?”. Do que tenho visto, cansaço e solidão são fortes candidatos a estarem no topo da lista de respostas. E ambos têm a ver com a falta de interrupção no ritmo alucinante. Falta de pausas – pausa para descansar e pausa para investir em relacionamentos.

Pausa para descansar incluir descobrir mais o sabor da vida. E a gente confunde saborear com gula.

Sabe refeições que a gente não desfruta, apenas engole? A gente faz isso com a alimento para o corpo, mas também faz isso com o alimento para a alma. Na vida tem “menu degustação” e tem um menu próprio que é uma espécie de rodízio, onde você tenta comer de tudo um pouco, se empanturra até passar mal e só sentiu um pouco de sabor no começo, de resto, foi só hábito de colocar comida para dentro. “Ah, já que estou pagando deixa eu aproveitar tudo” – isso é raciocínio de gente miserável, que desconfia que o mundo vai acabar com a falta de comida, então, tem que aproveitar tudo naquele momento. E aproveita? Não.

Vivemos uma vida adaptativa ou uma vida criativa?

Ao invés de repensarmos o mundo que vivemos, a maioria apenas adere e adapta-se ao vigente, preferindo apenas dar sua cota de sacrifício, considerando sublime perecer em troca de um enriquecimento que o credencia no rol dos poderosos, assim respeitáveis. Correr atrás do vento como estilo de vida. Lembremos novamente Eclesiastes: “Melhor é ter um punhado com tranquilidade do que dois punhados à custa de muito esforço e de correr atrás do vento” (Ec 4.6).

O trabalho para muitos é sobrevivência, para outros é dever, e ainda, desgosto. O mantra que empurra a muitos é: “o homem que não trabalha, ou que adia, não enche o seu celeiro”. E assim, vive-se a fase de frenético desenvolvimento material. Dessa maneira, seu mundo particular vê-se atormentado pelo pragmatismo onde tudo se transforma em business e lucros. Nesse contexto cresce também o número de profissionais que vivem ao sabor do desamparo do mercado. Trata-se de um cuide-se quem puder!

Cabe perguntar quais as mudanças sociais que você identifica? Não se trata de saber se você passou da classe C para a classe A; nem se em sua opinião a economia do Brasil melhorou ou piorou; mas, que efeitos as mudanças do século XXI atingem sutil ou escancaradamente seu viver? Como seu estilo de vida foi alterado? Sem pausas não nos damos conta, apenas assimilamos e implementamos em nosso jeito de funcionar.

As novas tecnologias da informática desestruturaram o tempo e o espaço das ações e relações humanas. E quando paramos para observar e entender melhor isso tudo?

Hoje somos todos um pouco ou mais escravos das máquinas. Não nos importamos? Qual o limite?

Já nem conseguimos nomear e enumerar os infinitos absurdos organizacionais que nos angustiam no trabalho.

Nosso modelo de trabalho acaba centrado na idolatria e competitividade ao invés de ser exercício de vocação e serviço. E pouco nos incomodamos. Mais uma vez Eclesiastes: “Descobri que não há nada melhor para o ser humano do que ser feliz e praticar o bem enquanto vive”, o que também nos remete para Efésios: “Somos criação de Deus realizada em Cristo Jesus para fazermos boas obras, as quais Deus preparou antes para nós as praticarmos” (Ef 2.10). Como seres vocacionados para o bem vivem no automático das funções com pouco ou nenhum sentido?

Seria possível passarmos de um ser frenético para um ser humano? Lembremos: hiperatividade adoece. A vida frenética nos coloca numa rota mortífera. Pausas podem nos ajudar a ouvir o alarme soar, enxergar a placa de perigo.

Você faz mais coisas com as mãos ou com o cérebro? Se vocês responde que é com o cérebro, então, precisa descansar, aliviar o cérebro, pois, ele pode não te deixar dormir bem enquanto estiver sobrecarregado. Ou apagão ou desmedida pressão – de qualquer forma você é detonado quando anda acima do limite por muito tempo. Não abuse, apenas use. Use criativamente. Mas quem de nós cultiva o ócio criativo?

Temos investido em inovação existencial? Não se trata da novidade pela novidade, tem gente que muda o superficial, mas carrega sempre o velho dentro de si. Permanece sem renovação. A pergunta seria: onde você reconhece criatividade em sua vida? Ou mesmo, quanto de seu trabalho esculpe sua identidade?

O trabalho se tornou tão central que a vida se adaptou a ele e não o trabalho à vida. A programação do ano, as férias, as compras, os compromissos, tudo depende do trabalho. Não há um certo exagero? Por que demos todo esse espaço a ele? Enfim, seu trabalho harmoniza com seu sentido da vida?

O trabalho para muitos é um tédio necessário. E muitos se acomodam nisso. Thomas Merton diz que “se Deus é bom e se a minha inteligência é uma dádiva Sua, o meu dever é mostrar, pela inteligência, a minha confiança na Sua bondade. Devo deixar a fé elevar, curar e transformar a luz da minha mente”.

Considerar o princípio sabático é uma maneira de refletir sobre nossa atitude diante da vida. Averiguarmos quanto e como se é afetado por tudo que nos circunda. Refletirmos sobre o que adoça a vida ou afoga a angústia. Afinal, de que adianta ter tudo e não saber quem se é?

Tem gente que funciona, mas não sabe quem se é. Entende do fazer, mas não do ser. Hoje, cabe a pergunta: o que nos é mais familiar do que o fazer compulsivo?

Nós temos desejos e não gostamos da espera. Cada dia mais impacientes. E a pausa, silenciosa pausa, pode nos ensinar sobre esperar, sobre ter esperança, sobre nutrir paciência.

Nós que vivemos na era do descartável, vivemos com respostas prontas: Deu problema? Troca por outro. É assim com funcionários, amigos, namoradas, maridos e esposas. Somos seduzidos pela reposição instantânea. E desse jeito, vamos perdendo, cada vez ficamos mais distantes das noções de construção, processo, trabalho de elaboração.

