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52ª semana de 2011

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“Nesta época é comum ver, além das retrospectivas, os apelos piegas ao tal espírito natalino, abusos de expressões como “renovar esperanças”, previsões furadas de astrólogos, tarólogos e outros loucos, textos que lamentam onde estão os natais d’antanho, mensagens de boas festas com listas de virtudes. Meu impulso é perguntar por que as pessoas não procuram ser assim o ano todo, e não apenas no solstício que foi apropriado pela religião e pelo folclore para se tornar uma data paradoxal em que se discursa sobre bons sentimentos enquanto se consome em ritmo febril. E então me ponho a pensar em como generosidade e respeito, para ficar só nesses dois itens, andam em falta nos tempos atuais, especialmente nas grandes cidades, e em como a tecnologia que deveria nos aproximar nos tem dispersado. Mas lembro os Natais de infância, comparo com o dos meus filhos e as diferenças se tornam irrelevantes, porque os prazeres e as questões são muito parecidos. E os dias deliciosamente desocupados, desacelerados, convidam ao balanço do ano, ainda que tenha tido tantas tristezas em meu caso, e sem balanço não há avanço.
Somos carne e pensamento, um não se dissocia do outro, e do mesmo modo o Natal é ficar feliz em dar e receber presentes, é ver as crianças alegres com o que ganham e pronto, sem místicas nem melancolias.”
Daniel Piza, O Estado de S. Paulo, 25/12/2011

“Natal é festa polissêmica. De certo modo, desconfortável. Para os cristãos, comemoração do nascimento de Jesus. Para o comércio, ocasião de promissoras vendas. Para uns tantos, miniférias de fim de ano. Para o Peru, dia de finados. O desconforto resulta da obrigatoriedade de dar presentes a quem não amamos, mal conhecemos ou fingimos amizade. Transferido o presépio de Belém para o balcão das lojas, a festa perde progressivamente caráter religioso. O Menino da manjedoura, que evoca o sentido da existência, cede lugar ao velho barbudo e barrigudo, que simboliza o fetiche da mercadoria. Proliferam-se novas modalidades de aspirar ao Transcendente, da aeróbica litúrgica às meditações orientais. Nunca houve, na expressão de Rimbaud, tanta ‘gula de Deus’. I Ching, astrologia, búzios, tarô etc., são vias pelas quais se tenta encontrar-se segurança diante do futuro imprevisível. […] Isso é Natal. Uma festa rara no mais profundo de si mesmo, na qual as pessoas se fazem presentes umas às outras e entre as quais o amor refulge como uma estrela. Essa festa não tem data e é celebrada cada vez que há encontro em clima de afeto e sabor de comunhão.”
Frei Betto – Revista Caros Amigos, dezembro de 2011

“Muita gente vive sem crise sem acreditar em coisa nenhuma ‘do outro mundo’. Isso não significa que ela seja sempre feliz (tampouco os religiosos o são), a (in)felicidade depende de inúmeros fatores.”
Luiz Felipe Pondé – Folha de S.Paulo, 26/12/2011

“Queria ficar sozinho para pensar que o mundo está cheio de mortos que ainda não sabem que morreram.”
Carlos Heitor Cony – Folha de S.Paulo, 27/12/2011

“O parlamentar (Jean Wyllys) reconhece que não se pode proibir religiosos de pregar de seus púlpitos contra o homossexualismo e que seria ridículo até mesmo tentar vetar impropérios como “veado” numa partida de futebol. […]Por alguma razão, porém, militantes preferem alocar suas energias na criação de novas leis, em vez de empenhar-se em exigir o cumprimento das normas já existentes. Eles parecem esquecer-se da sábia lição do marquês de Beccaria, que já no século 18 ensinava que multiplicar leis penais significa apenas multiplicar violações à lei, não evitar crimes.”
Hélio Schwartsman – Folha de S.Paulo, 27/12/2011

“Uma pesquisa feita com mil pessoas entre setembro e outubro pela consultoria OThink, de gestão de negócios, apontou que 18% dos entrevistados acreditam que os filhos, netos e bisnetos terão a mesma religião que eles em 2050. Para 27%, os descendentes terão uma religião diferente. E 55% responderam não saber se seus herdeiros seguirão a mesma fé. As mulheres são mais confiantes que os homens de que seus filhos e netos seguirão a religião que elas adotaram: 22%, contra 16% dos homens. A chamada ‘classe A’ é a que menos acredita que a religião de seus descendentes continuará a mesma da deles: 16%, contra 21% da faixa de população definida como ‘classe C’.”
Mônica Bergamo – Folha de S.Paulo, 27/12/2011

“A capacidade de comunicar é a base de nossa existência coletiva. Quando ela evolui, tudo evolui. Pela primeira vez na história da humanidade todos temos a capacidade de nos comunicar com todos o tempo todo, de qualquer lugar. O poder dessa comunicação total é total. Vai mudar tudo, está mudando. Olhe para si e veja como sua vida mudou de uns anos para cá. Então sonhe, prepare-se, isso é só o começo. […] O Brasil nunca nos deu tantas oportunidades. O mundo nunca nos deu tantas oportunidades. A tecnologia nunca nos deu tantas oportunidades. A revolução continua.”
Nizan Guanaes – Folha de S.Paulo, 27/12/2011

