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47ª semana de 2011

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“Dados do Censo 2010 divulgados na última semana revelam que a fecundidade no Brasil caiu para 1,86 filho por mulher. Chama a atenção, em primeiro lugar, a grande velocidade com que o índice despencou. Meio século atrás, em 1960, ele era de 6,2. Isso significa que o Brasil fez em cinco décadas o que a Europa levou mais de cem anos para conseguir. Como reduzir a fertilidade e, por extensão, a população não constitui um fim em si mesmo, é preciso analisar as implicações do fenômeno. […] Decisões antipáticas, como alterar (e para pior) o regime da aposentadoria, precisam ser tomadas. No limite, é preciso pensar em abrir o país à imigração, outra medida impopular. Os obstáculos são tantos que a tendência é empurrar a encrenca para nossos filhos e netos. É pena, pois o atraso torna o problema mais difícil de administrar.”
Hélio Schwartsman – Folha de S.Paulo, 20/11/2011

“A ciência avança por meio de seus fracassos. Novas ideias são necessárias quando as velhas não podem explicar as observações. Portanto, não há explicações finais, apenas explicações melhores. […] É difícil combinar objetividade e subjetividade. […] Talvez devamos ouvir as sábias palavras de Sócrates, que há mais de 24 séculos já dizia que o essencial é conhecer a si mesmo.”
Marcelo Gleiser – Folha de S.Paulo, 20/11/2011

“Ter um dom é uma coisa preciosa, seja ele escrever, fazer publicidade ou cozinhar.”
Danuza Leão – Folha de S.Paulo, 20/11/2011

“Temos de aprender a conviver com a nossa insignificância, por melhores que nos consideremos.”
Gilberto Dimenstein – Folha de S.Paulo, 20/11/2011

“Cantor tem que ser bonito porque imagem vende. Se não for, pelo menos tem que estar bem cuidado. Minhas cantoras fazem dieta quando engordam, porque dou ataque. Nunca achei que isso pudesse entrar em choque com minha igreja. Se são filhos de Deus, [artistas] têm que ser pessoas que mostram que são felizes.”
Yvelise de Oliveira, 60, presidente da maior gravadora gospel do país, a MK Music – Folha de S.Paulo, 20/11/2011

“Jung dizia que muitas terapias estagnam porque acende-se uma lanterna no escuro mas ilumina-se o lugar errado do bosque. Na educação tem sido assim. Coloca-se o facho por sobre a reciclagem do professor, a tecnologia na sala de aula, o aumento de horas na escola ou melhor gestão do sistema. Apesar de tudo isto ser obviamente relevante, passa ao largo do cerne. Estamos em transição, e tempos efêmeros causam perplexidade institucional. Viemos das caixinhas de currículo, disciplinas e mestres exigentes, e estamos rumando para o ensino autopropulsionado, a diluição da importância da estrutura escolar, e o fim das barreiras artificiais que métodos e cartilhas impõem.
Ricardo Semler – Folha de S.Paulo, 21/11/2011

“A religião vem sendo tratada como uma espécie de bem de consumo individual, de forma que valores essenciais, como o senso de comunidade, de lealdade e de transcendência, têm se perdido.”
Rodrigo F. de Sousa, teólogo – Revista Claudia – novembro de 2011

“Franqueza e transparência são fundamentais para as relações de amizade. Sem tais características, o relacionamento amoroso que caracteriza a amizade não sobrevive. Aliás, nem sequer vive. Outra característica básica de pessoas que querem ser amigas de outras é a maturidade para controlar os próprios impulsos em favor da amizade. Saber renunciar a prazeres imediatos para preservar o amigo é condição fundamental. […] Devemos nos perguntar se, num mundo que dá extremo valor ao individualismo, à realização de nossos caprichos e ao prazer imediato, há lugar para a amizade. Deve haver. Afinal, são os amigos que dão sabor à nossa vida, que a iluminam, que fazem com que valha a pena viver, mesmo enfrentando as mazelas inevitáveis com as quais nos deparamos. Podemos fazer algo para que os mais novos conheçam essa alegria?”
Rosely Sayão – Folha de S.Paulo, 22/11/2011

“Desejo não é igual a vontade, é trama mais complexa. Começa com nossos instintos animais e vai se enriquecendo com aquilo que o atrai. A admiração é uma dessas coisas. Mas tudo começa com a imitação. Como no aprendizado da língua. Imitamos o português que ouvimos: sotaque; sofisticação ou falta dela; riqueza ou pobreza vocabular.”
Francisco Daudt – Folha de S.Paulo, 22/11/2011

“O Brasil moderno, se quiser governar na Rocinha, deverá merecer a autoridade que ele pretende exercer, ou seja, deverá fazer o que ele, durante muito tempo, não fez: cuidar de seus sujeitos.”
Contardo Calligaris – Folha de S.Paulo, 24/11/2011

“Sendo verdade que passamos a viver de modo mais rápido, individualizado e fora de controle, inseridos em redes e estruturas cortadas por riscos e crises permanentes, então ficou mais difícil controlar o que quer que seja. A corrupção adquiriu ‘vida própria’, atingindo áreas e pessoas antes tidas como inatingíveis. Também cresceu a percepção social dela, o que a torna ainda mais intolerável. Isso não significa que sejamos impotentes perante esse problema, que se alimenta de hábitos seculares, bebe em muitas fontes e afeta tanto o setor público quanto o privado. Não poderemos, porém, eliminá-lo pela raiz se o reduzimos à responsabilidade pessoal ou acharmos que a solução virá de mera (e difícil) mobilização da sociedade civil. Avanços consistentes dependerão de múltiplas ações combinadas e só alçarão voo sustentável se estiverem articulados com uma perspectiva reformadora e democrática do Estado e da política.”
Marco Aurélio Nogueira – O Estado de S.Paulo – 26/11/2011

