Posts tagged educação

10 de dezembro de 2010

0

“Eu, quando nasci, recebi de Deus um amigo, que nunca me abandonou, ajudou-me em todos os momentos e encheu os meus vazios: o livro.”

José Sarney, Folha de S.Paulo – 10/12/2010

 

“Aumentou, nos últimos três anos, o fosso entre as redes pública e privada. Com exceção das escolas federais, ilhas de excelência que respondem por pouco mais de 200 mil alunos num universo de 52,5 milhões, a competência para leitura na rede pública brasileira fica em 58º lugar no ranking. Já a rede privada ocupa a 9ª posição.
Ocorre que a rede pública é responsável por 85% dos estudantes dos ensinos fundamental e médio. A distância entre o desempenho nas escolas públicas e nas particulares, que se ampliou, caracteriza um quadro nítido de apartheid.”

Fernando de Barros e Silva, Folha de S.Paulo – 10/12/2010

 

“A Atea (Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos) veicula a partir de hoje campanha publicitária para dizer que Deus pode não existir.
As peças de propaganda, com frases como ‘Religião não define caráter’ e ‘A fé não dá respostas. Ela só impede perguntas’, circularão em ônibus de Salvador e Porto Alegre por um mês.”

Hélio Schwartsman, Folha de S.Paulo – 10/12/2010

  

“Cresci, na década de 1960, ouvindo reclamações contra a ‘comercialização’ do Natal. Não há novidade na crítica, e a religião pode ser instrumentalizada para qualquer objetivo.
A fé católica foi usada, ou desvirtuada, para justificar o poder absoluto dos reis, consagrar guerras e invasões, promover massacres. Que o Natal hoje sirva para animar as vendas do comércio é destino melhor do que se servisse para legitimar, por exemplo, ataque a judeus.”

Marcelo Coelho, Folha de S.Paulo – 10/12/2010

08 de dezembro de 2010

0

“Os estudantes brasileiros com 15 anos melhoraram em leitura, ciências e matemática nos últimos nove anos. Seguem, porém, entre os mais atrasados do mundo.
A constatação é da avaliação internacional chamada Pisa, coordenada pela OCDE (organização de nações desenvolvidas), que analisou a educação em 65 países.
O exame avalia as áreas a cada três anos. Nesta edição, a prioridade foi leitura, em que a média brasileira avançou 4%. Essa melhora significa que o aluno de hoje tem um conhecimento equivalente a seis meses de aula a mais do que os de 2000, conforme cálculo da Folha.
Para o OCDE, o avanço foi “impressionante”. Ainda assim, os brasileiros estão com mais de três anos de defasagem ante os chineses, os líderes da lista, que passaram Finlândia e Coreia.
No ranking, o Brasil está na 53ª posição, com nota semelhante a Colômbia e Trinidad e Tobago. Os avanços percentuais em ciências e matemática foram maiores que os de leitura, mas as colocações são semelhantes.”

Fábio Takahashi, Fabiana Rewald, Larissa Guimarães – , Folha de S.Paulo – 08/12/2010

 

“Para um aluno que está começando a ler, é necessária a contextualização, aprender que o livro tem um significado. Na maioria das vezes, o aluno acha a leitura um troço chato, acha o escritor pentelho e não compreende a dimensão do que deve ser a leitura. Cria-se um inimigo da leitura. […] O aluno não compreende do que se trata, porque aquilo não tem nada a ver com a experiência de vida dele.”

Marçal Aquino – escritor, Folha de S.Paulo – 08/12/2010

 

“Tecnologias do futuro são feitas no presente e refletem nossas esperanças e aspirações para o futuro, assim como fazem os nossos medos e inseguranças no presente. A relação entre tecnologia e cultura é marcada pela reciprocidade.
É um diálogo. Tecnologias sempre são artefatos sociais, e nós nascemos de uma cultura na qual elas proliferaram. Certas tecnologias, e como as usamos, têm a capacidade de moldar como a cultura se desenvolve.”

Mark Shepard – artista norte-americano, Folha de S.Paulo – 08/12/2010

 

“Se referem ao temor de que, pelo excesso de convívio com uns e outros, haja um risco de “contágio” dos soldados pelos maus policiais ou pelos próprios bandidos.
Se for isto, é uma volta fulminante a Rousseau e ao século 18: o ser humano é uma teteia, o meio é que o corrompe. Nossos soldados serão assim tão frágeis? Nesse caso, deveríamos mantê-los nos quartéis, limitados a funções seguras e burocráticas, a salvo das perdições do mundo. Mas nenhum soldado, em qualquer função de atribuição das Forças Armadas e em qualquer lugar, está livre de ser ‘contaminado’ -nem que seja por traficantes de micos e periquitos na fronteira.
Prefiro acreditar que o soldado brasileiro esteja adestrado para resistir a tudo, inclusive às tentações. E se, ao ser posto à prova, sucumbir a elas, será só por um defeito de fabricação normal no ser humano.”