“A crise das relações modernas está, como o título indica, nas “expectativas extravagantes” que os americanos -e, desconfio, os ocidentais em geral- transportam para o matrimônio. Na conjugalidade, o casal não conhece limites em seus desejos contraditórios. Reclama doses homéricas de paixão e de razão; de aventura permanente mas também de segurança permanente; de estabilidade emocional e de excitação emocional; de beleza física e de intelecto apurado. Haverá relação que aguente o peso dessas expectativas? […]Hoje, os ocidentais desejam que as relações íntimas possam suprir todas as exigências que anteriormente estavam repartidas por várias esferas da sociedade. O casamento não comporta essas exigências múltiplas e contraditórias. A pessoa com quem casamos não consegue reunir as qualidades perfeitas de amante, amigo, confessor, professor, guia turístico, estátua grega e terapeuta. No Ocidente pós-moderno, a taxa de divórcio não para de subir. Brasil incluso. Um cínico diria que o fenômeno tem explicação simples: as pessoas divorciam-se porque podem. Mas é possível oferecer uma explicação alternativa: as pessoas divorciam-se porque casam. E não há casamento que resista quando se exige dele tudo e o seu contrário.”
João Pereira Coutinho – Folha de S.Paulo, 27/12/2011

“Acreditar faz parte da aventura humana na qual nenhum de nós entra por querer.”
Roberto Damatta, O Estado de S. Paulo, 28/12/2011

“ ‘Para o inglês, tudo é permitido, exceto o proibido. Para o alemão, tudo é proibido, exceto o permitido. E, para o italiano, tudo o que é proibido é permitido.’ Ao comentário do matemático John von Neumann (1903-57), poderíamos acrescentar que, para os franceses, o bom talvez seja o proibido e que, para os gregos, permitido e proibido são só palavras que dependem de muitas coisas.”
Fernando Canzian – Folha de S.Paulo, 28/12/2011

“Apesar dos avanços registrados na década passada, mais de 1 milhão de crianças de 10 a 14 anos, ou 6% do total, ainda trabalhavam no Brasil em 2010. Tabulações feitas pela Folha no Censo do IBGE mostram que o problema é mais grave no Norte, onde praticamente uma em cada dez crianças exerce atividade econômica remunerada ou não.
Especialistas afirmam que, para cumprir a meta assumida internacionalmente de erradicar o trabalho infantil do país até 2020, será necessário um esforço adicional. […] A pesquisa revela também que as ocupações mais comuns de crianças estão na agricultura e na pecuária.”
Antônio Gois, Luiza Abndeira e Matheus Magenta – Folha de S.Paulo, 28/12/2011

“Segundo o economista André Gamerman, da Opus Investimentos, é o crescimento menor da renda do que das dívidas. Neste ano, a dívida das famílias cresceu 17%. A renda, 6%. O economista Wermeson França, da LCA Consultores, observa que o crédito também ficou mais caro.”
Folha de S.Paulo, 28/12/2011

51ª semana de 2011

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“Nossa política para a primeira infância continua um pouco desarticulada, apesar de ser setorialmente muito rica. Você tem alguns indicadores de que a gente não está dando a atenção que a primeira infância precisaria. A pobreza em famílias que têm crianças pequenas é o dobro da média brasileira.”
Ricardo Paes de Barros, Revista Época – 19/12/2011

“O ano de 2012 promete, no mínimo, ser agitado. No âmbito internacional, alista de eventos importantes é enorme. O euro passará por seu grande teste, haverá eleições presidenciais completamente indefinidas nos Estados Unidos, a Primavera Árabe poderá ao mesmo tempo se expandir em alguns lugares e retroagir noutros, e mesmo os Brics não podem garantir que terão o crescimento econômico dos últimos anos. No plano interno, a temperatura será menor. Os acontecimentos mais marcantes serão as eleições municipais, a definição do marco regulatório do pré-sal e, sobretudo, a forma como o governo Dilma reagirá às dificuldades econômicas e políticas externas. Cientistas sociais (incluindo os economistas) e analistas políticos em geral não são bons em profecia. O máximo que conseguimos, como certa vez dissera o historiador Fernand Braudel, é ser ‘profetas do passado’. Mas se pode usar o aprendizado adquirido ao longo dos anos para enfrentar melhor o futuro. É impossível saber, tim-tim por tim-tim, o que acontecerá em 2012, não obstante seja possível reduzir danos e erros, e até mesmo propor algumas trilhas – não muitas – mais propícias ao sucesso.”
Fernando Abrucio, Revista Época – 19/12/2011

“A história dos megatemplos está ligada a um movimento chamado emerging church (igreja emergente), liderado pelo pastor Bill Hybels. Em 1974, ele percebeu a existência de um enorme número de pessoas que não frequentavam igrejas porque as achavam ‘chatas’ e rejeitavam símbolos religiosos como Jesus crucificado ou vitrais com cenas bíblicas. Com os dados dessa pesquisa, criou a Igreja Comunitária Willow Creek, uma das três mais populares dos Estados Unidos. Ela reúne no culto principal, em sua sede em South Barrington, Illinois, cerca de 7 mil fiéis. O templo tem espaço para crianças e restaurantes. Os megatemplos de hoje, católicos ou evangélicos, seguem o mesmo padrão.”
Revista Época – 19/12/2011

“Um desejo profundo dos ‘poderosos da Terra’, sejam eles traficantes, mafiosos, generais, políticos ou líderes religiosos corruptos: o desejo de dar cabo daqueles que investigam seus negócios mal explicados.”
Eugênio Bucci, Revista Época – 19/12/2011

“O mundo é um lugar inóspito. Todo indivíduo tem um ou mais pontos fracos e se sujeita diariamente a dezenas de tentações que podem atirá-lo em seu inferno particular.”
Hélio Schwartsman – Folha de S.Paulo, 23/12/2011

