07ª semana de 2013
“Eu me defino hoje como agnóstico militante. Não sou ateu, porque ser ateu e negar a existência de Deus é algo que também exige fé, de que você pode provar a inexistência de algo. Dito isso, vou deixar claro que não sou religioso de maneira nenhuma. Sou ambivalente: eu não sei se Deus existe e não estou preocupado com isso, porque acho que é impossível saber.”
Brian Schmidt, Prêmio Nobel de Física de 2011, “O Estado de S.Paulo” – 10/02/2013
“Escrever um poema, pintar um quadro, fazer um filme, uma peça de teatro, uma composição musical, enfim, fazer o que se conhece como obra de arte, sempre requer do autor o domínio de um ‘métier’, de uma linguagem própria a cada um desses gêneros artísticos, além, é claro, do talento, sem o qual aquelas outras condições não adiantam de nada. Pode ser que me engane, mas estou convencido de que a pessoa nasce poeta, ou pintor ou cozinheiro. Sem o domínio do ofício, ninguém vai adiante, mas o que torna aquele saber fazer uma obra de arte é o talento, que não se aprende no colégio. Mas o talento não está por sua vez desligado dos recursos técnicos que tornam possível a realização da obra.”
Ferreira Gullar, “Folha de S.Paulo” – 10/02/2013
“Joseph Ratzinger é um dos maiores teólogos vivos do cristianismo. Como papa Bento 16 fracassou. […] Bento 16 foi um duro crítico da ideia de que a igreja deva aceitar soluções modernas para problemas modernos. Nesse sentido, apesar de ter resistido bravamente, com a idade e a fraqueza que esta implica, acabou por ser um papa acuado pelas demandas modernas feitas à igreja e por uma incapacidade de pôr em marcha sua “infantaria”, que nunca aceitou plenamente seu perfil de intelectual alemão eurocêntrico. Sua ideia de igreja é a de um pequeno grupo coeso de crentes, fiéis ao magistério da igreja (conjunto de normas para condução moral da vida), distante das ‘modas moderninhas’.”
Luiz Felipe Pondé, “Folha de S.Paulo” – 12/02/2013
“Como intelectual, este papa sempre soube melhor se dirigir ao cérebro do que ao coração das pessoas. Várias vezes topei com frases de Bento 16 que eu mesmo, ateu de carteirinha, poderia subscrever. A primeira surpresa foi quando ele visitou o local de um antigo campo de concentração nazista. Em seu discurso, deixou no ar a pergunta memorável. Ficamos pensando, disse o papa, onde estava Deus quando tudo isso aconteceu. Era uma pergunta que nada tinha a ver com as habituais consolações, tão vazias, que a rotina religiosa costuma invocar nesse tipo de situação.”
Marcelo Coelho, “Folha de S.Paulo” – 13/02/2013
“Podemos levar a história a sério? Até que ponto devemos acreditar que os relatos históricos que lemos nos livros descrevem as coisas como se passaram? Em que grau podemos confiar nas explicações que nos são oferecidas? A história não é uma ciência no mesmo sentido em que o é a física ou até a economia. Ela não apenas é incapaz de nos dar um modelo por meio do qual possamos fazer previsões como ainda traz a incrível propriedade de tornar o próprio passado incerto.”
Hélio Schwartsman, “Folha de S.Paulo” – 13/02/2013
“Quem autoridades controlam nosso país, que deputados e senadores, que ministros? Serão todos altamente corretos, altamente experientes, competentes, conhecedores das atribuições e do alcance do seu cargo? Ou muitos são medíocres, sem noção do que fazem, amedrontados e de cabeça abaixada, sem saber direito o que fazem ali? Que fim levaram ética, responsabilidade, seriedade aqui entre nós? […] Nunca fomos perfeitos, mas já estivemos em melhor situação. Os males eram menos escrachados, nós, menos tolerantes, não esquecíamos tão depressa. Hoje temos de correr, comprar, consumir, nos endividar até o limite da loucura. E temos que nos divertir, ora essa!”
Lya Luft, “Revista Veja” – 13/02/2013
“Nesta vida todo mundo, querendo ou não, é pautado. Todos somos levados, obrigados, arrolados ou dirigidos a fazer muita coisa. Algumas, impossíveis, como não mentir ou ser pusilânime. Os planos para nossas vidas existem antes do nosso aparecimento no mundo. Antes do nosso nascimento, pai e mãe tinham expectativas fulminantes em relação às nossas vidas. Nossas pautas existenciais são os projetos e esquemas que figuram na nossa sociedade e cultura: instruções do tipo como comer, vestir-se, limpar-se e dormir – caminhos simbólicos e reais a serem necessária e precisamente percorridos como a escolha de certas profissões e valores religiosos e políticos; rituais de crise de vida ou de passagem celebrados em nossa honra ou para os outros, os quais temos de – querendo ou não – acompanhar. Do nascimento até a morte, seguimos esquemas precisos e implacáveis.”
Roberto DaMatta, “O Estado de S.Paulo” – 13/02/2013
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