Ruy Castro, Folha de S.Paulo – 08/12/2010

05 de dezembro de 2010

0

“O cuidado materno envolve a decodificação dos sinais do bebê e a tradução dos sinais do mundo para a satisfação de suas necessidades básicas. A previsibilidade das respostas da mãe estrutura a organização no cérebro de redes formadoras da percepção, inteligência, memória, humor e afeto. Quando a mãe decodifica adequadamente os sinais de seu filho, desenvolve-se o que chamamos de vínculo seguro mãe-bebê. Quando a mãe apresenta reações inconstantes paradoxais, o bebê encara o mundo como frustrante. Vivencia insegurança, impotência e não desenvolve defesas contra o estresse. Esse vínculo desorganizado é o precursor do comportamento violento. As condições do mundo atual, onde violência, pragmatismo e narcisismo são moedas de troca, reforçam a disfunção inicial.”

Maria Helena Ferreira, psicóloga e psiquiatra, O Estado de S. Paulo, 05/12/2010

 

“Uma atitude simples e eficiente que se debateu no México (Cancún/COP-16) é a troca das lâmpadas incandescentes por fluorescentes. No Brasil, a substituição reduziria o consumo de energia em 21,4 terawatts-hora por ano, o equivalente a evitar o uso de seis usinas médias de carvão. Em relação às emissões, significaria tirar, durante um ano, 1 milhão de veículos das estradas. […] Outra medida simples – o plantio de árvores perto de casas, por exemplo – ajuda na criação de sombras no verão e de uma barreira contra o vento gelado do inverno. Isso contribui para reduzir o consumo doméstico de energia. Outro ponto que pode fazer grande diferença é não deixar aparelhos em stand-by (quando eles não estão em uso, porém continuam ligados à tomada).”

Afra Balazina, O Estado de S. Paulo, 05/12/2010

 

“O Brasil é formado por muitas cores, vindas de quase todas as regiões do mundo. Essa combinação de diferentes povos e culturas é, sem dúvida, uma característica da população brasileira. Mas, se essa diversidade é uma riqueza, por que ainda persistem desigualdades nas oportunidades? […] Embora as políticas públicas no país tenham sido construídas para todas as crianças, ainda não foram universalizadas em seus efeitos. Estudos socioeconômicos e análises do Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) mostram que os avanços alcançados não conseguiram ainda gerar impactos suficientes nas situações de desigualdades da população -sobretudo de crianças, adolescentes e mulheres negras e indígenas. A falta de acesso a serviços impõe obstáculos a negros e indígenas mesmo antes do nascimento.
Apenas 43,8% das grávidas negras têm acesso ao mínimo de sete consultas pré-natais, indicador que entre as brancas é de 72,4%. Tal fato produz um efeito imediato e devastador na vida da criança. Um bebê negro tem 25% mais chance de morrer antes do primeiro aniversário do que uma criança branca. Essa desigualdade é mais assustadora entre crianças indígenas, que têm duas vezes mais chances de não sobreviver aos primeiros 12 meses de vida em relação às crianças brancas. O racismo também compromete o direito de aprender. […] A análise segundo a cor de pele confirma a desigualdade socioeconômica e revela uma profunda desigualdade racial. Entre as crianças brancas, a pobreza atinge 32,9%; entre as crianças negras, 56%. […]A campanha que o Unicef acaba de lançar promove a reflexão sobre essas disparidades raciais. O objetivo é alertar a sociedade sobre o impacto do racismo na infância e na adolescência e estimular iniciativas de redução das desigualdades.
Não podemos aceitar que a cor da pele determine a vida de crianças. Afinal, qual sorriso é mais bonito? Qual vida vale mais? Reconhecer e lutar contra o impacto do racismo na infância é condição primordial para uma sociedade que deseja garantir a igualdade de oportunidades e a valorização da diversidade para todos.”