“Posso dizer que o dia mais importante de minha infância foi quando descobri que sabia ler. Eu tinha de 4 para 5 anos. Foi como assistir ao próprio parto.”
Ruy Castro – Revista Claudia – novembro de 2011

45ª semana de 2011

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“De vez em quando é bom parar e refletir sobre coisas que pensamos ser triviais. Com frequência, descobrimos que o que tomamos como simples é bem mais complicado do que parece.”
Marcelo Gleiser – Folha de S.Paulo, 06/11/2011

“Aumentamos o número de crianças e adolescentes na escola, sim. Os anos de escolaridade também. Falta muito. Mas já descobrimos que sete anos de escola no Brasil não ensinam o mesmo que na Argentina ou no Chile. Não garantem que a criança aprenda a ler e a escrever direito ou a fazer contas simples de matemática.”
Ruth de Aquino – Revista Época, 07/11/2011

“Antigamente, oito anos de escolaridade bastavam. Mas, na sociedade do conhecimento, você precisa de 11 anos para ter alguma chance. Até 2006, a exigência de ensino fundamental e médio no mercado de trabalho empatava. Depois, a exigência de empresas pelo ensino médio triplicou. O país coloca 97% das crianças no ensino fundamental, mas só 50% dos que têm de 15 a 17 anos estão no ensino médio. E não têm bom desempenho. Só metade deles termina. Vai ser uma geração perdida – e o apagão de mão de obra vai piorar.”
Wanda Engel, educadora – Revista Época, 07/11/2011

“O cérebro dos pequenos se adapta às técnicas e às tecnologias disponíveis. Nada tem a ver com aumento de capacidade intelectual. Certamente o ser humano é tão esperto ou modorrento quanto o foi no ano 1000 e não tem lógica achar os alunos de hoje mais capazes. […] Alunos têm aprendido a linguagem escrita em dois mundos paralelamente. Começam a brincar com o teclado, que segue um raciocínio de QWERT (do teclado) e não de ABCDE. Aprendem a linguagem com o dedinho estendido, em vez de curvá-lo em torno de um lápis. Mas o que aconteceria se uma criança de quatro anos aprendesse a ler e escrever apenas digitalmente, para, depois, reforçar esse conhecimento com caligrafia manual? Não há estudo algum no mundo sobre isso, o que é curioso.
Há experiências de aprendizado paralelo digital-manual, mas ninguém sabe que sinapses se formariam, durante essa fase indelével dos circuitos mentais, em termos de cognição. Será que a forma de perceber o mundo seria alterada se a alfabetização inicial fosse feita apenas com estímulos digitais? É possível que esse processo desemboque em uma maneira diferente de apreender sequências. O digital estimula mais cedo e se veste de moderno, mas isso é progresso? Ou apenas atraso no lúdico?”
Ricardo Semler – Folha de S.Paulo, 07/11/2011

“Todos sabemos que a educação brasileira tem problemas sérios de qualidade e acesso. Sabemos também que têm havido melhoras importantes desde a década de 90.
A dúvida é se essas melhoras caracterizam um avanço contínuo que, em poucos anos, nos colocará no mesmo nível dos países mais desenvolvidos ou se estamos diante de um impasse. Se há um ‘teto de vidro’ que temos dificuldade em enxergar, mas que nos impede de avançar com a velocidade e a qualidade que precisamos, fazendo uso adequado dos recursos disponíveis. […] O país precisa começar a aprender, em vez de continuar tentando fazer sempre mais do mesmo de sempre, que é o que tem sido a prática dominante até agora.”
Simon Schwartzman – Folha de S.Paulo, 07/11/2011

“- O que leva alguém a vazar informações do exame fundamental para milhões de jovens? -Por que espancar o diferente faz alguém se sentir melhor ou mais aliviado?
-Por que dinheiro ou status social fazem as pessoas se sentirem inatingíveis? -Até que ponto penso no outro quando assumo riscos? -Por que tão pouca gente “paga” por seus erros? De um lado, muita gente sai por aí achando que pode fazer o que der na telha.
Bater no outro, guiar sob efeito de bebida, se considerar acima de tudo e de todos, não enxergar os riscos e olhar apenas para o próprio umbigo são alguns dos sentimentos que existem por trás de uma sociedade que anda pra lá de individualista, mas segue imatura, incapaz de pesar seus atos. […] Danem-se os outros! Eu faço o que quero e não estou nem aí para quem paga essa conta. E aí? Seguimos de braços cruzados?”
Jairo Bouer – Folha de S.Paulo, 07/11/2011

“Um fenômeno que ocorre na internet: vídeos que exibem crianças em situações diversas, feitos e postados por seus pais, se transformam em fenômenos de audiência.
Um dos últimos mostra a reação de uma garotinha quando seus pais dão a ela uma surpresa de aniversário: uma viagem à Disney. O que deveria ser um acontecimento íntimo entre pais e filha, olho no olho, com afeto e vínculo, ganhou a intermediação de uma câmera, já com o intuito de exibir ao mundo a reação da criança. Um espetáculo.”
Rosely Sayão – Folha de S.Paulo, 08/11/2011

“Uma crise psicológica significa aumento insuportável do sofrimento psíquico devido à desestruturação de nossas categorias de ação e de orientação do desejo.
O sociólogo Alain Ehrenberg havia cunhado uma articulação consistente entre a atual epidemia de depressão e um certo ‘cansaço de ser si mesmo’. Por sua vez, boa parte dos transtornos psíquicos mais comuns (como os transtornos de personalidade narcísica e de personalidade borderline) são, na verdade, as marcas da impossibilidade dos limites da personalidade individual darem conta de nossas expectativas de experiência. É possível que, longe de serem meros desvios patológicos, estes sejam alguns exemplos de uma crise em nossos modelos de conduta que crescerá cada vez mais.”
Vladimir Safatle – Folha de S.Paulo, 08/11/2011