Há alguma expectativa de vida que não seja apenas mais longa, mas também mais sadia? Novamente Eclesiastes: “Afaste do coração a ansiedade e acabe com o sofrimento do seu corpo, pois a juventude e o vigor são passageiros” (Ec 11.10).

O ato criativo precisa de pausas. A vida criativa exige quebras de rotina. A vida com Deus exige silêncio.

Tendemos mais a reproduzir e repetir, do que pensar e criar. Onde tudo é muito ligeiro, aumenta a probabilidade de ser tudo rasteiro.

Precisamos de lugar de introspecção. Precisamos de espaço interior para elaborar a existência. Pequenas pausas no dia, que seja, já ajudam. E precisamos de um dia de descanso, uma pausa maior na semana. Eis aí um bom ritmo.

Sem conscientes pausas nós confundimos lixo com luxo. Vamos ficando cada vez mais sem filtros. Perigoso, pois, há um espetáculo hipnotizante de coisas, engenhocas tecnológicas, engodos autodestrutivos que vão se alastrando, ganhando espaços e tempo nosso como se isso fosse vida. Quando não passa de ilusão alienante.

Sinta-se convocado a perceber-se responsável pela administração de seu tempo. Chega de ser engolido. A vida é mais do que entretenimento.

Seres vocacionados não precisam desperdiçar a vida com o vento.

Pausas ajudam a não vivermos divididos entre pertencer a Deus e pertencer a coisas.

Lembremos que a oração, um tempo devocional, e até mesmo um bom encontro em grupos pequenos, podem contribuir para pausas estratégicas no viver. Claro, incluir atividades físicas também é importante, assim como, pausar para ver a natureza, ouvir uma música com calma, etc.

Nós precisamos de pausas que quebram a rotina, suspendem a agitação. Necessitamos de pausas a fim de pensar o que se traz, o que se leva e o que se carrega (exercícios de reconhecimento); pausas para partilhar e confessar, a fim de encontrar suporte tão necessário ao existir.

A pausa pode ser um espaço de rever o sentido, de olhar para a criação e contemplar, saborear o que foi criado; enfim, adorar o Criador e agradecer a criatividade que nos é dada. Aproveite.

45ª semana de 2013

“Como mostrou o psicólogo Irving Janis, o desejo de manter a coesão e a harmonia do grupo faz com que seus membros tentem agir sempre em bloco e de maneira às vezes patológica. Uma série de experimentos sugere que juntar muitas pessoas que pensam de forma parecida, numa sala ou na rede de computadores, resulta em maior polarização (radicalização das ideias), mais animosidade (sensação de onipotência em relação a outros grupos) e conformidade (supressão de dissensos internos).”

Hélio Schwartsman, Folha de S.Paulo – 03/11/2013

 

“Confiamos nas pessoas ao redor para nos ajudar a lembrar os detalhes da vida desde sempre. Sabemos mais ou menos em que somos ruins em lembrar e no que nossos amigos, mulheres e maridos são bons. Até inconscientemente. Eu sei que minha mulher é melhor com datas. Ela sabe que sou bom para lembrar onde ficam as coisas na casa. Nós armazenamos um volume grande de dados fora de nós, dentro de outras pessoas. E aprendemos que, coletivamente, chegamos a melhores lembranças, análises e soluções.”

Clive Thompson, Folha de S.Paulo – 04/11/2013

 

“Aprender algo novo é sempre difícil, por mais que a pessoa queira ou goste. Para aprender, é preciso reconhecer a própria ignorância, e isso tem sido cada vez mais difícil no nosso mundo.”

Rosely Sayão, Folha de S.Paulo – 05/11/2013

 

“Há pouco lugar para a tristeza. E a exaltação e excitação são confundidas com felicidade. Vivemos de uma forma mais estimulante, na qual emoções mais depressivas, reflexivas, não têm espaço.”

Regina Elisabeth Lordello Coimbra, Folha de S.Paulo – 05/11/2013

 

“Quando dizem que uma criança tem TDAH, penso: será que isso está certo? É mais cômodo dar remédio do que fazer terapia, mudar o comportamento. As crianças são nosso espelho. Será que a agitação delas não é culpa nossa?”

Kátia Christina Fonseca da Silva, Folha de S.Paulo – 05/11/2013

 

“O papa está lançando a igreja a uma agitação, no bom sentido, como não se vê há séculos.”

Clóvis Rossi, Folha de S.Paulo – 05/11/2013

 

“Os cem mais ricos do mundo incrementaram suas fortunas em US$ 200 bilhões entre 2012 e 2013, chegando a um total de US$ 2,1 trilhões, de acordo com a Bloomberg. O maior aumento foi de Mark Zuckerberg (Facebook), que dobrou sua fortuna de 1º de janeiro a 30 de setembro, para US$ 24,5 bilhões.”

Folha de S.Paulo – 06/11/2013

 

“É provável que as visitas aos cemitérios se tornem cada vez mais raras. Além de um túmulo concreto, muitos já erigem monumentos virtuais para seus entes queridos, e visitar os mortos, no futuro, talvez signifique passear por um lugar virtual: rever fotos e textos, lembrar-se e deixar um pensamento (há sites para isso, cemitérios virtuais –peoplememory.com, por exemplo).”

Contardo Calligaris, Folha de S.Paulo – 07/11/2013

 

“O trabalho é a principal atividade na sociedade contemporânea. Ele nos fornece o sustento material e a possibilidade de massagear o ego. A maioria de nós precisa estar bem no trabalho para estar bem na vida. Qual o motivo de termos tanta gente decepcionada com o trabalho no mundo corporativo? O problema começa quando nos damos conta de que dentro das empresas as pessoas são meros recursos. Como recursos, estão lá para satisfazer o interesse de acionista, ou seja, a maximização do lucro.”