Marie-Pierre Poirier, 49, economista, representante da Unicef no Brasil, Folha de S.Paulo – 05/12/2010

 

“Sinceramente, não entendo por que mais pessoas não se sentem revoltadas diante das condições da educação pública neste país. Somos uma nação em que cerca de 50% das crianças brasileiras da 5ª série são semianalfabetas. Dos 3,5 milhões de alunos que ingressam no ensino médio (antigo colegial), apenas 1,8 milhão se formam.
Como consequência, todos os anos nós jogamos milhões e milhões de adolescentes despreparados no mercado de trabalho, sem qualquer perspectiva de ascensão social e econômica. Isso não lhe causa indignação?”

Jair Ribeiro – empresário, Folha de S.Paulo – 05/12/2010

04 de dezembro de 2010

0

“Um novo ano sempre traz uma sensação de renovação e, embalada por ela, a maioria das pessoas faz o de sempre: projetos para mudar o que não foi bom e outros tantos para realizar desejos não concretizados. Antes de escrever na lista de planos para 2011, observe como está a sua casa, o seu ambiente de trabalho. Seja honesto e diga se dá para mudar a vida, se os ambientes em que você passa mais tempo não estão preparados para as novidades a que se propõe. É um pouco contraditório tentar renovar a rotina quando o lugar em que vivemos está bagunçado .”

Roberta De Lucca, Revista Vida Simples, dezembro de 2010

 

“5,8 milhões de estudantes cursam hoje o ensino superior brasileiro. Em 1998, havia aproximadamente 2,1 milhões de universitários.

R$ 24 bilhões foi quanto o ensino superior privado faturou no ano passado em todo o País.

85% dos empregados com pós-graduação são formados por instituições particulares.

60% dos empregados são promovidos ao concluírem um curso de ensino superior em uma instituição particular.”

O Estado de S. Paulo, 04/12/2010

30 de novembro de 2010

0

 “O Ocidente rico e pós-ideológico vive mergulhado numa combinação mortal de desejo permanente e insatisfação permanente. Queremos sempre tudo. Queremos sempre mais. Pior: sentimos que merecemos tudo e temos direito a mais. Mais dinheiro. Mais amor. Mais sexo. Mais reconhecimento. Mais, mais, mais.
Mas, precisamente por querermos sempre tudo e sempre mais, nada do que temos resolve a nossa agônica impermanência.”

João Pereira Coutinho, Folha de S. Paulo – 30/11/2010

 

“A função do professor não é ser legal, bonzinho ou camarada: é ensinar. E professores rabugentos também ensinam muito bem. Aliás, aprender a se relacionar com vários tipos de adultos é uma grande lição de vida para as crianças, que não precisam nem devem ser poupadas de situações difíceis.”

Rosely Sayão, Folha de S. Paulo – 30/11/2010

 

“Vivemos a infância de uma revolução tecnológica que avança como um raio diante de nossos olhos. Sistemas inteligentes estão fazendo convergir o mundo real e o mundo digital, dando acesso fácil a uma imensidão de dados. A inteligência logo será commodity. O uso original que faremos dela chama-se inovação. Se já transformamos tristeza em samba, não há limite para nossa capacidade inovadora. Pense novo. De novo. Sempre.”

Nizan Guanaes, Folha de S. Paulo – 30/11/2010

 

“O que faz do homem um homem é sua capacidade de gritar quando quem o governa lhe oferece a pura e simples imagem do matadouro.”

Vladimir Safatle, Folha de S. Paulo – 30/11/2010

 

“A insegurança pública criada pela criminalidade explícita tem um outro lado, que é o meio de combatê-la sem criar outras formas de insegurança.”

Janio de Freitas, Folha de S. Paulo – 30/11/2010

23 de novembro de 2010

0

“Educar na atualidade exige um conhecimento crítico e uma compreensão do mundo e da realidade para que os atos educativos possam conter, pelo menos em sua intenção, possibilidades de mudanças para os mais novos. […] as relações com os outros estão “coisificadas”, desumanizadas. Não é qualquer outro que é visto como ser humano. Os que não são reconhecidos como parte do grupo ao qual a pessoa pertence, em geral bem pequeno, são vistos como estorvo, fonte de problemas e geradores de insegurança e, logo, de desconfiança. Isso impede a solidariedade, a colaboração e estimula a xenofobia. […]Enquanto as escolas se preocuparem com a competição nos diversos “rankings” publicados, enquanto as famílias se preocuparem apenas com o futuro pessoal de seus filhos, e enquanto ambas as instituições não apostarem na recuperação da vida coletiva e social, nossos filhos terão poucas chances de uma existência digna.”