“Sonhos não realizados comparecem na esperançosa bandeja dos compromissos futuros: mais tempo para viver a vida, em lugar de ser vivido por ela. Mudar antes de ser mudado. Renunciar mais às certezas que ensoberbecem a alma, antes de ser estagnado por elas. O que se fez e o que não se fez, muitas vezes, vira fardo nessa época tão intensa. […] Na espécie de tsunami emocional que costuma acometer as pessoas nas festas de fim de ano, há algo que, lá, meio soterrado por preocupações e ansiedades e pelo consumismo desenfreado no qual se transformou o Natal, pode dar sentido às coisas. […] Como diz Hannah Arendt, “esta fé e esta esperança no mundo talvez nunca tenha sido expressa de modo tão sucinto e glorioso como nas breves palavras com as quais os Evangelhos anunciam a ‘boa-nova’: ‘Nasceu uma criança entre nós'”. É a alegria da fé em nossa eterna capacidade de começar. Que o espaço entre pensar e agir, findar e começar, brincar e trabalhar, e outras coisas que só se realizam entre nós e os mundos que nos habitam, possa ser sempre ocupado pela criança que nasce e renasce em cada um de nós.”
Marina Silva – Folha de S.Paulo, 23/12/2011

“O Natal é uma festa encharcada de emoção. Das festividades da civilização ocidental cristã, é a que tem maior apelo afetivo. É compreensível, pois, ao lado dos significados religiosos, o Natal nos mostra o momento em que uma família se constitui, o que se dá pelo nascimento do filho de um casal. Por essa via, o Natal aponta diretamente para a realidade familiar, que nos é muito próxima, fazendo-nos evocar nossas famílias – seja a família original onde ocupávamos o lugar de filho, ou a família que constituímos ocupando o lugar de pai. Daí o Natal suscitar sentimentos tão fortes nas pessoas.
Tirando proveito desse derramamento afetivo, o consumo e publicidade se apropriaram do Natal, transformando-o na maior oportunidade de vendas do ano. Embora a maioria se alegre com o simbolismo explícito do nascimento de uma criança, com tudo que isso representa de esperança, continuidade e oposição à morte (ideias reforçadas com as festividades do ano-novo, que também apontam para a renovação e o recomeço), não podemos esquecer que há pessoas que não compartilham deste sentimento. Pelo contrário, sentem-se tristes, ficam deprimidas e lamentam não compartilhar uma alegria que supõem ser universal nesta ocasião.
Como o Natal nos remete à família, é de se esperar que as experiências ali ocorridas sejam singulares, apresentem, portanto, uma grande variedade. Ao contrário da visão apressada que mostra as relações familiares como perfeitas e amorosas, a verdade é que elas podem ser bastante difíceis.
Não é então surpreendente que enquanto muitos curtam e aproveitem sem maiores conflitos a festa do Natal, alguns a experimentem com uma carga mais complexa de sentimentos. Mais do que nosso conhecimento intelectual, é essa mistura de amores e ódios, fracassos e vitórias, carinhos e violências, alegria e tristeza, agressões e cuidados para com aqueles que nos são próximos o que dá a nossa verdadeira dimensão enquanto seres humanos. Em nossos afetos está armazenado o inestimável fogo da vida.”
Sérgio Telles, O Estado de S. Paulo, 24/12/2011

45ª semana de 2011

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“De vez em quando é bom parar e refletir sobre coisas que pensamos ser triviais. Com frequência, descobrimos que o que tomamos como simples é bem mais complicado do que parece.”
Marcelo Gleiser – Folha de S.Paulo, 06/11/2011

“Aumentamos o número de crianças e adolescentes na escola, sim. Os anos de escolaridade também. Falta muito. Mas já descobrimos que sete anos de escola no Brasil não ensinam o mesmo que na Argentina ou no Chile. Não garantem que a criança aprenda a ler e a escrever direito ou a fazer contas simples de matemática.”
Ruth de Aquino – Revista Época, 07/11/2011

“Antigamente, oito anos de escolaridade bastavam. Mas, na sociedade do conhecimento, você precisa de 11 anos para ter alguma chance. Até 2006, a exigência de ensino fundamental e médio no mercado de trabalho empatava. Depois, a exigência de empresas pelo ensino médio triplicou. O país coloca 97% das crianças no ensino fundamental, mas só 50% dos que têm de 15 a 17 anos estão no ensino médio. E não têm bom desempenho. Só metade deles termina. Vai ser uma geração perdida – e o apagão de mão de obra vai piorar.”
Wanda Engel, educadora – Revista Época, 07/11/2011

“O cérebro dos pequenos se adapta às técnicas e às tecnologias disponíveis. Nada tem a ver com aumento de capacidade intelectual. Certamente o ser humano é tão esperto ou modorrento quanto o foi no ano 1000 e não tem lógica achar os alunos de hoje mais capazes. […] Alunos têm aprendido a linguagem escrita em dois mundos paralelamente. Começam a brincar com o teclado, que segue um raciocínio de QWERT (do teclado) e não de ABCDE. Aprendem a linguagem com o dedinho estendido, em vez de curvá-lo em torno de um lápis. Mas o que aconteceria se uma criança de quatro anos aprendesse a ler e escrever apenas digitalmente, para, depois, reforçar esse conhecimento com caligrafia manual? Não há estudo algum no mundo sobre isso, o que é curioso.
Há experiências de aprendizado paralelo digital-manual, mas ninguém sabe que sinapses se formariam, durante essa fase indelével dos circuitos mentais, em termos de cognição. Será que a forma de perceber o mundo seria alterada se a alfabetização inicial fosse feita apenas com estímulos digitais? É possível que esse processo desemboque em uma maneira diferente de apreender sequências. O digital estimula mais cedo e se veste de moderno, mas isso é progresso? Ou apenas atraso no lúdico?”
Ricardo Semler – Folha de S.Paulo, 07/11/2011