Rafael Alcadipani, Você S/A – novembro de 2013

40ª semana de 2013

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“Não é a ciência que cria o bem ou o mal. A ciência cria conhecimento. Quem cria o bem ou o mal somos nós, a partir das escolhas que fazemos.”

Marcelo Gleiser, Folha de S.Paulo – 29/09/2013

  “Se você quiser ser um ser humano verdadeiramente livre – ir aonde você quiser, encontrar quem você quiser -, você precisa de uma estrutura muito rígida de ordem pública, de boas maneiras. Sem isso, nossa liberdade é sem sentido. Liberdade e ordem andam juntas.”

Slavoj Zizek, Folha de S.Paulo – 29/09/2013

  “Um dos méritos da arte moderna e contemporânea foi relativizar e ampliar a ideia de belo. Platão já questionava como era possível, para um escultor, esculpir belamente um homem feio. Seriam belas esculturas. Por que não posso considerar que algo emocionante ou estranho também seja tido como arte? E por que não posso chamar de belo aquilo que me faz revisitar o conceito do que seja belo?”

Noemi Jaffe, Folha de S.Paulo – 29/09/2013

  “Quando você fica longe do seu lugar, às vezes sua literatura esmorece.”

Milton Hatoum, Folha de S.Paulo – 29/09/2013

  “O mercado espera dos profissionais, além de uma lista sem fim de competências técnicas e comportamentais, muitas vezes incompatíveis com a função que a pessoa desempenha, também certa disposição para enfrentar as situações organizacionais como se estivesse em uma guerra.”

Adriana Gomes, Folha de S.Paulo – 29/09/2013

  “O maior pecado de ‘Cinquenta Tons’ é que ele vende uma fantasia: o homem ideal.”

Luiz Felipe Pondé, Folha de S.Paulo – 30/09/2013

  “É assim a inquietação: ou você nasce com ela ou não. E, se nasceu, vai passar a vida inteira com uma pressão no peito e outra na alma, querendo entender a vida e não entendendo direito, trocando sempre de casa, de objetivo e de analista, sem nunca chegar a uma conclusão. Um inquieto não tem sossego.”

Danuza Leão – Claudia – setembro de 2013

  “Sem a capacidade de não se deixar dominar pela emoção, não há como vencer o medo.”

Suzana Herculano-Houzel, Folha de S.Paulo – 01/10/2013

  “Haverá coisa mais triste do que uma existência inteiramente dedicada ao trabalho? Sobretudo a um trabalho que nos escraviza e desumaniza?”

João Pereira Coutinho, Folha de S.Paulo – 01/10/2013

  “O país merece tratar igualmente bem o pobre e o poderoso.”

Francisco Daudt, Folha de S.Paulo – 02/10/2013

  “A infância se compõe de familiaridade e descoberta. Tudo é novo, mas não há nada mais forte do que a rotina, a sensação de que nada, nunca, irá mudar.”

Marcelo Coelho, Folha de S.Paulo – 02/10/2013

  “O mercado começou a valorizar formações menos ortodoxas e a prestar atenção nessa geração conectada e capaz de aprender por si mesma.”

Becky Cantieri – Veja – 02/10/2013

“Ao mesmo tempo que redes sociais, notadamente o Facebook e o Twitter, são apresentadas como importantes ferramentas para o ativismo social e político, estudiosos apontam para o incremento da sensação de solidão e um aumento de polarização ideológica, com a tendência de os usuários dialogarem com indivíduos de posição política e comportamental similares às suas, e criticam a ideia de que essas plataformas, por sua natureza, exporiam os usuários a uma quantidade anteriormente inimaginável de pontos de vista.”

Eduardo Graça – Carta Capital – 02/10/2013

  “O papa Francisco não quer apenas que se saiba do seu propósito de reformar a Cúria e o Vaticano -cristianizá-los, é isso-, quer também que se saiba por que deseja fazê-lo. E tem a coragem de dizê-lo com franqueza estonteante. ‘A corte é a lepra do papado’ – que irado ateu ousou, nos últimos séculos, uma definição assim dura e crua sobre os ‘cortesãos vaticanocêntiricos’? Estamos, pode-se admitir, diante de um fenômeno, na acepção mais límpida da palavra. Testemunhá-lo será um privilégio histórico.”

Janio de Freitas, Folha de S.Paulo – 03/10/2013

“O papa Francisco, recentemente, lembrou que a Igreja Católica não deve se esquecer que ela tem, antes de mais nada, missões positivas – de obras e de fé.”

Contardo Calligaris, Folha de S.Paulo – 03/10/2013

52ª semana de 2012

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“O medo, no ambiente de trabalho, possui potenciais consequências negativas ao bem-estar dos colaboradores e para os resultados da empresa. Modelos de gestão baseados no medo devem ser utilizados de acordo com a função biológica desse sentimento: em situações de perigo e emergência, nas quais outras alternativas não são viáveis. Nesses casos, podem ser muito úteis. No entanto, é preciso notar que bem-estar e produtividade são elementos que possuem direta correlação. Colaboradores infelizes e estressados produzem menos e entregam resultados abaixo de seus verdadeiros potenciais.”
Pedro Calabrez Furtado, “O Estado de S.Paulo” – 23/12/2012

“O aumento da escolaridade foi acompanhado de queda da desigualdade de renda no Brasil nos últimos anos. Essas tendências têm uma relação forte de causa e efeito. O maior acesso à educação explica fatia importante da redução na distância entre ricos e pobres no país. […] Embora tenha aumentado nas últimas duas décadas, a escolaridade no Brasil permanece baixa em comparação com a de outros países. Os adultos brasileiros têm, em média, pouco mais de sete anos de estudo, contra mais de nove anos na Argentina, quase dez no Chile e mais de 12 nos EUA. Segundo o economista Ricardo Paes de Barros, o país consegue, somente agora, sua primeira geração de adultos com cerca de 30 anos de idade e aproximadamente nove anos de estudo. No Chile, isso ocorreu em 1982 (com jovens nascidos em 1952). ‘Apesar do progresso que vem acontecendo no Brasil, nosso atraso educacional é enorme’, afirma Paes de Barros, que é secretário de Ações Estratégicas da Presidência da República. ‘É uma ameaça real, não porque o avanço educacional no Brasil seja lento, mas porque a tecnologia anda a uma velocidade ainda mais rápida, ou seja, precisamos acelerar ainda mais os progressos na área de educação’, diz Paes de Barros.”
Érica Fraga, “Folha de S.Paulo” – 23/12/2012

