Posts tagged infância

34ª semana de 2011

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“Não há risco de o dragão político devorar o leão econômico? Na era das incertezas, tal risco é possível. E as distâncias entre o Bem e o Mal são curtas. O éden fica ao lado do inferno.”
Gaudêncio Torquato – O Estado de S. Paulo, 21/08/2011

“Algumas pessoas parecem achar que é melhor fingir que estão limpando do que impedir que sujem.”
Daniel Piza – O Estado de S. Paulo, 21/08/2011

“As empresas nucleares preferem privatizar benefícios e socializar prejuízos, no caso, perigos.”
Alfredo Bosi – Folha de S.Paulo, 21/08/2011

“Temos recrutado profissionais que não estão interessados somente numa rápida progressão de carreira, mas que estão mais abertos à aprendizagem, são menos arrogantes e têm foco maior nos resultados que a companhia busca.”
Denise Asnis – Revista Exame, 24/08/2011

“A questão da escassez de talento é identificada como grande gargalo para o crescimento das empresas: teme-se não ter quadros com competências suficientes para viabilizar planos de expansão. Além disso, em mercados de trabalho aquecidos como o brasileiro, a rotatividade é alta, torna instáveis os quadros e dificulta a gestão.”
Thomaz Woord Jr. – Carta Capital, 24/08/2011

“País desenvolvido é também país pacífico, que respeita seus cidadãos e cidadãs, como destaca a campanha Mulheres e Direitos, realizada no âmbito das Nações Unidas em parceria com diversas entidades, dentre as quais o Instituto Maria da Penha.
Para que uma lei tão importante como essa seja realmente cumprida, o poder público deve atuar em harmonia. Não basta apenas existir, ela precisa ser plena e corretamente aplicada em todos os locais do nosso país. Por um país menos violento e mais respeitoso com suas mulheres, fica aqui o nosso apelo: Lei Maria da Penha – cumpra-se!”
Jandira Feghali e Maria da Penha – Folha de S.Paulo, 21/08/2011

“Nas antologias escolares de antigamente havia sempre um pequeno poema de Fagundes Varela que toda uma geração decorava. O poeta perguntava qual era a mais forte, a mais letal das armas e respondia: a língua humana. Nem mesmo com o arsenal nuclear de hoje a língua perdeu a “pole position” na escala da destruição de que é capaz. Tudo começa lá atrás. Se dermos crédito à fábula bíblica, foi a língua da serpente que expulsou Adão e Eva do Éden, donde podemos concluir que, se a serpente não tivesse língua, ainda hoje estaríamos no paraíso terrestre. A tecnologia ampliou a malignidade da língua, tudo se pode fazer com ou por meio dela. […] Isso sem falar na língua de economistas, políticos, formadores de opinião, técnicos de futebol e, naturalmente, todos os tiranos que, periodicamente, ajudam a desgraçar a humanidade.”
Carlos Heitor Cony – Folha de S.Paulo, 25/08/2011

“Críticos alegam que uma cultura da corrupção é onipresente no Brasil. Mas também devemos colocar a situação em perspectiva. Como o país se compara, por exemplo, com outros grandes países em desenvolvimento -Rússia, Índia, China e África do Sul?
A Transparência Internacional publicou um índice de percepção de corrupção em 2010, em que o Brasil ocupa o 69º lugar entre 178 países pesquisados. Está melhor que a China, que vem em 78º; a Índia, em 87º; e muito adiante da Rússia, em 157º. A África do Sul está em 50º. […] A Transparência Internacional criou um “corruptômetro”. Nele, dez representa “corrupção zero” e zero representa “completamente corrupto”. O Brasil tem nota 3,7 nesse indicador, ante 2,1 para a Rússia, 3,3 para a Índia e 3,5 para a China. Dinamarca e Nova Zelândia lideram com 9,3.”
Kenneth Maxwell – Folha de S.Paulo, 25/08/2011

“O país é muito desigual, as crianças mais pobres recebem uma educação de péssima qualidade e mesmo entre os mais ricos há razões para preocupação. Sabemos também que essa situação já foi pior. Mas, diante da tragédia disponível, seria cínico demais dizer que isso serve de alento.”
Fernando de Barros e Silva – Folha de S.Paulo, 27/08/2011