“Todos sabemos que a educação brasileira tem problemas sérios de qualidade e acesso. Sabemos também que têm havido melhoras importantes desde a década de 90.
A dúvida é se essas melhoras caracterizam um avanço contínuo que, em poucos anos, nos colocará no mesmo nível dos países mais desenvolvidos ou se estamos diante de um impasse. Se há um ‘teto de vidro’ que temos dificuldade em enxergar, mas que nos impede de avançar com a velocidade e a qualidade que precisamos, fazendo uso adequado dos recursos disponíveis. […] O país precisa começar a aprender, em vez de continuar tentando fazer sempre mais do mesmo de sempre, que é o que tem sido a prática dominante até agora.”
Simon Schwartzman – Folha de S.Paulo, 07/11/2011

“- O que leva alguém a vazar informações do exame fundamental para milhões de jovens? -Por que espancar o diferente faz alguém se sentir melhor ou mais aliviado?
-Por que dinheiro ou status social fazem as pessoas se sentirem inatingíveis? -Até que ponto penso no outro quando assumo riscos? -Por que tão pouca gente “paga” por seus erros? De um lado, muita gente sai por aí achando que pode fazer o que der na telha.
Bater no outro, guiar sob efeito de bebida, se considerar acima de tudo e de todos, não enxergar os riscos e olhar apenas para o próprio umbigo são alguns dos sentimentos que existem por trás de uma sociedade que anda pra lá de individualista, mas segue imatura, incapaz de pesar seus atos. […] Danem-se os outros! Eu faço o que quero e não estou nem aí para quem paga essa conta. E aí? Seguimos de braços cruzados?”
Jairo Bouer – Folha de S.Paulo, 07/11/2011

“Um fenômeno que ocorre na internet: vídeos que exibem crianças em situações diversas, feitos e postados por seus pais, se transformam em fenômenos de audiência.
Um dos últimos mostra a reação de uma garotinha quando seus pais dão a ela uma surpresa de aniversário: uma viagem à Disney. O que deveria ser um acontecimento íntimo entre pais e filha, olho no olho, com afeto e vínculo, ganhou a intermediação de uma câmera, já com o intuito de exibir ao mundo a reação da criança. Um espetáculo.”
Rosely Sayão – Folha de S.Paulo, 08/11/2011

“Uma crise psicológica significa aumento insuportável do sofrimento psíquico devido à desestruturação de nossas categorias de ação e de orientação do desejo.
O sociólogo Alain Ehrenberg havia cunhado uma articulação consistente entre a atual epidemia de depressão e um certo ‘cansaço de ser si mesmo’. Por sua vez, boa parte dos transtornos psíquicos mais comuns (como os transtornos de personalidade narcísica e de personalidade borderline) são, na verdade, as marcas da impossibilidade dos limites da personalidade individual darem conta de nossas expectativas de experiência. É possível que, longe de serem meros desvios patológicos, estes sejam alguns exemplos de uma crise em nossos modelos de conduta que crescerá cada vez mais.”
Vladimir Safatle – Folha de S.Paulo, 08/11/2011

“O mundo está dividido entre os milhões abaixo da linha da miséria, que não têm nada, e os que têm. Mas todos sonham com abundância. Falo dos que têm, mas isso inclui os que sonham em ter o mínimo e, depois, bastante. […] O vício da acumulação pode ser visto também entre pessoas de estilo e recursos mais modestos. […] Vivendo neste mundo em que os bens mais caros são o silêncio e o espaço, não é fácil arrumar lugar para tudo. E aí caímos num terrível círculo vicioso.”
Anna Veronica Mautner – Folha de S.Paulo, 08/11/2011

“A maturação das estruturas ocorre de trás para a frente, de modo que a última região a “ficar pronta” é o córtex pré-frontal, área responsável por planejar o futuro, tomar decisões complexas e controlar a impulsividade, entre outras funções essenciais para a vida em sociedade. O pré-frontal não amadurece antes da terceira década de vida, lá pelos 25 anos. Isso significa que jovens podem se parecer e até falar como adultos, mas não agem como eles. […] Será que, quanto mais aprendemos sobre o cérebro, menos espaço sobra para a responsabilidade individual? Há neurocientistas, como David Eagleman, que afirmam que avanços nessa área exigirão uma revolução no Direito.”
Hélio Schwartsman – Folha de S.Paulo, 09/11/2011

“A insensatez e o corporativismo jogaram a imagem do Judiciário no balcão da defesa de causas perdidas. Não se pode criar um critério para decidir o que engrandece ou apequena a magistratura. Pode-se, contudo, seguir a recomendação subjetiva do juiz Potter Stewart, da Corte Suprema americana, tratando de outra agenda: “Eu não sei definir pornografia, mas reconheço-a quando a vejo”
Elio Gaspari – Folha de S.Paulo, 09/11/2011

“Israel não é um país. É uma discussão calorosa de 8 milhões de primeiros-ministros.”
Amós Oz – Folha de S.Paulo, 10/11/2011