“Provamos, a cada vez que obtemos sucesso, que somos mesmo uma espécie única, capaz de grandes feitos quando trabalhamos juntos, seja por livre e espontânea vontade, e até sob condições violentas. A cada obra concluída o espírito humano se renova, orgulhoso com o que fez. Mas tão importante quanto esse orgulho é a humildade de ver o quanto ainda não foi feito, o quanto ainda continua inacabado ou incompreendido. Se um dos objetivos da ciência é aliviar o sofrimento humano, seria inocente acreditar que tal objetivo será um dia alcançado. Livrar-nos das iniquidades sociais não seria suficiente, mesmo se possível.”
Marcelo Gleiser, “Folha de S.Paulo” – 23/12/2012

“É curioso como nos relacionamos com nossos amigos – com a maioria deles, digamos – estamos sempre tentando contar uma boa novidade ou sendo inteligente ou falando coisas muito interessantes, para que nos tornemos muito interessantes e assim possamos conservá-los. Mais curioso ainda é que não há amigo melhor neste mundo do que aquele em cuja companhia você se sente tão bem, mas tão bem, que pode até ficar calado pois parece que está só.”
Danuza Leão, “Folha de S.Paulo” – 23/12/2012

“Todos nós, jovens e menos jovens, estamos crescentemente dependentes da plataforma virtual. É fascinante o apelo da web. Investimos muito tempo digitando mensagens de texto, escrevendo nos blogs, postando fotos e comentários no Facebook ou curtindo videogames. […] A nova geração de adolescentes tem mais acesso à informação do que qualquer outra antes dela. Mas isso não se reflete num ganho cultural. Os índices de leitura e de compreensão de texto vêm caindo desde o início dos anos 1990. A conclusão é que, apesar do maior acesso às novas tecnologias, não se vê um ganho expressivo em termos de apreensão de conhecimento. A internet é uma formidável ferramenta. Não deve, contudo, perder o seu caráter instrumental. O excesso de internet termina em compulsão, um tipo de dependência que já começa a preocupar os especialistas em saúde mental. Usemos a internet, mas tenhamos moderação. Precisamos, todos, redescobrir a magia da leitura.”
Carlos Alberto Di Franco, “O Estado de S.Paulo” – 24/12/2012

“Hoje, no presépio de Belém, perto da manjedoura onde o menino Jesus recebeu os reis magos, nos lugares sagrados de Jerusalém, explodem os homens-bomba berrando ‘Feliz Natal, cães infiéis!’. Que estranho destino é esse da humanidade se fechando como uma cobra mordendo o próprio rabo, a morte no mesmo lugar no nascimento, o fim da civilização no mesmo lugar onde começou, ali entre o Tigre e o Eufrates, na Mesopotâmia. […] E hoje, com o futuro cada vez mais ralo, tenho saudades da precariedade de nossa vida antiga, da ingenuidade dos comportamentos, de um mundo com menos gente louca e má. ‘Ah! Você por acaso quer a volta do atraso?’ – dirão alguns. Não; mas sonho com uma vida delicada que sumiu, dos lugares-comuns, dos chorinhos e chorões, de tudo que era baldio, dos valores toscos da classe média.”
Arnaldo Jabor, “O Estado de S.Paulo” – 25/12/2012

““Entendo que haja interpretações diferentes sobre o significado de Jesus Cristo para a humanidade e que não todos concordem com os artigos da fé cristã –que ele é o filho de Deus que se fez homem, que uniu na sua pessoa o homem a Deus, que é o salvador da humanidade e outras afirmações preciosas à fé dos cristãos. Mas dá para duvidar da existência de quem desencadeou fatos tão notórios, que mobilizou multidões ao longo de sua pregação e até estremeceu o poderoso Império Romano. […] Como pode ser que o grande Deus, o todo poderoso, o puro espírito, se torne tão pequeno, frágil, corpóreo, tão humano? A resposta é uma só: unicamente por amor!”
Odilo Pedro Scherer, “Folha de S.Paulo” – 25/12/2012

“Um dos maiores desafios da saúde pública atual é superar a “fome oculta”, que se caracteriza pela deficiência de micronutrientes, vitaminas e minerais essenciais. Sem alarde, a fome oculta prejudica o desenvolvimento de milhões de pessoas no planeta, leva à morte. Muito se investe na capacitação de recursos humanos, mas ainda pouco se faz para conter esse enorme dreno do capital humano global. […] No Brasil, 40% das crianças ainda sofrem de anemia e 20%, de hipovitaminose A. Somadas, essas carências afetam milhões de brasileiros, quase a metade da população de crianças e gestantes. […] Uma dieta saudável e balanceada representa uma aspiração a ser perseguida pela sociedade. A educação de mães e crianças é fundamental nesse esforço de longo prazo. A fortificação de alimentos básicos é uma das estratégias de melhor custo-benefício, preconizada pela OMS e pela Unicef. […] Apesar das conquistas sociais dos últimos anos, ainda não asseguramos o acesso de toda a população aos micronutrientes essenciais. Assim como país rico é país sem pobreza, país saudável é país sem desnutrição e obesidade. Possibilitar o desenvolvimento pleno do potencial de nossas crianças e cidadãos é um desafio de todos nós. Vamos vencer a fome oculta.”
Peiman Milani e Hércia Martino, “Folha de S.Paulo” – 25/12/2012

