Posts tagged humanidade

16 de dezembro de 2010

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“No Brasil, ser político é coisa para profissional. Se a sociedade não protestar, os salários dos congressistas continuarão a subir. […] Ser político é uma forma de ascensão social, não uma atividade episódica.”

Fernando Rodrigues, Folha de S.Paulo – 16/12/2010

 

“Não sei o quanto as pessoas estão atentas, mas uma nova moral está nascendo. Não é um fenômeno local, senão global. Os conceitos de certo e errado estão em franca mutação. E essa mudança não está surgindo porque os ‘inimigos’ estão tomando conta da situação. Essa mudança está surgindo do próprio âmago da nossa sociedade, civil e civilizada. Vejamos os ultrajovens, nossos filhos com menos de 20, 15 ou 10 anos de idade. Eles usam a internet para viver a vida e fazem coisas como baixar, sem pagar, músicas, filmes e seriados de TV como quem bebe um copo d’água. Não veem nada de errado nisso. Baixam de sites que permitem baixar. Sinceramente, não acho que isso seja uma mera continuação da Lei de Gerson, que manda tirar vantagem de tudo. Não é uma falta de moral, mas sim uma nova moral que se desenvolve, que precisamos entender, senão aceitar. Os ultrajovens, que dormem com seus celulares e publicam coisas na internet, fazem seus trabalhos de escola na base do ‘mash-up’ (misturam conteúdos que produzem com fotos, filmes ou textos que foram feitos por outras pessoas, conhecidas ou não). Tudo tirado da web. Se há honestidade intelectual nisso, ou seja, se ninguém está meramente fingindo ser o autor do conteúdo autoral de um terceiro, ok, acho que é simplesmente o modus operandi dos ultrajovens, que serão adultos amanhã de manhã. Precisamos rever o conceito do que seja honestidade intelectual. E do que seja honestidade, afinal.

Márion Strecker, Folha de S.Paulo – 16/12/2010

 

“Proibir as saídas noturnas e o uso prolongado de computador é ótimo e necessário, mas a autoridade que forma o caráter de um jovem não é só a que diz não às suas vontades; é também a que o autoriza a dizer sim na hora daquelas escolhas de vida que são custosas e decisivas e diante das quais é fácil amarelar.”

Contardo Calligaris, Folha de S.Paulo – 16/12/2010

14 de dezembro de 2010

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“Neste início de século e milênio, a mulher pode fazer um balanço de suas conquistas. Escrava submissa do lar, objeto indefeso diante dos apetites machistas, cidadã de segunda classe e serviçal de primeira necessidade, tudo isso ainda não acabou, mas está acabando cada vez mais depressa. A mulher lutou e conseguiu o direito ao voto, ao mercado de trabalho, ao divórcio, à pílula. Ganhou todas. Não funciona mais como a favorita do sultão – o homem.”

Carlos Heitor Cony, Folha de S.Paulo – 14/12/2010

 

“A ‘obrigação’ de estar bem, aliada às mensagens onipresentes de felicidade geram ansiedade, diz Ana Maria Rossi, presidente no Brasil da International Stress Management Association. Segundo pesquisa da associação, feita em 2009 com 678 pessoas de 25 a 50 anos, o estresse individual aumenta 75% e atinge 80% da população no período que vai da última semana de novembro até o fim de dezembro. Por isso, nos prontos-socorros, há aumento dos casos relacionados a ansiedade e depressão, segundo Daniel Magnoni, diretor de nutrição do Hospital do Coração. No CVV (Centro de Valorização da Vida), o número de ligações sobe 20% na época. As fontes de estresse e de piora do quadro de depressão envolvem expectativas não atingidas em relação aos presentes e às festas, sobrecarga de funções e atividades, solidão, frustração e culpa ao fazer um balanço negativo do ano que termina. As emoções e as recordações do reencontro familiar, positivas ou negativas, também podem ser um gatilho.”

