Tempo de quê?
Quando se abre a Bíblia encontra-se um Deus comprometido com a história humana. Um Deus que ouve o clamor de um povo em sofrimento, um Deus que enxerga ovelhas sem pastor e se comove. Enfim, um Deus que ama. Há diversas intervenções divinas, misericordiosas, a fim de que haja alívio, libertação e salvação. Até que com o nascimento de Jesus, a encarnação do próprio Deus, a mensagem fica mais evidente – o verbo se faz carne (Jo 1.14), e tudo o que se via era graça e verdade.
Em tempos de crise ética, política, econômica, o que esperar? Como agir? Que leitura fazer? Há lição de casa para todo aquele que se diz cristão, afinal, o que não falta é manipulação. Entretanto, ao ver esse Deus da Bíblia, somos inspirados a orar, cheios de esperança.
Nenhuma dor é ignorada, nenhum sofrimento é desconhecido de Deus. As soluções não são mágicas, uma longa trajetória parece ainda nos aguardar, e, fazemos parte daquilo que construímos. Mas, qual o lugar da oração nesses dias?
Mais do que orar por vingança dentro de nossa leitura limitada, de suposta justiça aos nossos olhos turvos, é colocar-se diante de Deus com um coração disposto a ouvir e reconhecer Deus mesmo em tempos difíceis.
Preocupados com o futuro, entregues à ansiedade, engasgamos com o presente, não digerimos o cotidiano, e o mal estar se instala. Abre-se as portas para o desespero, a língua para uma crítica que pouco propõe, sem sabedoria e sem respeito.
Davi, em tempos difíceis, ora e diz: “Contaste os meus passos quando sofri perseguições; recolheste as minhas lágrimas no teu odre; não estão elas inscritas no teu livro? Em Deus, cuja palavra eu louvo, no Senhor, cuja palavra eu louvo, neste Deus ponho minha confiança e nada temerei. Que me pode fazer o homem?” (Sl 56.8,10-11).
A oração tem o potencial de nos reorientar, nos trazer paz, nos tratar, nos ajudar a reconhecer e bendizer a Deus.
Salomão, filho de Davi, também ora e numa noite ouve o Senhor, que lhe diz: “se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, orar e me buscar, e se converter dos seus maus caminhos…” (II Cr 7.14). O que nos indica a necessidade de orarmos, e que enquanto o fazemos, podemos reconhecer quem somos, a quem verdadeiramente buscamos e entrarmos, ou prosseguirmos, num profundo processo de conversão.
O teólogo Karl Barth dizia que “entrelaçar as mãos em oração é o começo de uma revolução contra a desordem do mundo”. O pastor e professor Eugene Peterson faz a seguinte colocação: “uma vida de oração nos obriga a lidar com a realidade do mundo e de nossas próprias vidas a uma profundidade e a um nível de honestidade raramente experimentados pelos que não oram, além de muita daquela realidade que, certamente, evitaríamos se nos fosse possível”. E o escritor Philip Yancey, comenta que “na oração ficamos perante Deus para interceder por nossa situação, bem como pela situação dos que nos rodeiam. Nesse processo, o ato da oração me dá coragem para participar do trabalho de transformar o mundo num lugar em que a vontade do Pai é de fato feita como é no céu. Afinal, somos o corpo de Cristo na Terra; ele não tem outras mãos a não ser as nossas. E, contudo, para agirmos como Corpo de Cristo, precisamos de uma ligação ininterrupta com a Cabeça [Jesus]”. Ou seja, a oração nos leva a olhar mais uma vez, atentamente, a Jesus. A oração nos conduz a uma observação mais profunda da atitude de Jesus diante da corrupção, da miséria humana, diante dos negligenciados e privilegiados.
Oremos. Para o bem de nossa vida, para o bem da nação, oremos.
muito interessante e oportuno como a Dr.Tais Machado em sua reflexão.Transmite sabedoria ,maturidade e sensibilidade.nestes dias tão trabalhosos. Parabéns pelo artigo
No mínimo não deve ler a bíblia. Ou eu estou enganado em afirmar que Deus aparece com frequência no Velho Testamento como aquele que ordena o genocídio, por exemplo, dos Amalequitas?
Filha querida, parabens pela mensagem de encorajamento, Parabens e parabens também pelo dia do piscicólogo, felicidades sempre bjos.
UM ASSUNTO PARA A PSICÓLOGA E MULHER, TAÍS
Na madrugada de terça-feira última um caminhão tombou no trecho Oeste do Rodoanel, na Grande São Paulo. 110 porcas que estavam a caminho do abate ficaram mais de dez horas espremidos. Muitas morreram e outras tiveram que ser abatidas devido as lesões.
Em pouco menos de 24 horas foi levantada a quantia de quase 300.000,00 reais para salvar os animais e pagar as despesas. As câmeras de TV filmaram o desespero, choro e profusas lágrimas dos ativistas dos animais.
No dia 2 de agosto último, Gisele Santos foi brutalmente agredida por seu companheiro em Caxias do Sul, no Rio Grande do Sul: com um facão, ele cortou seus pés e mãos. Os médicos conseguiram reimplantar os pés da jovem, mas as duas mãos tiveram que ser amputadas em decorrência dos ferimentos.
Uma vaquinha virtual foi feita há dez dias para comprar um par de próteses para ela, que está desempregada.
Até esta sexta-feira haviam sido arrecadados 11.000 reais, 42% do total necessário.
O que isto tem a ver com este blog?
A rigor, nada. Afinal, casos escabrosos como estes aparecem todos os dias e se a dona do blog tivesse que chorar as mágoas pelo horror de tudo isso, morreria de inanição.
Mas Taís é psicóloga e mulher, e admito, não tem esse viés estúpido dos ativistas que salvaram as porcas do Rodoanel.
Mas tem sim. Tem quando “Tempo de quê?” é de uma irrelevância a toda prova. Discurso e nada mais. Uma espécie de ‘tapinha no ombro’ do leitor.
Bem que Taís poderia, como psicóloga e mulher, ajudar a esclarecer sua audiência, que não deve ser pequena, e seus leitores, que mesmo não concordo, como eu, com muito do que se escreve aqui, poderia ser um blog que chamaria a atenção para a relevância.
A propósito, Karl Barth, segundo consta, bem próximo da morte, cantou uma música de ninar que em inglês segue assim: “Jesus loves this I know, for the bible tells me so, little ones to him belong, they are weak but he is strong.”
É tão infantilizado que até a Whitney Houston gravou essa porcaria.
Sim, Barth foi um gênio teológico. Pode-se dizer que deu ao mundo Europeu e Americano uma ‘nova ortodoxia’. Era um daqueles clássicos em cultura e preparo teológico quase inigualável. Era versado em filosofia, sobretudo Hegel.
Quanto a Eugene Peterson… Bem, tipos como ele — “Eu leio o Apocalipse não para obter mais informações, mas para reviver a minha imaginação” http://www.ultimato.com.br/revista/artigos/336/eugene-peterson-eu-leio-o-apocalipse-nao-para-obter-mais-informacoes-mas-para-reviver-a-minha-imaginacao — faz a delícia de quem está mais para deslumbramento teológico, auto-ajuda e outras filigranas inúteis