“Os líderes Prozac fazem discursos delirantes, acreditam em suas próprias palavras e desencorajam visões alternativas e críticas. Alguns são carismáticos e nutrem fiéis seguidores: eles ignoram problemas e tornam suas organizações menos preparadas para enfrentar crises. Quando encontram terreno propício, criam uma ‘cultura positiva’, que pune ou aliena funcionários não praticantes. […] O otimismo excessivo pode estimular o cinismo, erodir a confiança e provocar o afastamento da realidade.”
Thomas Wood Jr., Revista Carta Capital – 25/12/2012

“Em 2011, houve 24.206 estupros notificados na Índia, mas em apenas 26% dos casos os acusados foram condenados, segundo o Escritório Nacional de Registros de Crimes.
O número real de estupros certamente é subestimado. A maioria das vítimas nunca denuncia o crime às autoridades. Mulheres estupradas são alvo de enorme preconceito -e raramente conseguem se casar na Índia. Estudos apontam que apenas 1 em cada 50 casos de estupro são notificados. Quando as vítimas finalmente tomam coragem e denunciam, enfrentam uma polícia misógina. Os policiais indianos afirmam que as vítimas de estupro ‘mereceram, porque provocaram’. Dizem isso, literalmente. A revista indiana ‘Tehelka’ filmou, secretamente, entrevistas com 30 investigadores em delegacias de Déli e arredores, em abril deste ano. Dezessete dos 30 investigadores afirmaram repetidamente que a maioria das acusações de estupro eram falsas, que as mulheres “convidavam” ao estupro ao usar roupas provocantes e que muitas queriam extorquir os acusados. […] Com essa predisposição, não surpreende que a maioria das investigações de estupro sejam falhas. Para muitos, essa visão de mundo sexista não é privilégio dos policiais: está encravada em boa parte da sociedade indiana.”
Patrícia Campos Mello, “Folha de S.Paulo” – 26/12/2012

“O mundo não acabou outro dia, mas vários mundos acabam todos os dias, sempre que morre um escritor -ou um ator, um sambista, um arquiteto, um cientista, um gari, até mesmo um político. Hierarquias são perigosas, mas a morte de um escritor parece atingir fundo as pessoas, inclusive as que nunca o leram. Supõe a perda de um ou mais mundos organizados, que ainda não foram e não serão cristalizados em palavras. Pior ainda quando são escritores populares, porque muitos de seus contemporâneos sentiam-se parte de tais mundos. É como se a morte deles os privasse de seu chão.”
Ruy Castro, “Folha de S.Paulo” – 26/12/2012

“Em geral, pensamos a literatura a partir de sua função social, seu conteúdo psicológico, questões de estilo. Mas, com essa ênfase em seu aspecto externo, esquecemos o fundamental: a literatura é acima de tudo um diálogo expandido. Um eu-tu apreendido em estado de graça. Oscilação incessante entre intimidade e solidão.”
“Valor Econômico” – 28/12/2012

“Governos vivem de aplausos, já problemas reais dependem de soluções efetivas para ser solucionados.”
Hélio Schwartsman, “Folha de S.Paulo” – 29/12/2012

“Em meio ao caos após a devastação do furacão Sandy, o governador de Nova York, Andrew Cuomo, disse que a exceção meteorológica está se tornando rotina. Aproveitou o choque da população para fazer as conexões entre a erosão da costa, o nível do oceano e a temperatura. Virou o debate que tem tratado aqui a ciência ambiental como panfletagem ideológica.”
Lúcia Guimarães, “O Estado de S.Paulo” – 31/12/2012

“O Ministério Público de São Paulo iniciou um programa para capacitar professores da rede estadual que atuam como mediadores escolares. O objetivo é, até o fim de 2013, oferecer conhecimentos específicos sobre justiça restaurativa e, assim, auxiliá-los na prevenção e resolução de conflitos. O objetivo da justiça restaurativa – diferentemente da cultura punitiva, que busca um culpado para o conflito – é identificar o que causou o problema e intervir na situação a partir de três princípios: diálogo, reflexão e responsabilização. Só neste primeiro ano, mil professores serão capacitados no Estado. Os docentes são indicados pela direção da escola em que atuam. “Nossa ideia com esta parceria com a Secretaria de Educação é evitar que a violência surja e, nos casos em que ela aparecer, conseguir resolver o caso sem atitudes drásticas, como a expulsão. Pelo contrário: usar essas situações como oportunidades de mudanças e de aprendizagem”, afirma o promotor Antônio Carlos Ozório Nunes, coordenador do programa. […] Com 47 anos de idade e 15 de magistério, o professor Tarsis Campos foi indicado para fazer a capacitação porque atua há três anos como mediador na escola estadual Wilson Ramos Brandão, que tem cerca de 800 alunos e fica na periferia de Sorocaba. Apesar da experiência, ele conta que o curso promovido pelo MP tem ajudado na promoção de consensos. “Minha missão é ensinar aos alunos que entrar em consenso não é pedir perdão, é não partir para a violência”.
Ocimara Balmant, “O Estado de S.Paulo” – 31/12/2012

“O Boko Haram, grupo radical islâmico que atua na Nigéria, degolou ontem 15 cristãos em Musari, nordeste dos país. A região é reduto do grupo islâmico Boko Haram, que luta contra a influência ocidental na Nigéria. De acordo com autoridades locais, as vítimas dormiam na hora do ataque. A maioria delas foi morta com facões. Os alvos, segundo a política, foram escolhidos porque eram cristãos. Muitos deles haviam se mudado para outras partes da cidade justamente em razão de ataques do Boko Haram.”
“O Estado de S.Paulo” – 31/12/2012