“O mundo está dividido entre os milhões abaixo da linha da miséria, que não têm nada, e os que têm. Mas todos sonham com abundância. Falo dos que têm, mas isso inclui os que sonham em ter o mínimo e, depois, bastante. […] O vício da acumulação pode ser visto também entre pessoas de estilo e recursos mais modestos. […] Vivendo neste mundo em que os bens mais caros são o silêncio e o espaço, não é fácil arrumar lugar para tudo. E aí caímos num terrível círculo vicioso.”
Anna Veronica Mautner – Folha de S.Paulo, 08/11/2011

“A maturação das estruturas ocorre de trás para a frente, de modo que a última região a “ficar pronta” é o córtex pré-frontal, área responsável por planejar o futuro, tomar decisões complexas e controlar a impulsividade, entre outras funções essenciais para a vida em sociedade. O pré-frontal não amadurece antes da terceira década de vida, lá pelos 25 anos. Isso significa que jovens podem se parecer e até falar como adultos, mas não agem como eles. […] Será que, quanto mais aprendemos sobre o cérebro, menos espaço sobra para a responsabilidade individual? Há neurocientistas, como David Eagleman, que afirmam que avanços nessa área exigirão uma revolução no Direito.”
Hélio Schwartsman – Folha de S.Paulo, 09/11/2011

“A insensatez e o corporativismo jogaram a imagem do Judiciário no balcão da defesa de causas perdidas. Não se pode criar um critério para decidir o que engrandece ou apequena a magistratura. Pode-se, contudo, seguir a recomendação subjetiva do juiz Potter Stewart, da Corte Suprema americana, tratando de outra agenda: “Eu não sei definir pornografia, mas reconheço-a quando a vejo”
Elio Gaspari – Folha de S.Paulo, 09/11/2011

“Israel não é um país. É uma discussão calorosa de 8 milhões de primeiros-ministros.”
Amós Oz – Folha de S.Paulo, 10/11/2011

“Os dez anos mais quentes da história da Terra foram de 1998 para cá. O aumento médio da temperatura tem sido de 0,2 grau por década. No extremo norte do planeta, a elevação é maior (3 graus) por causa do derretimento de gelos polares. O nível das águas oceânicas tem aumentado 2,5 milímetros por ano (1992-2011). A concentração de CO tem deixado a água mais ácida – o que pode afetar biodiversidade, a pesca, o turismo. Outra questão séria está na redução de geleiras nas montanhas, já que um sexto da população mundial depende da água que delas escorre. E que se vai fazer, lembrando que 1,44 bilhão de pessoas ainda não contam com energia elétrica e o suprimento dependerá (principalmente na Índia e na China) da queima de petróleo e carvão? As energias renováveis ainda são apenas 13% do total, apesar do investimento de US$ 211 bilhões no ano passado.”
Washington Novaes – O Estado de S. Paulo, 11/11/2011

36ª semana de 2011

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“Empreendedor é, em síntese, quem transforma o problema numa solução. O maior desperdício de uma nação é o desperdício de talentos – e essa pode ser uma medida para comemorar ou não a independência de uma nação.”
Gilberto Dimenstein – Folha de S.Paulo, 04/09/2011

“O presidente internacional da ONG Médicos Sem Fronteiras (MSF), Unni Karunakara, pediu que as agências humanitárias parem de traçar um retrato da fome na Somália que induz ao erro e que reconheçam que é quase impossível ajudar as pessoas mais afetadas pelo problema. Segundo Karunakara, praticamente nenhuma agência está conseguindo trabalhar no interior da Somália, país em guerra, onde a situação é ‘profundamente aflitiva’. […] Tentar ter acesso às pessoas que estão no epicentro do desastre vem sendo um esforço lento e difícil. O uso de frases como ‘a fome no Chifre da África’ ou ‘a pior seca em 60 anos’, segundo o médico, ocultam os fatores ‘criados pelo homem’ que geraram a crise no país. […] ‘O povo somali vive há 20 anos em um país em guerra, sem governo, enfrentando longos períodos de carência, fome e seca’, explica Karunakara. ‘A falência desta [última] colheita foi apenas a gota d’água que o empurrou pelo abismo desta vez’. […] Iam Bray, porta-voz da ONG Oxfam, disse: ‘Uma seca é uma ocorrência natural; uma fome generalizada é causada pelo homem’.”
Tracy McVeigh – Folha de S.Paulo, 05/09/2011

“Este é, entre muitas coisas, o século da imagem. Elas circulam na velocidade do instantâneo e são parte cada vez mais dominante de nossa comunicação. Quem cria as imagens certas (com uma boa trilha sonora) encontra seu público. Mas sabedoria estética não é virtude exclusiva do bem.”
Nizan Guanaes – Folha de S.Paulo, 06/09/2011