“Acho que estamos lentamente caminhando para um tipo de comunismo da informação e do conhecimento. Mas acho que deveríamos acompanhar de perto as contribuições culturais das pessoas e recompensá-las por isso, com dinheiro ou reputação.”
Pierre Lévy – Revista Cult, agosto de 2011

24ª semana de 2011

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“A nostalgia não é um dos sentimentos mais em voga na praça. Talvez porque ela seja uma espécie de caldo Knorr emocional: um tempero artificial, mistura de esquecimento com saudade, que garante cor e sabor a situações que, quando vividas, lá atrás, nem foram assim grande coisa.”
Antonio Prata, Folha de S.Paulo, 15/06/2011

“O mercado brasileiro de entretenimento e mídia apresentou o maior crescimento entre as principais economias do mundo em 2010 e atingiu US$ 33,1 bilhões.
Segundo estudo da consultoria PwC em 58 países, no ano passado o Brasil cresceu 15,3%, à frente de Estados Unidos, Japão e Coreia do Sul, alguns dos principais mercados do mundo. […] Os segmentos que tiveram mais representatividade no Brasil foram serviços de TV por assinatura e acesso à internet, em consumo, e publicidade em televisão, entre os anunciantes. Os três segmentos registraram um aumento superior a 20% no ano passado. […] Impulsionado por jogos on-line, em redes sociais e aplicativos para celulares, o mercado de games deve crescer, em média, 7,7% ao ano no Brasil até 2015. O ritmo será superior ao consumo de revistas, músicas e livros, que deve aumentar de 2,4% a 7,4%.”
Camila Fusco, Folha de S.Paulo, 15/06/2011

“Dos adolescentes brasileiros entre 14 e 18 anos, nove em cada dez possuem um celular, segundo relatório da consultoria inglesa ‘The Future Laboratory’, representada no Brasil pela Voltage. A pesquisa aponta também que a maioria dos jovens troca de aparelho a cada 14 meses e que 32% deles compram um novo celular apenas para se atualizarem tecnologicamente ou adquirirem um modelo diferente. O estudo inglês ainda mostra que os adolescentes no Brasil passam mais tempo em frente à televisão do que ao computador. São 11 horas semanais na TV, contra sete na internet.”
Maria Cristina Frias, Folha de S.Paulo, 16/06/2011

“Não se muda a sociedade, ou a educação, com planos grandiosos e metas genéricas.
Mais dinheiro não implica melhores resultados. São necessárias políticas consistentes e persistência na implementação. Nos anos 90, o Brasil universalizou o ensino fundamental; desde então, continua a expandir a educação na pré-escola e no ensino médio. Mas ainda persiste em grande escala o analfabetismo escolar e funcional, e o abandono escolar entre adolescentes não se reduz. A melhoria dos resultados do Pisa, em 2009, é boa notícia, porque nossa qualidade estava estacionada há décadas. Mas é pouco, pois 55% dos jovens de 15 anos nas séries apropriadas ainda não sabem o mínimo requerido de linguagem, e 73% desconhecem o patamar básico em matemática. Formamos muito pouco com alto nível de desempenho; com isso, comprometemos a competitividade do país.”
Cláudio de Moura Castro, João Batista A Oliveira, Simon Schwartzman, Folha de S.Paulo, 16/06/2011

“Estamos vivendo uma escassez de profissionais qualificados; e a geração Y, que nasceu na década de 80 e foi criada no mundo digital, está dando uma banana para as empresas que pensam que, para atrair e reter talentos, basta aumentar salários.
Essa geração, na verdade, quer muito mais do que isso, como mostrou pesquisa recente da Cia. de Talentos. Nela, 35 mil jovens em todo o país contaram o que querem na hora de escolher as empresas para trabalhar. Cultura e ambiente de trabalho, oportunidade de desenvolvimento e qualidade de vida vêm acima da remuneração!”
Alexandre Hohagen, Folha de S.Paulo, 16/06/2011

