04ª semana de 2013
“Ser pai ou mãe, mais que uma possibilidade biológica, é um aprendizado. ‘Podemos encarar a família como uma prisão ou um lugar de abrigo. Um espaço de trocas ou de isolamento coletivo. Um agente de mudanças ou um dispositivo de alienação. De qual família estamos falando?, diz Junia de Vilhena, psicanalista e terapeuta familiar.”
Ruth Aquino, “Revista Época” – 21/01/2013
“O ex-ciclista americano Lance Armstrong, usuário confesso de doping para se tornar o maior campeão da história de seu esporte, é também um recordista da mentira. Depois de enganar milhões de torcedores ao ganhar sete vezes a Volta da França sob o efeito de substâncias proibidas –e de se submeter a transfusões de sangue para esconder o rastro delas no organismo–, mentiu repetidamente ao se dizer inocente das acusações ainda tímidas que lhe começavam a fazer. Depois mentiu para as federações de ciclismo e para o Comitê Olímpico Internacional. Mentiu para seus colegas ciclistas e para os praticantes de todos os esportes. Mentiu para as crianças que o tinham como ídolo e queriam imitá-lo. Mentiu para os dirigentes da Livestrong, a fundação contra o câncer criada por ele – ele próprio uma vítima da doença. E, por fim, mentiu para seus biógrafos. […] Armstrong os tapeou, contando-lhes a história bonita que queria ver publicada. E obrigou a que seus colaboradores – envolvidos na sua extensa rede de doping, inclusive médicos – também mentissem. Agora, sim, Lance Armstrong pode render uma grande biografia. Vivo ou morto.”
Ruy Castro, “Folha de S.Paulo” – 21/01/2013
“Uma estatística envergonha os sul-coreanos: o índice de suicídios no país -medido para cada 100 mil pessoas- é o mais alto entre os membros da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico. Ele aumentou de 13,6, em 2001, para 31,2, em 2010. Mas ainda mais perturbador é o índice de suicídios entre os sul-coreanos maiores de 65 anos. No mesmo período, ele inchou de 35,5 para 81,9. ’Os velhos sentem-se traídos ou pensam que são um peso para seus filhos, principalmente os que têm doenças crônicas cujas contas médicas os filhos lutam para pagar’, disse Park. ‘Sua crença na família como uma entidade com um destino comum os leva a afastar-se dela, removendo o peso’. Kim Sungwhan, diretor do distrito de Nowon, em Seul, foi um dos primeiros administradores a abordar a crise dos suicídios. Ele treinou cerca de mil voluntários para reconhecer sinais de advertência e conectar idosos com tendências suicidas aos serviços sociais. Kim Man-jeom, 73, foi uma dessas pessoas. Depois da morte de seu marido, no ano passado, ela caiu em depressão. Ficou decepcionada porque seus filhos não a convidaram para morar com eles, mas também temia tornar-se um fardo para a família. ‘Quando vi uma gravata, pensei em me enforcar’, disse. A população da Coreia do Sul está envelhecendo mais depressa do que a de outros países desenvolvidos. Sociólogos dizem que o baixo índice de nascimentos deriva da relutância dos jovens casais a imitar seus pais e gastar suas economias na educação dos filhos, deixando pouco para sua velhice. ‘Nossa sociedade deu ênfase à eficiência econômica ao custo da condição humana’, diz Kim.
Choe Sang-Hun, “The New York Tinmes/Folha de S.Paulo” – 21/01/2013
“Muito mais produtivo do que tentar prever o future é construí-lo a partir do que sabemos hoje, e não consultar oráculos como o de Delfos, cartomantes, gurus e profetas.”
José Goldemberg, “O Estado de S.Paulo” – 21/01/2013
“De algum tempo para cá, setores da mídia manifestam preocupante ambiguidade ética. O que é sensacionalismo barato numa publicação popular é informação de comportamento nas respeitáveis páginas de alguns veículos da chamada grande imprensa. Biografias não autorizadas (ou difamação politicamente correta) e síndrome do boato compõem um retrato de corpo inteiro da indigência editorial. Best-sellers de ocasião, apoiados no marketing da leviandade e sustentados pela repercussão da mídia, ganham status de seriedade. O que interessa não é a informação. O que importa é chocar. Ao tentar disputar espaço com o mundo do entretenimento, alguns setores da imprensa estão entrando num perigoso processo de autofagia. Esquecem que a frivolidade não é a melhor companheira para a viagem da qualidade. Pode até atrair num primeiro momento, mas depois, não duvidemos, termina sofrendo arranhões irreparáveis no seu prestígio. Não podemos sucumbir às regras ditadas pelo mundo do espetáculo. Existe espaço, e muito, para o jornalismo de qualidade. Basta cuidar do conteúdo.”
Carlos Alberto Di Franco, “O Estado de S.Paulo” – 21/01/2013
“Quando Hannah Arendt cunhou a expressão ‘banalidade do mal’, ela não imaginava como a morte se tornou um fato corriqueiro no mundo atual, sem os trágicos acordes do Holocausto. Talvez haja nas matanças banais um desejo de desvendar o mistério da morte, bem lá no fundo do inconsciente. Para além de vinganças, busca de poder ou dinheiro, ódio puro, prazer, há a vontade de ‘naturalizar’ a morte, de modo que ela deixe de ser a implacável ceifadora. Tenho certeza de que os assassinos que passam de moto e metralham inocentes não têm consciência da gravidade de seus feitos – apenas mais um dia divertido de violências. Os filmes americanos buscam o tempo todo essa banalidade: tiros súbitos sem piedade, jorros de sangue ornamentais, a beleza fálica das superarmas automáticas. Nos brutos filmes de ação, nos videogames, nas notícias bombásticas de tragédias há um claro desejo de esquecer a morte, mostrando-a sem parar. Um desejo de matar a morte. Um desejo de entendê-la pela repetição compulsiva. Mas, nunca conseguiremos exorcizá-la, porque quando ela chega não estamos mais aqui.”
Arnaldo Jabor, “O Estado de S.Paulo” – 22/01/2013
“Com quase 30 milhões de novos usuários ativos mensais, o Brasil foi o país que mais cresceu no Facebook em 2012, de acordo com dados divulgados pela empresa de estatísticas de mídias sociais Socialbakers. Desde março do ano passado, o Brasil é o país com o segundo maior número de usuários (65 milhões) na rede social, atrás apenas dos Estados Unidos (167 milhões), ainda segundo a Socialbakers”.
“Folha de S.Paulo” – 24/01/2013
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