“Há tempos, as pesquisas em inteligência artificial procuram criar um computador que tenha a complexidade de um cérebro humano. Bem, certos setores do debate nacional de ideias conseguiram o inverso: criar cérebros que parecem mimetizar as restrições de um computador. Pois eles são como hardwares que suportam apenas um pensamento binário, onde tudo é organizado a partir de “zero” e ‘um’. […] Jean-Paul Sartre costumava dizer que o verdadeiro pensamento pensa contra si mesmo. Este é, por sinal, um bom ponto de partida para se orientar em discussões: nunca levar a sério alguém incapaz de pensar contra si mesmo, incapaz de problematizar suas próprias certezas devido à redução dos argumentos opostos a reles caricatura. Afinal, se estamos no reino do pensamento binário, então só posso estar absolutamente certo e o outro, ridiculamente errado. Daí porque a única coisa a fazer é apresentar o outro sob os traços do sarcasmo e da redução irônica. Mostrar que, por trás de seus pretensos argumentos, há apenas desvio moral e sede de poder. Isso quando a desqualificação não passa pela simples tentativa de infantilizá-lo. Alguns chamam isso de “debate”. Eu não chegaria a tanto. Infelizmente, tal pensamento binário tem cadeira cativa nas discussões políticas.”
Vladimir Safatle – Folha de S.Paulo, 06/09/2011

“O Brasil está ficando velho antes de ficar rico. Os gastos previdenciários superam os de nações desenvolvidas. Se o sistema não passar por reformas, nossos filhos e netos pagarão uma gravíssima conta.”
Maílson da Nóbrega – Revista Veja – 07/09/2011

“Se não querem entender, paciência. Eu não vou mudar. Até poderia mudar – mas daí teria de deixar de fazer filmes e passar a vida me ocupando só disso, de tentar ser outra pessoa. Vou citar Marilyn Monroe: se você não aguenta o meu pior, não merece o meu melhor.”
Lars von Trier – Revista Veja – 07/09/2011

“Nilton Bonder está, para o judaísmo, como o padre Marcelo Rossi para o mundo cristão. Aos 53, é o rabino mais popular do país. Ele diz que, tanto na ciência quanto na religião, há uma dimensão que o mundo cartesiano não tem capacidade para explicar. ‘O que a ciência chama de acaso nós, no judaísmo, denominamos oculto.’ Completa: ‘Equacionar os problemas dentro do que se consegue compreender não é suficiente. Eles têm que ser resolvidos através do oculto também, da intuição, daquilo que não tem simetria’.”
Roberto Kaz – Folha de S.Paulo, 08/09/2011

“Hábitos saudáveis poderiam evitar 2,8 milhões de casos de câncer por ano, segundo dados divulgados ontem pelo WCRF (World Cancer Research Fund, fundo mundial de pesquisa sobre câncer). O número global de tumores aumentou 20% na última década. Agora, são 12 milhões de novos casos por ano.”
Folha de S.Paulo, 08/09/2011

“Numa entrevista a Vanessa Correa durante o 1º Congresso Internacional de Habitação e Urbanismo, realizado em São Paulo, o arquiteto Alexandros Washburn, diretor de desenho urbano da Prefeitura de Nova York, falou da importância de ser, ora, veja, pedestre na metrópole por excelência. ‘Caminhar é a atividade mais importante na cidade’, ele disse. ‘Tanto pelo lado cultural, como pela sustentabilidade. (…) É por isso que Nova York é uma cidade vibrante. (…) O espaço público é importante para construir confiança entre as pessoas de todas as classes e etnias. (…) Quando toma a decisão de colocar o pedestre em primeiro lugar, você adota um ponto de vista. Você vê os problemas através dos olhos de um cidadão caminhando pela rua’.”
Ruy Castro – Folha de S.Paulo, 09/09/2011

35ª semana de 2011

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“Na nossa época, as “futilidades” são, no mínimo, tão relevantes e tão necessárias quanto era o pão em 1789. […] ‘Quem somos’ depende de como conduzimos nossa vida e (indissociavelmente) de como ela é avaliada pelos outros. Para obter o reconhecimento de nossos semelhantes (sem o qual não somos nada), os objetos que nos circundam ajudam mais do que a barriga cheia; eles têm uma função parecida com a dos paramentos das antigas castas: declaram e mostram nosso status -se somos antenados, pop, fashion, sem noção, ricos, pobres ou emergentes, cultos ou iletrados.”
Contardo Calligaris – Folha de S.Paulo, 01/09/2011

“O número de adolescentes infratores com idade entre 12 e 14 anos internados na Fundação Casa (antiga Febem) cresceu 18% de agosto do ano passado para cá, segundos dados oficiais. Em um ano, a população de menores dessa faixa etária que cumprem medida socioeducativa em unidades de internação da Fundação Casa saltou de 484 para 572. Nesse período, o total de jovens infratores internados no Estado subiu de 7.058 para 8.220, um salto de 16%. Ainda de acordo com os dados, a maior parte dos adolescentes de 12 a 14 anos internados se envolveu em atos infracionais sob a suspeita de tráfico de drogas, roubo qualificado e furto. Para o presidente da Comissão Infantojuvenil da OAB-SP (Ordem dos Advogados do Brasil), Ricardo de Moraes Cavezon, o aspecto familiar é um dos principais fatores que contribuem para o envolvimento de adolescentes com o crime. ‘Muitos desses jovens estão em situação de abandono pelo pai e pela mãe’.”
Léo Arcoverde – Folha de S.Paulo, 02/09/2011

“Steve Jobs disse que melhor do que ter novas ideias é matar as antigas. É impossível administrar um grande fluxo de ideias. É preciso descartar aquelas que não servem ou não serão aproveitadas. De que adianta guardar os projetos se não for usá-los? Fuja deles. Só tomam tempo, atenção e desaceleram sua produtividade.”
Bill Fischer, professor de inovação (da escola suíça de negócios IMD) – Revista Época Negócios, agosto de 2011

“O segredo é dar raízes e asas. Asas para que o outro seja livre para dar suas voltas e raízes para que ele tenha estrutura, estabilidade e saiba bem o seu lugar no mundo. Essa é a melhor coisa que você pode dar para o seu filho, para o seu parceiro e para você mesma. Se não formos capazes, numa relação, de motivarmos um ao outro a chama apaga.”
Bruna Lombardi, 58, atriz – Revista Marie Claire, agosto de 2011