“O casamento nos permite acusar alguém de nossa própria covardia -assim: eu quero fazer isso ou aquilo, mas tenho preguiça e medo; por sorte, agora que me casei, posso dizer que desisto porque assim quer minha parceira. Um casal não deveria servir para justificar as desistências de nenhum de seus membros; ao contrário, ele deveria potencializar os sonhos e os desejos de cada um dos dois.”
Contardo Calligaris, Folha de S.Paulo, 16/06/2011

“ ‘A prostituição infantil é muito sutil. Não é ostensiva. Os homens presenteiam as meninas com tênis, um celular e isso é suficiente para que consigam dormir com elas’, diz a delegada Noelle Xavier, da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente de Porto Velho. Muitas vezes os pais da garota são coniventes, segundo Noelle, pois a miséria é o principal motivador da prostituição infantil.”
Maria Laura Nevez, Revista Marie Claire, junho de 2011

08 de dezembro de 2010

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“Os estudantes brasileiros com 15 anos melhoraram em leitura, ciências e matemática nos últimos nove anos. Seguem, porém, entre os mais atrasados do mundo.
A constatação é da avaliação internacional chamada Pisa, coordenada pela OCDE (organização de nações desenvolvidas), que analisou a educação em 65 países.
O exame avalia as áreas a cada três anos. Nesta edição, a prioridade foi leitura, em que a média brasileira avançou 4%. Essa melhora significa que o aluno de hoje tem um conhecimento equivalente a seis meses de aula a mais do que os de 2000, conforme cálculo da Folha.
Para o OCDE, o avanço foi “impressionante”. Ainda assim, os brasileiros estão com mais de três anos de defasagem ante os chineses, os líderes da lista, que passaram Finlândia e Coreia.
No ranking, o Brasil está na 53ª posição, com nota semelhante a Colômbia e Trinidad e Tobago. Os avanços percentuais em ciências e matemática foram maiores que os de leitura, mas as colocações são semelhantes.”

Fábio Takahashi, Fabiana Rewald, Larissa Guimarães – , Folha de S.Paulo – 08/12/2010

 

“Para um aluno que está começando a ler, é necessária a contextualização, aprender que o livro tem um significado. Na maioria das vezes, o aluno acha a leitura um troço chato, acha o escritor pentelho e não compreende a dimensão do que deve ser a leitura. Cria-se um inimigo da leitura. […] O aluno não compreende do que se trata, porque aquilo não tem nada a ver com a experiência de vida dele.”

Marçal Aquino – escritor, Folha de S.Paulo – 08/12/2010

 

“Tecnologias do futuro são feitas no presente e refletem nossas esperanças e aspirações para o futuro, assim como fazem os nossos medos e inseguranças no presente. A relação entre tecnologia e cultura é marcada pela reciprocidade.
É um diálogo. Tecnologias sempre são artefatos sociais, e nós nascemos de uma cultura na qual elas proliferaram. Certas tecnologias, e como as usamos, têm a capacidade de moldar como a cultura se desenvolve.”

Mark Shepard – artista norte-americano, Folha de S.Paulo – 08/12/2010

 

“Se referem ao temor de que, pelo excesso de convívio com uns e outros, haja um risco de “contágio” dos soldados pelos maus policiais ou pelos próprios bandidos.
Se for isto, é uma volta fulminante a Rousseau e ao século 18: o ser humano é uma teteia, o meio é que o corrompe. Nossos soldados serão assim tão frágeis? Nesse caso, deveríamos mantê-los nos quartéis, limitados a funções seguras e burocráticas, a salvo das perdições do mundo. Mas nenhum soldado, em qualquer função de atribuição das Forças Armadas e em qualquer lugar, está livre de ser ‘contaminado’ -nem que seja por traficantes de micos e periquitos na fronteira.
Prefiro acreditar que o soldado brasileiro esteja adestrado para resistir a tudo, inclusive às tentações. E se, ao ser posto à prova, sucumbir a elas, será só por um defeito de fabricação normal no ser humano.”