07ª semana de 2012

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“A guerra tradicional é um jogo masculino: as mulheres tribais nunca se reuniram em bandos para atacar tribos vizinhas. Como mães, elas têm incentivos para manter condições pacíficas para nutrir sua prole e garantir que seus genes sobrevivam na geração seguinte. Os incrédulos imediatamente responderão que as mulheres não travaram uma guerra simplesmente porque raramente tiveram posições de poder. Se tivessem assumido cargos de liderança, as condições existentes num mundo anárquico as obrigariam a adotar as mesmas decisões belicosas que os homens. Margaret Thatcher, Golda Meir e Indira Gandhi foram mulheres poderosas e todas levaram seus países à guerra. Mas é verdade também que essas mulheres chegaram à liderança agindo conforme as regras políticas do ‘mundo dos homens’. Elas conseguiram se adequar aos valores masculinos, o que permitiu sua ascensão à liderança. Num mundo em que as mulheres assumiram a metade das posições de liderança, elas devem se comportar de modo diferente no poder. E então, surge uma questão mais ampla: gênero é realmente importante na liderança? Em termos de estereótipos, vários estudos psicológicos mostram que os homens tendem a preferir o poder duro do comando, ao passo que as mulheres são mais colaboradoras e intuitivamente compreendem o poder brando da atração e da persuasão. […] Os caminhos exigidos para uma ascensão profissional e as normas culturais que os criaram e reforçaram não permitiram às mulheres adquirir os talentos exigidos para posições de alto escalão em muitas organizações. Pesquisas mostram que mesmo nas sociedades democráticas as mulheres enfrentam um risco social maior do que os homens quando tentam negociar, por exemplo, um aumento na sua remuneração. As mulheres em geral não estão bem integradas nas redes masculinas que dominam as organizações, e os estereótipos de gênero ainda prejudicam aquelas que tentam vencer as barreiras. Essa tendência começa a desaparecer nas sociedades com base em informação, mas é um erro identificar o novo tipo de liderança que necessitamos nesta era da informação simplesmente como ‘o mundo da mulher’. Mesmo positivos, os estereótipos são péssimos para mulheres, homens e uma liderança eficaz. Os líderes devem ser vistos menos em termos de comando heroico e mais no sentido de alguém que estimula a participação dentro de uma organização, grupo, país ou rede. Questões envolvendo o estilo apropriado – ou seja, quando adotar maneiras mais duras ou mais brandas – também são importantes para os homens e para as mulheres, e isso não deve ser ofuscado pelos tradicionais estereótipos de gênero. Em algumas circunstâncias, os homens terão de agir mais ‘como mulheres’, em outros as mulheres necessitarão ser mais ‘como homens’. Decisões cruciais sobre guerra e paz no nosso futuro dependerão não do gênero, mas de como os líderes combinarão os poderes duro e brando para criar estratégias inteligentes.”
Joseph S. Nye – O Estado de S. Paulo, 12/02/2012

“Mesmo sem ser uma questão assim tão nova, o debate sobre a inexistência de Deus reaparece hoje em 22 Estados do País, provocando a costumeira polêmica. Com debates, palestras, bate-papos e até shows de humor, o 1.º Encontro Nacional de Ateus ocorre após ter levantado na internet uma oposição até improvável: a crítica mais ferrenha e numerosa veio de ateus descontentes com a ideia de que um encontro se confunde com a criação de uma religião… de ateus. ‘Queremos o fim do preconceito contra nós, que não acreditamos em religiões, e fazer com que os ateus percebam que não estão sozinhos’, diz. Stíphanie afirma que o preconceito existe e é forte. ‘Quando estava na 8.ª série, estudava em uma escola católica e questionaram o que Deus significa para nós. Respondi que era desnecessário e acharam um absurdo, fui mandada para a psicóloga e tudo mais’.”
Paulo Saldaña – O Estado de S. Paulo, 12/02/2012

“Tom Rath e Jim Harter, especialistas em liderança e ambiente de trabalho do Instituto de Pesquisas Gallup, estavam terminando de tabular os resultados de uma pesquisa sobre bem-estar, realizada em 150 países, quando um dado insólito chamou sua atenção: em média, os entrevistados, não importa qual sua cultura ou nacionalidade, relatavam que o dia gratificante incluía seis horas de convivência com outras pessoas. Intrigados, eles fizeram novos testes, que confirmaram a hipótese. ‘As pessoas precisam de seis horas por dia de interação social para se sentirem revigorados. Sim, seis horas!’, escreveu o duo no Gallup Management Journal. Preocupados, clientes do Gallup questionaram Rath e Harter sobre a descoberta. Tempo gasto em redes sociais conta? O contato tem de ser face a face? São necessárias mesmo seis horas? Nenhuma dessas inquietações tem uma resposta exata. Para a geração mais jovem, o contato virtual parece ser satisfatório. Os mais maduros, de 30 a 46 anos, necessitam pelo menos de uma conversa ao celular. Para as de gerações anteriores, nada substitui o face a face, diz a dupla.”
Época Negócios – fevereiro de 2012

“O papel do novo líder será criar ambientes em que as competências múltiplas possam florescer.”
Anderson Sant’Anna, Revista Você S/A – fevereiro de 2012

“No topo cabe pouca gente; falta verdade e sobram tristeza, dúvida e solidão. Uma parte de Whitney Houston era super-humana, captando e moldando o inconsciente coletivo, devolvendo-o sob a forma de uma obra artística reconhecida por centenas de milhões de pessoas. Outra parte é humana, com anseios, desejos e inseguranças. A tensão gerada entre os dois polos é destruidora. Com tanta beleza e talento, só uma coisa poderia arruiná-la: ela mesma.”
João Marcello Bôscoli – O Estado de S. Paulo, 13/02/2012

“Tudo na minha vida veio no momento certo. Incluindo a minha filha, que eu tive com 39 anos. Muita gente perguntava se eu não queria ter tido filhos antes. Olha… a minha história está sendo contada desse jeito. Olhando pra trás, acho que não mudaria nada. Quer dizer, colocaria mais umas coisinhas, né? (risos) Mas eu respeito muito a minha trajetória. Tudo que vivenciei foi positivo no sentido de que nunca dei passo para trás. Se me coube agora ser protagonista, foi maravilhoso. Mas também sei que fui abrindo esse caminho – devagar e sempre. Acho que todo mundo precisa entender o ritmo em que as coisas acontecem. Senão a gente fica infeliz.”
Lilia Cabral, 54, atriz – O Estado de S. Paulo, 13/02/2012