“A dificuldade de pôr limites que muitos pais sentem vem da culpa pela falta de tempo de se dedicar aos filhos. Eles acabam sendo permissíveis, na tentativa de compensar o incompensável. E, em alguns casos, acabam distorcendo a relação em que o ter afeto é substituto por ter presentes. O atendimento ilimitado aos desejos do filho e a incapacidade de manter firme a proibição cria distorção no relacionamento pais e filho, principalmente no aspecto do dar e receber.”
Rosa Lang – Revista Psique, agosto de 2011

“Todo aquele que faz apologia à sustentabilidade sem mencionar os interesses econômicos que mobilizam esse tema é ingênuo e alienado em seu próprio discurso. Ou hipócritas que se utilizam da comoção de tragédias ecológicas e sociais para vender uma imagem responsável, mais preocupados em ditar novos hábitos de consumo do que evitá-los para o bem do ecossistema.”
Arthur Meucci – Revista Filosofia, agosto de 2011

“O maior patrimônio a ser preservado hoje no mundo é o jovem. Precisamos oferecer educação de qualidade, envolvê-lo com esportes, afastá-lo das drogas.”
Nizan Guanaes – Harvard Business Review, agosto de 2011

“Basta olhar em volta para perceber a deterioração ética da sociedade: o presidente galardeado com o Nobel da Paz promove guerras; crianças praticam bullying nas escolas; estudantes agridem e até assassinam professores; políticos se apropriam descaradamente de recursos públicos; produções de entretenimento para cinema e TV banalizam o sexo e a violência. […] O fundamento da ética é o amor.”
Frei Betto, Revista Caros Amigos – agosto de 2011

“Às vezes, esquecemos que as prioridades decididas no bolso exprimem os valores, os sonhos que temos e as dificuldades que encontramos para atingir nossos objetivos. […] Mas nem sempre temos consciência daquilo que estamos valorizando e das escolhas que temos feito.”
Ainá Vieira – Revista Vida Simples, agosto de 2011

32ª semana de 2011

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“Se quiser medir a taxa de civilidade de uma cidade, veja o tamanho de sua calçada. E, se quiser medir a cidadania de um país, pode usar como indicador o número de pedestres mortos.”
Gilberto Dimenstein – Folha de S.Paulo, 07/08/2011

“O efeito placebo é um dos mais extraordinários aspectos da mente humana e mais mal compreendidos. Ele é extraordinário porque mostra que o cérebro é capaz de produzir reações cuja capacidade de cura é comparável ao de drogas poderosas.
E é mal compreendido porque costuma ser descrito pejorativamente como algo que ‘está apenas na sua cabeça’. A existência do efeito foi demonstrada em diversas condições. Um trabalho de 2008 mostrou que 79% dos pacientes submetidos ao placebo responderam bem à ‘terapia’, contra 93% dos que tomaram drogas reais.”
Hélio Schwartsman- Folha de S.Paulo, 07/08/2011

“Considere, por exemplo, o livro do físico Mikio Kaku ‘A Física do Futuro’, ele entrevistou 300 cientistas para criar uma visão utópica de um mundo definido pela ciência. Em 2100, diz, computadores inteligentes trabalharão com humanos, o acesso à internet será por lentes de contato e moveremos objetos com o pensamento; nanorrobôs destruirão células de câncer, a propulsão a laser redefinirá as viagens espaciais e colonizaremos Marte. Não haverá barreiras comerciais, e a mesma cultura e os mesmos alimentos serão divididos por todos. Essa homogeneização da sociedade acabará com as guerras.
Essas maravilhas tecnológicas são extrapolações do que já temos. Se alguém tivesse previsto que em 2010 teríamos laptops capazes de baixar remotamente gigabytes de informação ninguém acreditaria. O difícil é prever o inesperado.”
Marcelo Gleiser – Folha de S.Paulo, 07/08/2011

“ ‘Se a adolescente não tem projetos de vida, a gravidez vira o projeto de vida’, resume Marco Aurélio Galletta, médico responsável pelo setor de gravidez na adolescência do HC (Hospital das Clínicas). […] ‘Grávida ganha status. Na escola, vira a mais experiente. Em casa, se deita no sofá e diz ter sede, aparece um copo d´água. É preciso mostrar para as meninas como um filho pode atrapalhar outros sonhos’, diz Galletta.”
Ricardo Miotto – Folha de S.Paulo, 08/08/2011

“Em sociedade, os direitos individuais esbarram nos direitos dos outros. Se, por ter bebido, eu posso colocar outras pessoas em risco, eu tenho que abrir mão do meu direito de conduzir. Parece óbvio, mas não é assim que acontece!”
Jairo Bouer – Folha de S.Paulo, 08/08/2011

“viver em completo estado de degradação não é uma escolha consciente. Ninguém que esteja gozando minimamente de sua vontade própria pode considerar como opção a realidade dessas pessoas que seguem, todos os dias, a única alternativa que a droga lhes proporcionou como uma dura sentença de morte. Todos sabemos quão forte e destrutivo é o vício e quão difícil é sair dele. Nos últimos dias, a internação compulsória tem sido citada como uma possibilidade real de tratamento para quem chegou ao último estágio da dependência. […] Quando um dependente ainda tem a atenção de sua família, e esta tem condições para tanto, a internação compulsória é um ato de amor. No nível mais alto do flagelo causado pela droga, ele já abandonou a família ou foi abandonado por ela. Não pode também ser abandonado pelo poder público. A meu ver, isso é omissão de socorro.”
Andrea Matarazzo – Folha de S.Paulo, 09/08/2011