Ruy Castro, Folha de S.Paulo – 08/12/2010

05 de dezembro de 2010

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“O cuidado materno envolve a decodificação dos sinais do bebê e a tradução dos sinais do mundo para a satisfação de suas necessidades básicas. A previsibilidade das respostas da mãe estrutura a organização no cérebro de redes formadoras da percepção, inteligência, memória, humor e afeto. Quando a mãe decodifica adequadamente os sinais de seu filho, desenvolve-se o que chamamos de vínculo seguro mãe-bebê. Quando a mãe apresenta reações inconstantes paradoxais, o bebê encara o mundo como frustrante. Vivencia insegurança, impotência e não desenvolve defesas contra o estresse. Esse vínculo desorganizado é o precursor do comportamento violento. As condições do mundo atual, onde violência, pragmatismo e narcisismo são moedas de troca, reforçam a disfunção inicial.”

Maria Helena Ferreira, psicóloga e psiquiatra, O Estado de S. Paulo, 05/12/2010

 

“Uma atitude simples e eficiente que se debateu no México (Cancún/COP-16) é a troca das lâmpadas incandescentes por fluorescentes. No Brasil, a substituição reduziria o consumo de energia em 21,4 terawatts-hora por ano, o equivalente a evitar o uso de seis usinas médias de carvão. Em relação às emissões, significaria tirar, durante um ano, 1 milhão de veículos das estradas. […] Outra medida simples – o plantio de árvores perto de casas, por exemplo – ajuda na criação de sombras no verão e de uma barreira contra o vento gelado do inverno. Isso contribui para reduzir o consumo doméstico de energia. Outro ponto que pode fazer grande diferença é não deixar aparelhos em stand-by (quando eles não estão em uso, porém continuam ligados à tomada).”

Afra Balazina, O Estado de S. Paulo, 05/12/2010

 

“O Brasil é formado por muitas cores, vindas de quase todas as regiões do mundo. Essa combinação de diferentes povos e culturas é, sem dúvida, uma característica da população brasileira. Mas, se essa diversidade é uma riqueza, por que ainda persistem desigualdades nas oportunidades? […] Embora as políticas públicas no país tenham sido construídas para todas as crianças, ainda não foram universalizadas em seus efeitos. Estudos socioeconômicos e análises do Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) mostram que os avanços alcançados não conseguiram ainda gerar impactos suficientes nas situações de desigualdades da população -sobretudo de crianças, adolescentes e mulheres negras e indígenas. A falta de acesso a serviços impõe obstáculos a negros e indígenas mesmo antes do nascimento.
Apenas 43,8% das grávidas negras têm acesso ao mínimo de sete consultas pré-natais, indicador que entre as brancas é de 72,4%. Tal fato produz um efeito imediato e devastador na vida da criança. Um bebê negro tem 25% mais chance de morrer antes do primeiro aniversário do que uma criança branca. Essa desigualdade é mais assustadora entre crianças indígenas, que têm duas vezes mais chances de não sobreviver aos primeiros 12 meses de vida em relação às crianças brancas. O racismo também compromete o direito de aprender. […] A análise segundo a cor de pele confirma a desigualdade socioeconômica e revela uma profunda desigualdade racial. Entre as crianças brancas, a pobreza atinge 32,9%; entre as crianças negras, 56%. […]A campanha que o Unicef acaba de lançar promove a reflexão sobre essas disparidades raciais. O objetivo é alertar a sociedade sobre o impacto do racismo na infância e na adolescência e estimular iniciativas de redução das desigualdades.
Não podemos aceitar que a cor da pele determine a vida de crianças. Afinal, qual sorriso é mais bonito? Qual vida vale mais? Reconhecer e lutar contra o impacto do racismo na infância é condição primordial para uma sociedade que deseja garantir a igualdade de oportunidades e a valorização da diversidade para todos.”

Marie-Pierre Poirier, 49, economista, representante da Unicef no Brasil, Folha de S.Paulo – 05/12/2010

 

“Sinceramente, não entendo por que mais pessoas não se sentem revoltadas diante das condições da educação pública neste país. Somos uma nação em que cerca de 50% das crianças brasileiras da 5ª série são semianalfabetas. Dos 3,5 milhões de alunos que ingressam no ensino médio (antigo colegial), apenas 1,8 milhão se formam.
Como consequência, todos os anos nós jogamos milhões e milhões de adolescentes despreparados no mercado de trabalho, sem qualquer perspectiva de ascensão social e econômica. Isso não lhe causa indignação?”

Jair Ribeiro – empresário, Folha de S.Paulo – 05/12/2010

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