“Qual o professor que não cumpre sua missão de educar mostrando qual seria a boa trilha a seguir pela vida? Educar é influenciar, não tem jeito. Mas educar é, ou deveria ser, acima de tudo, ensinar a pensar, e o pensamento com qualidade conduz, ou deveria conduzir, a duas lições que são as mais belas que um jovem pode aprender: a autonomia e o significado. Ser autônomo significa fazer suas próprias escolhas e assumir responsabilidades pro elas. Não quer dizer, cuidado, que se possa fazer o que se quer, atender a seus desejos desconsiderando totalmente as expectativas dos outros, do mundo. Autonomia é razão lúcida, equilíbrio, e pressupõe responsabilidade, maturidade, disposição para assumir seu destino. E ter significado quer dizer estar conectado com uma atividade que faça sentido, que nos dê a certeza de que estamos no caminho certo, fazendo o que gostamos e que aquilo que fazemos torna o mundo melhor.”
Eugenio Mussak, Vida Simples – fevereiro/2012

“Não acho que deva ser uma obrigação moral dos ricos dar de volta seu dinheiro. Mas, afinal de contas, que escolha eles têm? Não podem gastar tudo consigo mesmos e não é bom para seus filhos começar a vida super-ricos. […] Eu acredito que o altruísmo é a chave porque, para fazer a diferença, é preciso colocar toda sua energia e motivação nesse trabalho. […] Eu acredito em um sistema misto que não iguala a todos, mas em que os governos e os ricos dedicam especial atenção aos desassistidos. […] Desde 2000, quando começamos, mais de 1 milhão de crianças foram salvas da malária e o índice de mortes caiu em 20%. Em três ou quatro anos, erradicamos a poliomielite na Índia. É gratificante entregar a um agricultor uma semente que não irá morrer com a seca ou as enchentes que virão. Inovação, para mim, tem o poder de mudar o mundo. […] Eu viajo o mundo para dividir o que tenho aprendido e encorajar os outros a pensar grande quando quiserem doar.”
Bill Gates, Revista Alfa – fevereiro de 2012

“Entre negros e hispânicos há o dobro de homens e mulheres dispostos a se arriscar para salvar os outros, possivelmente porque, em geral, são mais expostos a injustiças.”
Giovannni Sabato, Mente Cérebro – fevereiro de 2012

“Quando alguém trabalha, dedica tempo para obter recursos monetários, mas deixa de dedicar tempo para sua família, para cuidar de sua saúde, para suas relações pessoais e para outros projetos pessoais. Muitas pessoas sentem dificuldade em melhorar seus conhecimentos porque dedicam tanto tempo ao trabalho que não sobra tempo para estudos. Trabalhar, portanto, rouba tempo que o trabalhador poderia dedicar a seus investimentos pessoais, consequentemente prejudicando o aumento de sua riqueza. É por essa interpretação que eu defino salário não como renda, mas sim como indenização.”
Gustavo Cerbasi – Folha de S.Paulo, 13/02/2012

“Nesta época de exibicionismo ululante… hoje, milhões de pessoas se expõem de todo jeito nas ‘redes sociais’ (sei de gente que já se ‘postou’ dando à luz ou fazendo xixi), frequentam lugares ‘para ver e ser vistos’. Como conciliar o justo cuidado com a privacidade e a obsessão dos 15 minutos de fama a que tantos se julgam com direito?”
Ruy Castro – Folha de S.Paulo, 13/02/2012

38ª semana de 2011

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“Na condição de ex-juíza e presidente do Tribunal Penal Internacional para Ruanda, vi como comunidades podem ser aniquiladas pelo ódio. Mas também me deparei com magníficos atos de bravura. Um episódio está profundamente gravado em minha memória. Ele ocorreu no noroeste de Ruanda, quando hutus atacaram uma escola e ordenaram aos alunos que se separassem em grupos de etnia hutu e tutsi. Os estudantes se recusaram a identificar sua etnia para não trair seus colegas. Dezessete meninas foram mortas como resultado de sua corajosa atitude. Como podemos ser dignos dessas crianças? Acredito que precisamos trabalhar juntos para alcançar um ambiente de respeito e promoção da igualdade, da justiça e da não discriminação.”
Navi Pillay – Folha de S.Paulo, 19/09/2011

“A memória não armazena itens. Ela funciona relacionado conceitos e significados. […] O cérebro humano pode ser convencido inconscientemente. Ele pode associar conceitos caso seja exposto de forma contínua e prolongada a alguns estímulos. […] O raciocínio é de sobrevivência. Diante da opção de obter uma uva imediatamente ou duas pouco depois, até os macacos mais bem treinados não resistem à tentação por dez segundos.”
Dean Buonomano, neurocientista americano, Revista Época – 19/09/2011

“O automóvel que veio como símbolo da liberdade de ir e vir se tornou uma espécie de cárcere privado, e de câmara de estresse. É uma modernidade que caducou. […] A resposta à ameaça competitiva é a melhor produtividade: inovação, capacitação, pesquisa e desenvolvimento.”
Eduardo Giannetti – Folha de S.Paulo, 22/09/2011

“O problema do narcisista é que ele depende totalmente dos outros para se definir e para decidir seu próprio valor: ele se orienta na vida só pela esperança de encontrar a aprovação do mundo. Infelizmente, nunca sabemos por certo o que os outros enxergam em nós. Às vezes, o narcisista se exalta com visões grandiosas de si, ideias infladas do amor e da apreciação dos outros por ele; outras vezes, ao contrário, ele despenca no desamparo, convencido de que ninguém o ama ou aprecia.”
Contardo Calligaris – Folha de S.Paulo, 22/09/2011