“Vale a lição de Maria Antonieta: aqueles que não percebem o fim de um mundo são destruídos com ele. Há momentos na história em que tudo parece acontecer de maneira muito acelerada. Já temos sinais demais de que nosso presente caminha nessa direção. Nada pior do que continuar a agir como se nada de decisivo e novo estivesse acontecendo.”
Vladimir Safatle – Folha de S.Paulo, 09/08/2011

“O número de obesos que se submetem a operações para emagrecer subiu de cerca de 35 mil em 2009 para 60 mil em 2010. Desde 2003, o crescimento foi de 270%, segundo dados da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica. […] O país só perde para os Estados Unidos em número de cirurgias. Segundo a sociedade, lá são feitos 300 mil procedimentos do tipo por ano.”
Débora Mismetti – Folha de S.Paulo, 10/08/2011

“Perto do Orkut, o Facebook é um aeroporto superlotado, onde avisos inúteis se repetem pelos alto-falantes e onde me sinto invariavelmente perdido. Nem a mais demente produção de spams na minha caixa de e-mail equivale à atividade que me chega pelo Facebook. Fico até aflito de ver pessoas postando de 15 em 15 minutos, durante toda a extensão do dia. A falta de fazer nunca deu tanto trabalho. Peço desculpas aos amigos (tanto os que conheço quanto os que não conheço). Mas estou bloqueando muita gente. […] No fim, mesmo os posts mais banais são boas notícias. As pessoas estão bem, estão vivas e parecem, numa média impressionante, bastante felizes. Como tantos outros meios de comunicação, e o celular é o maior exemplo, o Facebook não funciona apenas, nem funciona a maior parte do tempo, para “comunicar” algum conteúdo. Sua função é dar sinais -sinais de existência. Aquilo que os especialistas chamam de “função fática” (“Você está aí?”, “Você está me ouvindo?”, “Oi! E aí?”) preenche muito do que se transmite no Facebook.”
Marcelo Coelho – Folha de S.Paulo, 10/08/2011

“Além dos conflitos religiosos, políticos e territoriais que marcaram a humanidade e as nações com tragédias, a realidade de hoje parece se concentrar em fatos miúdos, universais – que, em linhas gerais, podem ser resumidos na corrupção generalizada que atinge a todos os escalões da vida pública quase de modo silencioso, roendo a estrutura ética do Estado e dos indivíduos. […] Um bichinho insignificante [cupim], que mal percebemos no início de seu trabalho destruidor, vai corroendo os alicerces éticos da sociedade como um todo. E as construções mais sólidas se diluem no pó.”
Carlos Heitor Cony – Folha de S.Paulo, 11/08/2011

“O romance e o teatro podem, talvez mais do que a ciência, vasculhar a mente, embarafustar-se pelos seus descaminhos, e voltar de lá com as contradições e incoerências inerentes à espécie.”
Ruy Castro – Folha de S.Paulo, 12/08/2011

“Quando a maior democracia do mundo quase coloca o país numa situação de insolvência por disputas políticas irracionais, com repercussões graves para o resto mundo… alguma coisa está fora da ordem. E não é só na economia. Hoje, o mundo parece estar padecendo não do problema da falta de recursos para resolver a crise financeira que usurpa e sabota o futuro das economias. Como alguém já disse, nosso maior padecimento é o mal do excesso de ambição, de consumo, de poder e de pressão pelo sucesso. […] Se algo está realmente fora da ordem, é a falta de valores.
A crise na economia é apenas uma das consequências.”
Marina Silva – Folha de S.Paulo, 12/08/2011

31ª semana de 2011

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“A ciência e a religião nascem das mesmas ansiedades que torturam e inspiram o espírito humano.”
Marcelo Gleiser- Folha de S.Paulo, 31/07/2011

“Na dependência, você não escolhe. A droga fala mais alto. A fissura, o desejo de repetir a experiência prazerosa, é soberana. Nesse processo, as escolhas são bem poucas. […] E para quem acha que dependência é uma questão de caráter ou de escolha artística, a verdade não é bem essa. Dependência é doença! E gênios também ficam doentes e morrem por causa da sua doença!”
Jairo Bouer – Folha de S.Paulo, 01/08/2011

“Quero enfatizar que a música não é puramente técnica, feito algo concebido em laboratório, mas sim uma coisa que se relaciona com o que acontece numa época e pode ser temperada com sentimento intenso, com emoção. […] É frequente no jornalismo cultural os julgamentos definitivos, isso é bom, aquilo não presta. O real na maioria das vezes está entre os dois extremos. A arte, como a vida, constantemente mistura o bom e o ruim. […] Nossa cultura gosta de elevar as pessoas feito deuses e depois derrubá-las e destruí-las. É quase um ritual de sacrifício.”
Alex Ross – Folha de S.Paulo, 03/08/2011

“Afinal, não é do desconhecimento dos cientistas de diversas áreas que as mulheres estão longe de alcançar em postos de comando de agências de fomento, em comitês assessores e nas reitorias de universidades a mesma presença que têm na produção científica nacional. Ou seja, mesmo que uma mulher tenha chegado ao mais alto posto da República, é desolador ver que mesmo ela tem que se curvar às formas desiguais de como o poder está distribuído no interior da comunidade acadêmica.”
Luciano Mendes de Faria Filho/Eliane Marta Santos Lopes – Folha de S.Paulo, 04/08/2011