Rosely Sayão, psicóloga, Folha de S.Paulo – 23/11/2010

 

“Há certas épocas e situações em que podemos observar o esgotamento de processos históricos que até então pareciam guiar nossa maneira de nos orientarmos na política. Quando isso ocorre, nos vemos diante da dança vertiginosa das inversões. Valores e normas que antes pareciam ter a força de garantir a efetivação de expectativas de liberdade, autorrealização e justiça passam simplesmente a funcionar de maneira contrária. […] Scott Fitzgerald disse que a prova de uma inteligência superior consistia em ter duas ideias contrárias na cabeça e continuar a funcionar.”

 Vladimir Safatle, Folha de S.Paulo – 23/11/2010

 

“Somos todos humanos e compostos das mesmas coisas, em quantidades diferentes, vivendo em circunstâncias diferentes.”

Francisco Daudt, psicanalista, Folha de S.Paulo – 23/11/2010

22 de novembro de 2010

0

“A pergunta feita por Freud no início do século passado – o que quer a mulher? – não só segue sem resposta, como agora vale também para os homens: o que quer o homem? Aliás, se pensarmos que a masculinidade e feminilidade andam com contornos um tanto borrados, a própria afirmação ‘a mulher é o novo homem’ não elucidaria muita coisa, já que ninguém mais sabe ao certo o que é ser homem também. Essas indefinições seriam muito positivas, caso servissem para impulsionar reflexões corajosas, par formular novas indagações e dar voz a outras respostas. A questão é que o (não) debate que se instaura na mídia é cheio de armadilhas perigosas que, no fim das contas, ora propõem uma mera inversão simétrica – homens-frágeis, mulheres-poderosas -, ora perpetuam os mesmos velhos clichês, como aquele que afirma que a nova economia é mais afeita ao talento feminino porque as mulheres são intuitivas e flexíveis, enquanto os homens são agressivos e competitivos e, por isso, não servem mais.”

Denise Gallo, 40, pesquisadora, Revista TPM – novembro de 2010

 

“O Brasil, que votou maciçamente em duas mulheres para a Presidência da República e escolheu uma delas para ocupar o mais alto cargo executivo da nação, ainda não tem representação feminina significativa em nenhum cargo das 500 maiores empresas do país. Este é um dos dados contidos no ‘Perfil Social, Racial e de Gênero das 500 Maiores Empresas do Brasil – 2010’.

O estudo pioneiro, e até o momento único do país, é feito pelo Instituto Ethos e pelo Ibope Inteligência a cada dois anos, desde 2001. Ele avalia, entre outros dados, a composição por cor ou raça e sexo, bem como presença de pessoas com deficiência em todos os níveis hierárquicos das maiores empresas do país. O estudo mostra avanços, mas o ritmo é muito lento, de um ou dois pontos percentuais a cada ano. Hoje, as mulheres, que são 51% da população brasileira (IBGE), têm 31% de representação no quadro funcional, 26,8% na supervisão, 22,1% na gerência e 13,7% no executivo.
Para negros e pardos, que somam 98 milhões de brasileiros, as disparidades são ainda maiores e aumentam à medida que se sobe na hierarquia. Eles são 31,1% no quadro funcional; 25,6% na supervisão, 13,2% na gerência e 5,3% no executivo.

A mulher negra ou parda -50,1% do total de mulheres na população brasileira- representa 9,3% do quadro funcional, 5,6% da supervisão, 2,1% da gerência e 0,5% da diretoria -são 6 negras entre 119 diretoras.

Pessoas com deficiência têm, no máximo, 1,5% de participação nos cargos. […]

O Brasil caminha para ser a quinta economia global. A promoção da diversidade nas empresas é um passo decisivo para o desenvolvimento econômico andar junto à melhoria efetiva da vida das pessoas.”

Ricardo Young, Folha de S.Paulo – 22/11/2010

 

“Quanto mais confortável uma sociedade se sente com seus distúrbios, piores serão as chances de superá-los. […] De cada dez crianças que entram na primeira série do ensino básico, só três o concluem. E mais: apenas uma em cada dez sabe o que deveria saber para o terceiro ano do ensino médio. E um quinto desses alunos tem, em matemática, nível de quarta série do fundamental. […] Fica difícil decidir o que é mais grave: o cenário da educação ou nossa reação diante dele. […] Precisamos aliar compromisso ético com competência técnica.”

Viviane Senna, Folha de S.Paulo – 22/11/2010

Go to Top