“”Talvez a maneira como somos educados a pensar de maneira reflexiva ou intuitiva ao longo da vida tenha alguma influência sobre nossas crenças.”
Amitai Shenhav, psicólogo – Folha de S.Paulo, 22/09/2011

“Trinta anos de consumo firme e crescente de cerveja renderam-lhe a cirrose cujos sintomas ele, como médico, deve ter percebido há muito. Sócrates percebeu, mas continuou a beber. Por quê? Porque o alcoolismo é progressivo e, depois de certa etapa, quem manda não é a razão, mas o organismo, e este quer sempre mais.
Sócrates pertence aos 15% da humanidade que podem beber muito sem sentir os efeitos adversos do álcool, como embriaguez, intoxicação e ressaca.”
Ruy Castro – Folha de S.Paulo, 23/09/2011

“As escolas precisam se perguntar: por que somos palco dessas situações? Já deveria ter acendido a luz amarela para escolas, gestores e pesquisadores.”
Ângela Soligo, psicóloga da Faculdade de Educação da Unicamp – Folha de S.Paulo, 23/09/2011

“Pesquisa da Pactive Network com 670 executivos americanos mostrou que os funcionários do sexo masculino são, em geral, 25% mais felizes do que as mulheres no trabalho. Ao mesmo tempo, elas têm pelo menos 25% mais chances de serem as responsáveis por tarefas domésticas como cozinhar, arrumar a casa e fazer supermercado.”
Folha de S.Paulo, 24/09/2011

“Pessoas assim são algo tão maiores que os elementos que você pode analisar com seu intelecto.”
Esperanza Spalding, instrumentista norte-americana – Folha de S.Paulo, 24/09/2011

37ª semana de 2011

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“Uma pesquisa realizada pelo Gallup revelou recentemente um recorde de desânimo entre os trabalhadores americanos, o que foi traduzido por economistas em números: a falta de engajamento tiraria cerca de R$ 500 bilhões da economia, em decorrência da perda de produtividade.”
Gilberto Dimenstein – Folha de S.Paulo, 11/09/2011

“Essa ‘epidemia’ de violências é assunto sério. […] Preconceito, ciúme, intolerância com diferenças, suposta identificação com ideais de um grupo, busca da afirmação da identidade, tudo isso, pode estar tornando essa geração mais impulsiva e agressiva do que as anteriores. Preocupante! Sem educação, sem limites e sem punição adequada, essa onda de violência entre os jovens vai continuar!”
Jairo Bouer – Folha de S.Paulo, 12/09/2011

“Temos passado essa lições aos jovens: ser corajoso é ser brigão, ser capaz de colocar a saúde e a vida em risco; o que importa é fazer, acontecer e aparecer a qualquer custo; ter êxito na vida é ganhar muito dinheiro, não importa como. Essa lições convivem com os mais novos diariamente, e os convencem.”
Rosely Sayão – Folha de S.Paulo, 12/09/2011

“Um relatório divulgado ontem pelo ADI (Alzheimer’s Disease International), ligado à Organização Mundial da Saúde, indica que 75% dos portadores da doença não foram diagnosticados. O estudo foi conduzido por cientistas do Instituto de Psiquiatria do King’s College, em Londres. Segundo o ADI, que reúne 76 associações dedicadas à doença, 36 milhões de pessoas convivem com o problema no mundo todo. Os cientistas descobriram que três quartos das pessoas com demência desconhecem a doença. Nos países mais ricos, apenas de 20% a 50% dos casos são reconhecidos e documentados. Nos mais pobres, a proporção pode chegar a apenas 10%.”
Mariana Pastore – Folha de S.Paulo, 14/09/2011

“Não é fácil para nenhum pai ensinar valores a seus filhos, quaisquer que sejam eles. Por mais que repitam o que julgam certo e melhor para seus filhos, se eles não se comportarem de acordo com o que estão dizendo, se isso não é o que realmente são, não vai adiantar. Não adianta um pai dizer que dinheiro não é importante se ele troca de carro todo ano e se preocupa com a aparência quando encontra os vizinhos. Acredito que os valores de alguém precisam estar em linha com o que ele é. Não com o que ele diz. Isso é crítico para pais preocupados em ensinar valores aos filhos.”
Peter Buffett – Revista Época, 12/09/2011

“Meu propósito é dominar corações e mentes. Incutir em cada um o medo do outro. Medo de lhe estender a mão, tocar em cumprimento a pele impregnada de bactérias nocivas. Medo de abrir a porta e receber um intruso ansioso por solidariedade e apoio. Com certeza ele quer arrancar-lhe algum dinheiro ou bem. Pior: quer o seu afeto. Evite o sofrimento, tenha medo de amar. […] Meu nome é medo. Acolha-me em sua vida! Sei que perderá a liberdade, a alegria de viver, o prazer de ser feliz. Mas darei a você o que mais anseia: segurança!”
Frei Betto – Revista Caros Amigos, setembro de 2011

“Uma das grandes preocupações de qualquer ser pensante por aqui é a educação. Fala-se muito, grita-se, escreve-se, haja teorias e reclamações. Ação? Muito pouca, que eu perceba. Os males foram-se acumulando de tal jeito que é difícil reorganizar o caos. […] Grande contingente de jovens chega às universidades sem saber redigir um texto simples, pois não sabem pensar, muito menos expressar-se por escrito. Parafraseando um especialista, estamos produzindo estudantes analfabetos.”
Lya Luft – Revista Veja, 14/09/2011

“Um em cada quatro brasileiros está disposto a abrir a carteira e abusar do cartão de crédito. Pesquisa do Boston Consulting Group, com 650 consumidores das grandes capitais do país, mostra que o grupo dos esbanjadores crescem de 7% para 26% nos últimos dois anos. Tomaram espaço dos muquiranas, cuja participação na amostra caiu de 59% para 25%. Não estão nem aí para a crise…”
Revista Época Negócios, setembro de 2011

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