“Em política, a pior maldição é querer aprisionar o sucesso. Quem tenta fazer isso se torna prisioneiro dele e não consegue mais fazer as coisas com abertura criativa e espírito de novidade. A ação política é sempre um processo vivo, único. Se tentar aprisionar o sucesso, que já é passado, aí sim, vai viver a maldição. […] Não se alcança convergência em tudo, mas é possível encontros a partir de princípios éticos e valores duradouros.”

Marina Silva, O Estado de S.Paulo – 13/02/2011

 

“Um país que não sabe o que é ciência está condenado a retornar ao obscurantismo medieval. […] A ciência cria conhecimento por meio de um processo de tentativa e erro, baseado na verificação constante por grupos distintos que realizam experimentos para comprovar ou não as várias hipóteses propostas. […] O problema não é não saber. O problema é não querer saber. É aí que ignorância vira tragédia.”

Marcelo Gleiser, Folha de S.Paulo – 13/02/2011

 

“É isto que nós somos, sem que tenhamos coragem para dizê-lo: um adeus. É por isso que precisamos dos poetas. Pois eles são aqueles que tecem as suas palavras em volta do frágil fio que nos amarra sobre o abismo. Eles sabem que em nossos corpos mora um adeus. De repente, sem nenhum anúncio.”

Rubem Alves, Revista Psique, Ciência & Vida – fevereiro de 2011

 

“Metade, ou mais, dos nossos jovens estudantes não consegue extrair informações relevantes de textos um pouco menos explícitos, muito menos manipulá-las para fazer comparações com outros dados ou para outros fins. […]

Essa desigualdade educacional atual contribuirá para a formação de uma população adulta muito desigual no futuro – assim como a desigualdade educacional passada foi a grande responsável pela atual desigualdade social e econômica. Assim, nosso sistema educacional contribui para fechar um círculo vicioso terrível: projetar, no futuro, as atuais situações de concentração de renda e desigualdade social.

É essencial, pois, que as crianças de classes sociais menos favorecidas sejam especialmente incentivadas, condição necessária para uma educação democrática e republicana e, também, para que no futuro tenhamos condições objetivas e sólidas de combater nossa perversa concentração de renda.”

Otaviano Helene – presidente da Associação dos Docentes da USP; Lighia Horodynski-Matsushigue – professora aposentada do Instituto de Física da USP, Le Monde Diplomatique – fevereiro de 2011

 

“A esfera pública tem a responsabilidade de afirmar direitos, de construir cidadania social contra a lógica do consumidor e da ascensão social pela disputa de todos entre si no plano do mercado. Elevar a qualidade da educação pública, melhorar substancialmente o atendimento da saúde pública, disseminar espaços de cultura no plano público – são formas concretas de construir cidadania, de fortalecer o espírito público dos servidores e de construir concretamente alternativas ao neoliberalismo.”

Emir Sader, Revista Caros Amigos – fevereiro de 2011

 

“O ato de questionar a vida pode trazer sentimentos ingratos e que põem na mesa dúvidas pertinentes que nos fazem parar e prestar atenção em por que razão existimos. Penso, logo existo? Que nada! Penso, logo entro em crise. Afinal, quem nunca ficou angustiado com as dúvidas e mistérios da natureza humana? […]

Refletir, procurar o diálogo e compreender que cada escolha tem o lado positivo pode ser uma forma de relativizar as coisas e enxergar a crise sem as lentes do exagero. […]

A todo momento somos bombardeados por informações e possibilidades de sucesso sem fim, que nem sempre conseguimos abraçar. Em algum momento, é natural cair na armadilha de se sentir incapaz. Essa constatação, na verdade, pode ser muito positiva. Ela leva o sujeito a repensar as coisas, amadurecer e buscar novas alternativas para a felicidade. Mas isso quando ele está disposto a enfrentar as mudanças que podem decorrer desses questionamentos, claro. […]

Para o psicanalista Cláudio Cesar Montoto, são dois pontos importantes para superar uma crise. Um: saber reconhecê-la. Dois: enfrenta-la. Todo mundo passa por uma ou várias crises durante a existência. E, se não passou, ainda há de passar. Mas a única forma de fazer com ela deixe de dominar nossos pensamentos é descobrir e compreender o que está por trás dela. É preciso reconhecer que nossas escolhas sempre acarretam perdas, dúvidas e senões.”

Revista Vida Simples, fevereiro de 2011

 

“Adoro garimpar para entender as coisas. Como James Bond tinha ‘licença para matar’, eu me dei licença para perguntar. E assim a vida nunca fica chata, porque sempre há algo para aprender. Acredito que a curiosidade seja um ativo estratégico poderoso. Se você observa os melhores líderes que estudamos, eles estão sempre cavando, perguntando ‘por quê’. Eles não dizem simplesmente ‘isso funciona’, mas querem saber por que funciona. Então, buscam uma compreensão mais profunda do mundo. […]

Lidere perguntando, não respondendo. Use perguntas para entender, não para manipular. […] Essa curiosidade é o que ajuda você a enxergar as coisas que deveria realmente temer.”

Jim Collins, pesquisador norte-americano, HSM Management – jan/fev. 2011

 

“O mais importante que aprendi com Peter Drucker foi que é necessário parar para pensar. Um dos problemas do management moderno é que tudo é feito com pressa, sob pressão. Bem poucas vezes as pessoas têm tempo para pensar. O segundo problema é a sobrecarga de informação. Recebemos centenas de e-mails, incorporamos os dados, mas não pensamos. Drucker me ensinou a dedicar tempo à reflexão, a me retirar para pensar nas coisas; isso é o que me ajuda a não cometer grandes erros.”

Hermann Simon, um dos pensadores mais influentes do management, HSM Management – jan/fev. 2011

 

“Palavras de Federico García Lorca ao inaugurar a biblioteca de Fuente de Vaqueros (Granada), em setembro de 1931: ‘Quando alguém vai ao teatro, a um concerto ou a uma festa, se lhe agrada, lamenta que as pessoas de quem gosta não estejam ali. ‘Como minha irmã, meu pai iriam apreciar’, pensa, e desfruta, tomado por leve melancolia. Esta é a melancolia que sinto, não pela minha família, e sim por todas as criaturas que, por falta de meios e por desgraça, não gozam do supremo bem da beleza, que é a vida com bondade, serenidade e paixão’.”

Frei Betto, Revista Caros Amigos – fevereiro de 2011