Mariana Versolato, Folha de S.Paulo – 14/12/2010

 

“Deus é como Fernando Pessoa. Tem um monte de nomes diferentes. Viajo o mundo inteiro e sempre encontro um heterônimo dele. Mas sempre o reconheço, independentemente do nome. Nos dias de hoje, em que as pessoas estão tão descrentes, acreditar é um ato de rebeldia e vanguarda.”

Nizan Guanaes, Folha de S.Paulo – 14/12/2010

 

“Sempre que acontece uma tragédia nas nossas vidas -um fracasso amoroso, uma doença súbita, a perda de alguém que amamos- a velha pergunta regressa para nos assombrar: ‘Por que eu?’ ‘Por que a mim?’. A pergunta certa não é essa, naturalmente. A pergunta certa seria: ‘E por que não eu?’, ‘E por que não a mim?’. […] Só somos verdadeiramente destruídos por aquilo que não controlamos quando alimentamos em nós a ilusão de que tudo controlamos.”

João Pereira Coutinho, Folha de S.Paulo – 14/12/2010

 

“Há tantas canções inúteis, fracas para entortar o cano das armas, para ressuscitar os mortos, para engravidar as virgens, mas não tem importância, elas continuam a ser cantadas somente pela alegria que contêm…”

Rubem Alves, Folha de S.Paulo – 14/12/2010

30 de novembro de 2010

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 “O Ocidente rico e pós-ideológico vive mergulhado numa combinação mortal de desejo permanente e insatisfação permanente. Queremos sempre tudo. Queremos sempre mais. Pior: sentimos que merecemos tudo e temos direito a mais. Mais dinheiro. Mais amor. Mais sexo. Mais reconhecimento. Mais, mais, mais.
Mas, precisamente por querermos sempre tudo e sempre mais, nada do que temos resolve a nossa agônica impermanência.”

João Pereira Coutinho, Folha de S. Paulo – 30/11/2010

 

“A função do professor não é ser legal, bonzinho ou camarada: é ensinar. E professores rabugentos também ensinam muito bem. Aliás, aprender a se relacionar com vários tipos de adultos é uma grande lição de vida para as crianças, que não precisam nem devem ser poupadas de situações difíceis.”

Rosely Sayão, Folha de S. Paulo – 30/11/2010

 

“Vivemos a infância de uma revolução tecnológica que avança como um raio diante de nossos olhos. Sistemas inteligentes estão fazendo convergir o mundo real e o mundo digital, dando acesso fácil a uma imensidão de dados. A inteligência logo será commodity. O uso original que faremos dela chama-se inovação. Se já transformamos tristeza em samba, não há limite para nossa capacidade inovadora. Pense novo. De novo. Sempre.”

Nizan Guanaes, Folha de S. Paulo – 30/11/2010

 

“O que faz do homem um homem é sua capacidade de gritar quando quem o governa lhe oferece a pura e simples imagem do matadouro.”

Vladimir Safatle, Folha de S. Paulo – 30/11/2010

 

“A insegurança pública criada pela criminalidade explícita tem um outro lado, que é o meio de combatê-la sem criar outras formas de insegurança.”

Janio de Freitas, Folha de S. Paulo – 30/11/2010

24 de novembro de 2010

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“No capitalismo, ser mulher, é ter que ser bela. Se você não é bela, você não tem o mesmo espaço, você fica preterida. Essa relação com a beleza é muito forte entre as mulheres. As mulheres passam a gostar menos de si quando estão mais velhas, não é a toa que aumenta a depressão, aumenta um monte de doença entre as mulheres, porque a relação consigo mesmo interfere no que vai ser a sua vida, no que vai ser sua saúde, no que vai ser seu bem estar. E a gente passa a gostar menos da gente.”

Nalu Faria, 52, psicóloga, Revista Caros Amigos – novembro de 2010

 

“A doença aumentou minha empatia pelas pessoas. Não só pelos seus sintomas neurológicos, mas por seu medo e sua coragem. Porque uma doença nunca é só neurológica. É emocional, é humana, afeta a família, a sociedade. Espero ter me tornado mais compreensivo.”