“Explicações são devidas à sociedade, que tem o direito de conhecer os argumentos do governo e da oposição, e não só assistir a um cabo de guerra que esconde o essencial. Disputas políticas são saudáveis quando têm por objeto diferentes projetos e ideias, e não quando motivadas só por espaços de poder. […] Enquanto pesquisa Datafolha diz que 79% dos brasileiros são contra a anistia de multas a quem desmatou ilegalmente, quase 80% dos deputados aprovaram o projeto que concede tal anistia e incentiva novos desmatamentos. A simples possibilidade acenada pelo projeto já resultou em aumento de 28% no desmatamento na Amazônia, segundo os dados preliminares do Inpe, que sinalizam uma tendência. Agora é a vez dos senadores. Eles têm a oportunidade de se reconectar com as expectativas sociais e afirmar bases para um desenvolvimento que valoriza nossas florestas e biodiversidade, nossa agricultura, nossas cidades e a qualidade de vida dos brasileiros.”
Marina Silva – Folha de S.Paulo, 05/08/2011

“O desejo de mudança em profissionais de até 34 anos atualmente é maior que o de gerações anteriores, segundo a consultoria DBM. Cerca de 35% dos profissionais dizem que gostariam de ficar na empresa por mais de cinco anos e 12%, que gostariam de ficar de dois a três anos.”
Folha de S.Paulo, 05/08/2011

“Aproximadamente 29 mil crianças menores de cinco anos morreram de fome nos últimos três meses na Somália, segundo estimativa divulgada pelo governo dos EUA.
[…] Esse número pode se elevar ainda mais, pois segundo levantamento da ONU ao menos 640 mil crianças somalis estão desnutridas. O surto de fome é resultado da pior seca dos últimos 60 anos, que se abateu sobre a Somália e já se espalha pelo Chifre da África. Segundo a ONU, aproximadamente 10 milhões de pessoas já foram atingidas na Somália, no Quênia, no Djibuti e na Etiópia. […] Além da seca, a fome somali é fruto de um país devastado pela guerra civil -que não tem um governo central desde 1991. Apesar da existência de um governo provisório, quem exerce o poder de fato são milícias e ‘senhores da guerra’.”
Folha de S.Paulo, 05/08/2011

30ª semana de 2011

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“Os homófobos foram incapazes de diferenciar uma expressão de carinho paterno de uma prática erótica entre dois homens. Como hipótese, especularia que os agressores pouco receberam afeto de homens, seja de seus pais ou de outros homens de suas redes afetivas. Uma hipótese alternativa é a de que se houve afeto paterno, esse foi mediado pelo temor homofóbico . Essa ausência levou os agressores a desconfiar do corpo de outros homens.”
Debora Diniz, antropóloga, professora da Universidade de Brasília – O Estado de S.Paulo, 22/07/2011

“Estamos nos tornando uma nação de psicóticos? A questão que tem inflamado debates nos EUA, por conta do aumento no uso de drogas antipsicóticas, chegou ao Brasil. Essa classe terapêutica já é uma das mais comuns entre as de venda controlada por aqui. Dados de um recente boletim divulgado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) mostram que a maior parte (44%) dos 143 tipos de medicamento controlado à venda no país servem para tratar transtornos mentais e comportamentais. Os antipsicóticos, indicados principalmente para esquizofrenias e transtornos bipolar e maníaco-depressivo, respondem por 16,1% do total. Os antidepressivos vêm em seguida, com 15,4%. […] O mercado de antipsicóticos movimentou R$ 306,8 milhões nos últimos 12 meses, segundo a IMS Health, consultoria especializada na indústria farmacêutica. […] Segundo estudo da Universidade Columbia (EUA), as receitas de antipsicóticos para crianças de dois a sete anos, para tratar doenças como transtorno bipolar, dobraram de 2000 a 2007. Estima-se que 500 mil crianças nos EUA usem essas drogas. […]A pediatra Ana Maria Escobar, do Instituto da Criança do Hospital das Clínicas de São Paulo, conta que é cada vez mais frequente a indicação de remédios para crianças, mesmo quando não há um distúrbio psiquiátrico. “Atendi um menino que já estava tomando remédio para deficit de atenção, mas o que ele tinha era um problema auditivo. Não aprendia porque não ouvia’.”
Cláudia Collucci – Folha de S.Paulo, 25/07/2011

“Crentes e ateus matam, mentem e roubam da mesma forma.”
Luiz Felipe Pondé – Folha de S.Paulo, 25/07/2011

“De nada adianta lembrar que estudos recentes da OCDE mostram que os imigrantes contribuem mais para a seguridade social do que usam tais serviços, ou seja, geram mais riquezas do que consomem. De nada adianta lembrar isso, porque não estamos no domínio do argumento, mas no dos afetos patológicos cada vez mais naturalizados como discurso no jogo político.”
Vladimir Safatle – Folha de S.Paulo, 26/07/2011

“No ano passado, fiquei conhecendo um hóspede numa pousada, que me perguntou: ‘Você é feliz?’. Achei que a pergunta carregava um juízo de valor e era relativa e reducionista, exigindo que eu destilasse a minha dinâmica emocional complexa em uma palavra. Para mim, a felicidade é uma emoção em meu fluxo constante de estados de ânimo, que mudam conforme as circunstâncias. Não é um estado de espírito perpétuo.”
Michael Kepp – Folha de S.Paulo, 26/07/2011

“Nos negócios, preguiça mata. As novidades exigem maneiras novas de pensar, de produzir, de distribuir, de comunicar, de vender. […] Não basta adaptar. É preciso repensar, recriar, inovar.”
Nizan Guanaes – Folha de S.Paulo, 26/07/2011

“O mercado de notebooks vive uma era de ouro no Brasil. Entre 2006 e 2010, as vendas de computadores portáteis cresceram mais de dez vezes. Desde o ano passado, já se vendem mais notebooks do que máquinas de mesa no país -7,15 milhões de unidades, ante 6,85 milhões de desktops em 2010, segundo a Abinee (Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica). Para 2011, os analistas esperam um crescimento superior a 30% sobre o volume do ano passado. Se confirmadas as previsões, o Brasil será em breve o terceiro maior mercado de notebooks do mundo –atrás apenas de China e Estados Unidos.”
João Paulo Nucci – Folha de S.Paulo, 27/07/2011