“Os dez anos mais quentes da história da Terra foram de 1998 para cá. O aumento médio da temperatura tem sido de 0,2 grau por década. No extremo norte do planeta, a elevação é maior (3 graus) por causa do derretimento de gelos polares. O nível das águas oceânicas tem aumentado 2,5 milímetros por ano (1992-2011). A concentração de CO tem deixado a água mais ácida – o que pode afetar biodiversidade, a pesca, o turismo. Outra questão séria está na redução de geleiras nas montanhas, já que um sexto da população mundial depende da água que delas escorre. E que se vai fazer, lembrando que 1,44 bilhão de pessoas ainda não contam com energia elétrica e o suprimento dependerá (principalmente na Índia e na China) da queima de petróleo e carvão? As energias renováveis ainda são apenas 13% do total, apesar do investimento de US$ 211 bilhões no ano passado.”
Washington Novaes – O Estado de S. Paulo, 11/11/2011

38ª semana de 2011

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“Na condição de ex-juíza e presidente do Tribunal Penal Internacional para Ruanda, vi como comunidades podem ser aniquiladas pelo ódio. Mas também me deparei com magníficos atos de bravura. Um episódio está profundamente gravado em minha memória. Ele ocorreu no noroeste de Ruanda, quando hutus atacaram uma escola e ordenaram aos alunos que se separassem em grupos de etnia hutu e tutsi. Os estudantes se recusaram a identificar sua etnia para não trair seus colegas. Dezessete meninas foram mortas como resultado de sua corajosa atitude. Como podemos ser dignos dessas crianças? Acredito que precisamos trabalhar juntos para alcançar um ambiente de respeito e promoção da igualdade, da justiça e da não discriminação.”
Navi Pillay – Folha de S.Paulo, 19/09/2011

“A memória não armazena itens. Ela funciona relacionado conceitos e significados. […] O cérebro humano pode ser convencido inconscientemente. Ele pode associar conceitos caso seja exposto de forma contínua e prolongada a alguns estímulos. […] O raciocínio é de sobrevivência. Diante da opção de obter uma uva imediatamente ou duas pouco depois, até os macacos mais bem treinados não resistem à tentação por dez segundos.”
Dean Buonomano, neurocientista americano, Revista Época – 19/09/2011

“O automóvel que veio como símbolo da liberdade de ir e vir se tornou uma espécie de cárcere privado, e de câmara de estresse. É uma modernidade que caducou. […] A resposta à ameaça competitiva é a melhor produtividade: inovação, capacitação, pesquisa e desenvolvimento.”
Eduardo Giannetti – Folha de S.Paulo, 22/09/2011

“O problema do narcisista é que ele depende totalmente dos outros para se definir e para decidir seu próprio valor: ele se orienta na vida só pela esperança de encontrar a aprovação do mundo. Infelizmente, nunca sabemos por certo o que os outros enxergam em nós. Às vezes, o narcisista se exalta com visões grandiosas de si, ideias infladas do amor e da apreciação dos outros por ele; outras vezes, ao contrário, ele despenca no desamparo, convencido de que ninguém o ama ou aprecia.”
Contardo Calligaris – Folha de S.Paulo, 22/09/2011

“”Talvez a maneira como somos educados a pensar de maneira reflexiva ou intuitiva ao longo da vida tenha alguma influência sobre nossas crenças.”
Amitai Shenhav, psicólogo – Folha de S.Paulo, 22/09/2011

“Trinta anos de consumo firme e crescente de cerveja renderam-lhe a cirrose cujos sintomas ele, como médico, deve ter percebido há muito. Sócrates percebeu, mas continuou a beber. Por quê? Porque o alcoolismo é progressivo e, depois de certa etapa, quem manda não é a razão, mas o organismo, e este quer sempre mais.
Sócrates pertence aos 15% da humanidade que podem beber muito sem sentir os efeitos adversos do álcool, como embriaguez, intoxicação e ressaca.”
Ruy Castro – Folha de S.Paulo, 23/09/2011

“As escolas precisam se perguntar: por que somos palco dessas situações? Já deveria ter acendido a luz amarela para escolas, gestores e pesquisadores.”
Ângela Soligo, psicóloga da Faculdade de Educação da Unicamp – Folha de S.Paulo, 23/09/2011

“Pesquisa da Pactive Network com 670 executivos americanos mostrou que os funcionários do sexo masculino são, em geral, 25% mais felizes do que as mulheres no trabalho. Ao mesmo tempo, elas têm pelo menos 25% mais chances de serem as responsáveis por tarefas domésticas como cozinhar, arrumar a casa e fazer supermercado.”
Folha de S.Paulo, 24/09/2011

“Pessoas assim são algo tão maiores que os elementos que você pode analisar com seu intelecto.”
Esperanza Spalding, instrumentista norte-americana – Folha de S.Paulo, 24/09/2011

33ª semana de 2011

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“O aumento do número de suicídios entre os jovens não é exclusividade do Brasil, acontece em diversos países. Mas qual seria a explicação? Não há causa única, mas uma série de fatores combinados. Os transtornos psiquiátricos são uma das principais causas, e a depressão é a mais importante delas. Por isso, qualquer alteração significativa do comportamento merece avaliação. Mas não é apenas a depressão que leva o jovem ao suicídio. No Japão, por exemplo, o alto grau de exigência no desempenho escolar, as cobranças excessivas por parte da família, o medo de fracassar e não atender às expectativas sociais e a alta competitividade também são fatores. […] No Brasil, há um risco maior nos jovens de populações indígenas, em pessoas que já tentaram suicídio ou de famílias em que alguém se matou, em jovens que fazem parte de minorias sexuais (adolescentes gays se matam mais do que heterossexuais), vítimas frequentes de bullying e de violência. Em comum, a sensação de que as dificuldades e as barreiras são tão grandes que não vale a pena lutar.”
Jairo Bouer – Folha de S.Paulo, 15/08/2011