Oliver Sacks, 77, neurologista, Revista Época, 22/11/2010

23 de novembro de 2010

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“Educar na atualidade exige um conhecimento crítico e uma compreensão do mundo e da realidade para que os atos educativos possam conter, pelo menos em sua intenção, possibilidades de mudanças para os mais novos. […] as relações com os outros estão “coisificadas”, desumanizadas. Não é qualquer outro que é visto como ser humano. Os que não são reconhecidos como parte do grupo ao qual a pessoa pertence, em geral bem pequeno, são vistos como estorvo, fonte de problemas e geradores de insegurança e, logo, de desconfiança. Isso impede a solidariedade, a colaboração e estimula a xenofobia. […]Enquanto as escolas se preocuparem com a competição nos diversos “rankings” publicados, enquanto as famílias se preocuparem apenas com o futuro pessoal de seus filhos, e enquanto ambas as instituições não apostarem na recuperação da vida coletiva e social, nossos filhos terão poucas chances de uma existência digna.”

Rosely Sayão, psicóloga, Folha de S.Paulo – 23/11/2010

 

“Há certas épocas e situações em que podemos observar o esgotamento de processos históricos que até então pareciam guiar nossa maneira de nos orientarmos na política. Quando isso ocorre, nos vemos diante da dança vertiginosa das inversões. Valores e normas que antes pareciam ter a força de garantir a efetivação de expectativas de liberdade, autorrealização e justiça passam simplesmente a funcionar de maneira contrária. […] Scott Fitzgerald disse que a prova de uma inteligência superior consistia em ter duas ideias contrárias na cabeça e continuar a funcionar.”

 Vladimir Safatle, Folha de S.Paulo – 23/11/2010

 

“Somos todos humanos e compostos das mesmas coisas, em quantidades diferentes, vivendo em circunstâncias diferentes.”

Francisco Daudt, psicanalista, Folha de S.Paulo – 23/11/2010

17 de novembro de 2010

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“Os artistas devem procurar a inspiração em seu âmago; quanto mais se aprofundarem em seu âmago, mais universais serão.”

Marina Abramovic, 63, artista, performer – Folha de S.Paulo, 17/11/2010

 

“Se crianças são forçadas a agir como adultos e adultos querem cada vez mais se divertir como crianças, há algo de errado.”

Luli Radfahrer – Folha de S.Paulo, 17/11/2010

 

Luli Radfahrer – Folha de S.Paulo, 17/11/2010

“Aproximadamente um mês após o início da epidemia de cólera no Haiti, o número de mortos já atinge 1.034, segundo o balanço mais recente do Ministério da Saúde do país. O número de hospitalizados por causa da doença chega a 16.800.

A Organização Pan-americana da Saúde divulgou ontem estimativa de que o número de infectados pela epidemia deve chegar a 200 mil nos próximos seis meses.

A doença deve se espalhar para a vizinha República Dominicana e para outros países caribenhos próximos.”

Folha de S.Paulo, 17/11/2010

15 de novembro de 2010

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“Nós, humanos, somos seres que habitam dois mundos. Um, “espiritual” ou “simbólico”, onde somos livres pra “evoluir” para mundos sem guerras, cheios de amor e pessoas que se respeitam todo o tempo. Enfim, livres pra pensar em nós mesmos de forma ideal. Outro, material, submetido à lei da gravidade e à miséria do tempo, onde sofremos a escravidão da realidade.”

Luiz Felipe Pondé – Folha de S.Paulo, 15/11/2010

 

“Poucos entenderam que não haverá solução para a crise financeira se não encontrarmos a saída para o modo de produzir e consumir que vigora desde o início da era industrial. Controlar e induzir o capital para a inovação, para a emergência de uma economia verde, inclusiva e responsável. Este é o caminho para a superação das ameaças.
Quanto tempo ainda para nos convencermos?”

Ricardo Young – Folha de S.Paulo, 15/11/2010

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