“Já que é impossível (e bem pouco prático) viver fora do grid de informação digital, é preciso administrar a imagem pública. […] Com a popularidade de acesso aos meios de publicação, o indivíduo urbano, globalizado e massificado usa as redes como válvula de escape para manifestar sua identidade e, nesse processo, se expõe de forma inimaginável.”
Luli Radfahrer – Folha de S.Paulo, 27/07/2011

“Vanderlei Matos da Silva morreu aos 29 anos vítima de problemas no fígado após passar três anos e meio misturando defensivos químicos para cultivo de abacaxi.
A história dele e de outros agricultores está no documentário ‘O Veneno Está na Mesa’, lançado pelo cineasta Silvio Tendler. […] Desde 2008, o país é o principal mercado no mundo para esses produtos. Segundo a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), o consumo anual chega a 5,2 litros por habitante. Muitas vezes, os produtos são usados de forma abusiva, segundo testes feitos pela agência. O último deles, realizado em 2010, apontou problemas em 29% das amostras de alimentos examinadas. No caso do pimentão, esse percentual chegou a 80%. ‘É um problema que incide na vida de todo mundo, mas parece que as pessoas optaram pela política de avestruz’, diz Tendler, que já dirigiu documentários sobre o cineasta Glauber Rocha e o ex-presidente João Goulart.”
Denise Menchen – Folha de S.Paulo, 27/07/2011

“Para tudo na vida é necessário que estejamos disponíveis para aprender. Sempre, por mais que achemos que saibamos muito, é tempo de melhorar nossas capacidades. E não adianta nada tentar esconder as limitações que porventura tenhamos, pois se não as temos claro nunca poderemos minimizá-las.”
Sócrates, ex-jogador de futebol – Revista Carta Capital, 27/07/2011

“A ONU advertiu, na quarta-feira 20, para um surto de fome na região da Somália, Etiópia e Quênia. O problema foi agravado pela seca no chamado Chifre da África, a maior dos últimos 20 anos. ‘Esta não vai ser uma crise curta. A ONU e seus membros esperam combater esta situação pelo menos durante os próximos seis meses’, declarou Valerie Amos, subcoordenadora de Assuntos Humanitários da ONU. O governo brasileiro anunciou a doação de 20 mil toneladas de feijão e milho para a Somália, considerado o país mais afetado. […] O Brasil ocupa atualmente a oitava posição entre os países que mais doam alimentos a nações mais pobres.”
Revista Carta Capital, 27/07/2011

“Os comitês organizadores dizem que não houve nenhum legado urbanístico do Pan. A preparação para o Pan foi uma desorganização total, houve fortes indícios de superfaturamento e, no final, o evento custou dez vez mais. O (parque aquático) Maria Lenk não é adequado para os Jogos Olímpicos e será reformado. O estádio do Engenhão foi orçado em 120 milhões de reais, mas custou 430 milhões. Desorganização e falta de transparência totais.”
Christopher Gaffney, geógrafo, prof. da UFF – Revista Carta Capital, 27/07/2011

“Só 29% dos brasileiros (33% de homens e 24% de mulheres) investem pensando na aposentadoria, apesar de a maioria se preocupar em como vai pagar as contas depois de parar de trabalhar. Essa é uma das conclusões de uma pesquisa inédita da seguradora MetLife entre 500 funcionários de empresas do país. Os brasileiros poupam pouco… (% da poupança doméstica em relação ao PIB): China 55%, Índia 31%, México 22%, Brasil 15%. Ainda assim, a maioria teme não ter dinheiro para arcar com despesas básicas depois de parar de trabalhar. As preocupações centrais: 70% temem não conseguir pagar a assistência médica; 69% acreditam que os recursos poupados vão acabar antes do previsto; 63% acham que não vão poder sustentar os pais e sogros.”
Revista Exame – 27/07/2011

“Você pode subir num púlpito e falar de questões utópicas, ideais humanos de honestidade e justiça, mesmo não sendo capaz de fazer 100% aquilo que prega. Toda vez que faço uma prédica, que estou falando uma coisa absolutamente verdadeira sobre o que é certo e justo, eu sei que não faço 100% do que falo. Luto com esse indivíduo em mim que quer fingir às vezes que é capaz de escolher 100% o que é bom.”
Nilton Bonder, 53, rabino, autor de 21 livros – Valor, 29/07/2011

“Para mim, a arte permite conhecer algo mais elevado e profundo da condição humana -e agradeço a Deus por essas mensagens. Até o medo faz parte dessa plenitude.
O pavor que grita no quadro de Munch é o de um tempo em que não agredíamos tanto a natureza e, embora nos sentíssemos vulneráveis, talvez não o fôssemos tanto quanto hoje. O pavor que sentimos em relação à natureza talvez seja o que ela sente em relação a nós. Sou grata pelo aprendizado. Magnífica a arte, de incessantes profecias, até quando ignoraremos o que seu olhar antecipa?”
Marina Silva – Folha de S.Paulo, 29/07/2011

“Segundo a psicanálise, um dos motivos que levam a esses abusos do poder é a hipertrofia do narcisismo: o indivíduo tem de sua capacidade e do seu poder uma ideia tão exagerada que se julga acima de tudo e de todos. As regras não valem para ele: acredita que sua grandiosidade lhe permite fazer o que é vedado aos demais, apenas porque assim o deseja.”
Renato Mezan, psicanalista, Revista Poder – julho de 2011

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