“A vida é feita de escolhas. Uma das escolhas mais sérias na vida é o modo como vivemos a vida, se como graça ou como natureza.”
Luiz Felipe Pondé – Folha de S.Paulo, 15/08/2011

“Os periódicos científicos, onde pesquisadores publicam seus estudos, têm ganhado em importância. A tal ponto que, no Brasil, seguindo países como Holanda e EUA, alguns programas de pós-graduação já substituem a obrigação de escrever uma tese por artigos científicos. […] Hoje, o Brasil está em 13º lugar no mundo em quantidade de artigos publicados. […] Quem publicar mais nos melhores periódicos, ganha nota mais alta. E quem tiver as notas mais altas, recebe mais recursos, como bolsas.
A ligação direta entre a publicação de artigos e distribuição do dinheiro público para ciência tem tirado o sono dos pesquisadores, principalmente daqueles cujas revistas correspondentes à sua área não estão no topo.”
Sabine Righetti – Folha de S.Paulo, 15/08/2011

“Nos dados sobre religião da POF (Pesquisa de Orçamentos Familiares), do IBGE, que pesquisou o tema em 2003 e 2009. No período, só entre evangélicos, a fatia dos que se disseram sem vínculo institucional foi de 4% para 14% -um salto de mais de 4 milhões de pessoas. […] Para especialistas consultados pela Folha, a pesquisa, feita a partir de amostra de 56 mil entrevistas, é suficiente para dar boas pistas do movimento.
O pesquisador Ricardo Mariano, da PUC-RS, reconhece que vem ocorrendo aumento de protestantes e pentecostais sem vínculos institucionais, ainda que ele tenha dúvidas se o crescimento foi mesmo tão intenso quanto o revelado pelo IBGE. […] De acordo com o professor, parte dos evangélicos adota o ‘Believing without belonging’ (crer sem pertencer), expressão cunhada pela socióloga britânica Grace Davie sobre o esvaziamento das igrejas ao mesmo tempo em que se mantêm as crenças religiosas na Europa Ocidental. Para a antropóloga Regina Novaes, uma pergunta que a pesquisa levanta é se este ‘evangélico genérico’ tem semelhanças com o católico não praticante. Para ela, ‘ambos usufruem de rituais e serviços religiosos mas se sentem livres para ir e vir’. […] Outro dado interessante da POF é que aumentou o número dos que declararam uma religião não identificada pelos pesquisadores, o que indica que na década passada mais igrejas surgiram e passaram a disputar o “supermercado da fé”, na expressão depreciativa utilizada pelo papa Bento 16.”
Antônio Gois e Hélio Schwartsman – Folha de S.Paulo, 15/08/2011

“Ferimentos a bala são parte da rotina. As vítimas da guerra civil estão sempre nos nossos corredores. Já vi um mesmo cirurgião atender até dez num único dia.
Crianças em estado de desnutrição extrema, muitos casos de malária, doenças respiratórias. As principais vítimas são as crianças. Elas sofrem com a ignorância dos pais. A falta de educação também é uma epidemia, porque tem um impacto direto na saúde.”
Abdirizak Ali Mohamed, 22, estudante de medicina na Universidade Benadir em entrevista para Marcelo Ninio – Folha de S.Paulo, 16/08/2011

“Um dos sinais de inteligência de um bom líder é a capacidade de perceber antes dos outros o fim e o início de cada um dos estágios de sua carreira. Há muito de emocional nessa capacidade.”
Betania Tanure – Valor, 19/08/2011

“Valores como justiça, liberdade e dignidade não são ocidentais ou orientais, nem dependem de uma religião ou crença, disse minha amiga. São apenas valores humanos, mas a história da humanidade é uma sucessão interminável de calamidades e injustiças. Meus clientes são jovens franceses e imigrantes, todos desempregados. Depois de conhecer a vida deles, tento entender o nosso tempo, que não me orgulha nem um pouco. A maioria das pessoas vê esses desempregados e drogados como seres maléficos à sociedade. Eu os vejo como jovens sem qualquer perspectiva de futuro, derrotados antes mesmo de entrar na dança da vida.”
Milton Hatoum – O Estado de S. Paulo, 19/08/2011

“A matemática continua sendo a disciplina do currículo básico com os índices de aproveitamento mais baixos nas avaliações institucionais. […] O Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), que avalia o desempenho em leitura, matemática e ciências de jovens de 15 anos, coloca o Brasil nas últimas posições, num ranking de 65 países. Quatro em cada 10 jovens brasileiros nessa faixa etária não sabem multiplicar. […] O problema é antigo e preocupante, pois a má qualidade do ensino de matemática é um dos fatores que vêm limitando a formação de engenheiros em número suficiente para atender às necessidades da economia nacional. Em 2008, os cursos de engenharia ofereceram 239 mil vagas, mas só foram preenchidas 140 mil. Ou seja, não faltam vagas nas universidades – faltam, sim, vestibulandos com conhecimento mínimo de matemática. O País forma cerca de 47 mil engenheiros por ano, ante 650 mil, na China, e 220 mil, na Índia.”
O Estado de S. Paulo, 19/08/2011

“O Facebook, rede social criada por Mark Zuckerberg, atingiu a marca de 25 milhões de usuários no País. Apesar da penetração relativamente baixa em razão da concorrência do Orkut – que ainda é o líder nacional -, o Brasil já é um mercado ‘top 5’ em termos absolutos para o site, afirmou ontem o vice-presidente da empresa para a América Latina, Alexandre Hohagen.”
Alexandre Matias – O Estado de S. Paulo, 19/08/2011

31ª semana de 2011

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“A ciência e a religião nascem das mesmas ansiedades que torturam e inspiram o espírito humano.”
Marcelo Gleiser- Folha de S.Paulo, 31/07/2011

“Na dependência, você não escolhe. A droga fala mais alto. A fissura, o desejo de repetir a experiência prazerosa, é soberana. Nesse processo, as escolhas são bem poucas. […] E para quem acha que dependência é uma questão de caráter ou de escolha artística, a verdade não é bem essa. Dependência é doença! E gênios também ficam doentes e morrem por causa da sua doença!”
Jairo Bouer – Folha de S.Paulo, 01/08/2011

“Quero enfatizar que a música não é puramente técnica, feito algo concebido em laboratório, mas sim uma coisa que se relaciona com o que acontece numa época e pode ser temperada com sentimento intenso, com emoção. […] É frequente no jornalismo cultural os julgamentos definitivos, isso é bom, aquilo não presta. O real na maioria das vezes está entre os dois extremos. A arte, como a vida, constantemente mistura o bom e o ruim. […] Nossa cultura gosta de elevar as pessoas feito deuses e depois derrubá-las e destruí-las. É quase um ritual de sacrifício.”
Alex Ross – Folha de S.Paulo, 03/08/2011

“Afinal, não é do desconhecimento dos cientistas de diversas áreas que as mulheres estão longe de alcançar em postos de comando de agências de fomento, em comitês assessores e nas reitorias de universidades a mesma presença que têm na produção científica nacional. Ou seja, mesmo que uma mulher tenha chegado ao mais alto posto da República, é desolador ver que mesmo ela tem que se curvar às formas desiguais de como o poder está distribuído no interior da comunidade acadêmica.”
Luciano Mendes de Faria Filho/Eliane Marta Santos Lopes – Folha de S.Paulo, 04/08/2011

“Explicações são devidas à sociedade, que tem o direito de conhecer os argumentos do governo e da oposição, e não só assistir a um cabo de guerra que esconde o essencial. Disputas políticas são saudáveis quando têm por objeto diferentes projetos e ideias, e não quando motivadas só por espaços de poder. […] Enquanto pesquisa Datafolha diz que 79% dos brasileiros são contra a anistia de multas a quem desmatou ilegalmente, quase 80% dos deputados aprovaram o projeto que concede tal anistia e incentiva novos desmatamentos. A simples possibilidade acenada pelo projeto já resultou em aumento de 28% no desmatamento na Amazônia, segundo os dados preliminares do Inpe, que sinalizam uma tendência. Agora é a vez dos senadores. Eles têm a oportunidade de se reconectar com as expectativas sociais e afirmar bases para um desenvolvimento que valoriza nossas florestas e biodiversidade, nossa agricultura, nossas cidades e a qualidade de vida dos brasileiros.”
Marina Silva – Folha de S.Paulo, 05/08/2011

“O desejo de mudança em profissionais de até 34 anos atualmente é maior que o de gerações anteriores, segundo a consultoria DBM. Cerca de 35% dos profissionais dizem que gostariam de ficar na empresa por mais de cinco anos e 12%, que gostariam de ficar de dois a três anos.”
Folha de S.Paulo, 05/08/2011

“Aproximadamente 29 mil crianças menores de cinco anos morreram de fome nos últimos três meses na Somália, segundo estimativa divulgada pelo governo dos EUA.
[…] Esse número pode se elevar ainda mais, pois segundo levantamento da ONU ao menos 640 mil crianças somalis estão desnutridas. O surto de fome é resultado da pior seca dos últimos 60 anos, que se abateu sobre a Somália e já se espalha pelo Chifre da África. Segundo a ONU, aproximadamente 10 milhões de pessoas já foram atingidas na Somália, no Quênia, no Djibuti e na Etiópia. […] Além da seca, a fome somali é fruto de um país devastado pela guerra civil -que não tem um governo central desde 1991. Apesar da existência de um governo provisório, quem exerce o poder de fato são milícias e ‘senhores da guerra’.”
Folha de S.Paulo, 05/08/2011

29ª semana de 2011

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“Vocês já repararam que tudo o que é considerado ruim é absorvido pelas pessoas -por nós- bem mais facilmente do que tudo o que faz bem, seja à saúde, seja à alma? E não é só: é muito mais fácil -e prazeroso- fazer o que é proibido do que o que pregam os governos, as religiões, a família, a medicina. Tudo o que é considerado bom para a saúde e para o espírito costuma ter péssimo paladar, dá trabalho e leva tempo para dar resultado: já as coisas condenadas são fáceis, deliciosas, e você se habitua a elas em poucos dias. […] Para desviciar, meses de sacrifício: para reviciar, basta uma noite -é possível? É justo?”
Danuza Leão – Folha de S.Paulo, 17/07/2011

“A música perdeu seus elementos espirituais. O poder da música deixou de ser o espírito para ser o entretenimento. A música conduz a outros planos, e os músicos de hoje não percebem esse poder. Isso tem a ver com o coração das pessoas. Estão cada dia mais duras, ligadas ao dinheiro. A tecnologia também atrapalha. A maneira como ouvimos música hoje, no MP3, no iPod, nos torna impacientes, incapazes de apreciar. Não compramos um álbum e, com reverência, nos dedicamos a escutá-lo. A música hoje serve apenas como trilha sonoro da fundo. E nada mais.”
Bobby McFerrin, 61, cantor e compositor jazzista que ganhou dez prêmios Grammy, Revista Época – 18/07/2011

“Muitos pais foram convencidos pela sociedade de que é melhor a criança aprender o mais cedo possível a ler, escrever e trabalhar com números. Não é.
Já temos inúmeros estudos e pesquisas apontando que crianças precocemente introduzidas no ensino formal não se mostram, no futuro, mais avançadas nos estudos. […] Brincar é uma coisa que, até os seis anos, a criança deveria fazer o tempo todo. […] O que significa muito no futuro desenvolvimento do chamado processo de letramento é a criança aprender, desde bebê, o prazer da leitura. Contar histórias para ela, dar livros bonitos para ela brincar e “ler”, conversar bastante com ela para que amplie seu vocabulário, ouvir com atenção as histórias que ela gosta de contar e brincar com os sons das palavras são alguns exemplos de como os pais podem ajudar no desenvolvimento de seus filhos.”
Rosely Sayão, psicóloga – Folha de S.Paulo, 19/07/2011

“Cristãos representam 10% da população síria, cerca de 2 milhões de cidadãos que sempre viveram em harmonia com a maioria muçulmana sunita, ocuparam posições estratégicas na política e no Exército e gozaram de liberdade religiosa.
Mas a histórica convivência pacífica entre as diferentes comunidades está ameaçada pelas convulsões que o país atravessa.”
Folha de S.Paulo, 19/07/2011

“Triunfantes em sua batalha na mente do jovem, os entorpecentes têm dragado vidas ainda incipientes ao abismo da dependência sem volta. […] Há uma dupla vitimização: do viciado, impelido pelo incontrolável desejo de consumo, que acaba por se tornar um delinquente, e dos inocentes, que por uma infelicidade cruzam seu caminho durante a ação criminosa. […] A internação involuntária do dependente que perdeu sua capacidade de autodeterminação está autorizada pelo art. 6º, inciso II, da lei nº 10.216/2001 como meio de afastá-lo do ambiente nocivo e deletério em que convive.
Tal internação é importante instrumento para sua reabilitação. Na rua, jamais se libertará da escravidão do vício. As alterações nos elementos cognitivo e volitivo retiram o livre-arbítrio. O dependente necessita de socorro, não de uma consulta à sua opinião.”
Fernando Capez, doutor pela PUC-SP, procurador de Justiça licenciado – Folha de S.Paulo, 19/07/2011

“O verdadeiro cidadão é aquele que nutre um amor pelo bem comum, e não apenas pelo bem próprio.”
João Pereira Coutinho – Folha de S.Paulo, 19/07/2011

“Por que os brasileiros não reagem à corrupção? Por que ela não se transforma em revolta, não mobiliza as pessoas, não toma as ruas? Por que tudo, no Brasil, termina em Carnaval ou em resmungo? Não existe resposta simples aqui. Em primeiro lugar, a vida de milhões de brasileiros melhorou nos últimos anos, mesmo sob intensa corrupção, e apesar dela.”
Fernando de Barros e Silva – Folha de S.Paulo, 19/07/2011

“É um problema deixar de se indignar com uma corrupção que mata, como na saúde e nos transportes, e aniquila sonhos, como na educação. Mas também é um problema indignar-se e voltar para casa de mãos vazias.”
Fernando Gabeira – O Estado de S.Paulo, 22/07/2011

“O fim da escrita cursiva me deixa horrorizado. A máquina de calcular não eliminou a necessidade de se aprender, ao menos, a tabuada; não aceito que o teclado termine com a letra de mão. A questão vai além do seu aspecto meramente prático. A letra de uma pessoa é como o seu rosto.”
Marcelo Coelho – Folha de S.Paulo, 22/07/2011

“O dramaturgo Noël Coward (1899-1973), se orgulhava: ‘Tenho uma memória de elefante. Aliás, os elefantes às vezes me consultam’. Assim como havia pessoas que se gabavam de saber de cor o número de telefone dos amigos. Pois esse tipo de conhecimento parece condenado à inutilidade. Toda a memória do mundo cabe agora numa engenhoca portátil, de plástico, que se leva no bolso. Ótimo. Vai sobrar espaço para a cabeça ficar pensando besteiras.”
Ruy Castro – Folha de S.Paulo, 22/07/2011

“O mundo está mais complexo hoje, e no mundo empresarial não é diferente. As estruturas e os modelos de negócio passam por mudanças disruptivas em muitas indústrias. Num futuro próximo, as empresas que obterão sucesso nesse novo ambiente serão aquelas com ‘estrutura de liderança’ forte e robusta.”
Betania Tanure, consultora e professora da PUC Minas – Valor, 22/07/2011

“Cuide do seu corpo, da alimentação e, principalmente, das suas emoções. Seu cérebro agradece. Ele terá mais energia armazenada para usá-la no que realmente importa. Mas, para Richard Restak (neurocientista, professor do Centro de Medicina da Universidade George Washington/EUA), o estresse que os dias de hoje nos causa é o que mais desgasta nosso cérebro. O estresse leva a um ciclo destrutivo no cérebro: a depressão e a ansiedade traduzem a perda de células cerebrais, o que resulta em distúrbios no pensamento, concentração, memória, sono e bem-estar em geral.”
Revista Psique – julho de 2011

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