49ª semana de 2011
“A literatura brasileira demonstra que 70% da performance escolar é determinada pelo “background” familiar, pelo tipo de educação do pai e especialmente da mãe, pela renda da família etc.”
Marcelo Neri – Folha de S.Paulo, 04/12/2011
“Com a globalização, nossos maiores problemas passaram a operar em escala global. A mudança climática, o terrorismo, os desequilíbrios comerciais, nada disso afeta apenas um país. O problema é que estamos enfrentando a nova realidade com instituições anacrônicas, de 200 anos atrás.”
Ian Morris, 51, historiador e arqueólogo, Revista Veja – 07/12/2011
“O medo da lei é insuficiente para que ela seja respeitada. É preciso que ela seja acatada por conter no seu bojo o que é eticamente adequado como reflexo do querer social.”
Antônio Cláudio de Oliveira – O Estado de S.Paulo, 07/12/2011
“Os meninos que cresceram em torno do tráfico nas favelas cariocas interpretam papéis parecidos. Seja como usuários, ‘formiguinhas’ (passadores de pequenas quantidades) ou trabalhando na segurança das gangues, só conheceram a realidade da droga. Com a vitoriosa implantação das UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora), seu modo de vida foi subitamente desarticulado. Eles podem ter abandonado o uso ou a venda de drogas, mas é importante que as UPPs Sociais, encarregadas de reencaminhar esses jovens, não custem a lhes oferecer oportunidades reais de aprendizado e trabalho -em departamentos que não tenham nada a ver com seu antigo universo. Não basta tirar a droga do sistema deles. Há que substituí-la por algo diferente e melhor.”
Ruy Castro – Folha de S.Paulo, 07/12/2011
“A expansão do ensino superior no Brasil saltou de 1,945 milhão de matrículas em 1998 para 6.379.299 em 2010. Desse volume de matrículas, 4.736.001, perto de 75%, pertencem às instituições privadas. A pós-graduação cresceu mais de 150% em menos de dez anos. São 173 mil matrículas, sendo 144.911 (95%) em instituições públicas. Titula 50 mil mestres e doutores por ano, com um padrão de qualidade internacional. Mas se o aumento dos pesquisadores no Brasil é comemorado como um bem nacional, o do número de graduados nem tanto. […] No Brasil, a universalidade do acesso ao ensino superior é, de fato, um problema. Temos menos de 16% da população de 18 a 24 anos matriculada em cursos superiores. Perdemos do Paraguai (18%) e da Argentina (48%), passamos longe de Portugal (50%) e não conseguimos divisar a Coreia (78%). […] A dimensão do sistema de ensino superior brasileiro não pode, na direção e na velocidade econômica que o país necessita, representar, apenas, milhões de matriculas.”
Luiz Roberto Liza Curi, sociólogo – Folha de S.Paulo, 09/12/2011
“Dogmas vão contra tudo o que sabemos sobre o mundo. Virgens não costumam dar à luz e pessoas não saem por aí ressuscitando. Em contextos normais, um homem que veste saias e proclama transformar vinho em sangue seria internado. Quando se trata de religião, porém, aceitamos violações à física e à lógica. Por quê? Ou Deus existe e espera de nós atitudes exóticas -e inconsistentes de uma fé para outra-, ou o problema está em nós, mais especificamente em nossos cérebros, que fazem coisas esquisitas no modo religioso. Ateus privilegiam a ciência e a lógica, ao passo que crentes dão mais ênfase a suas intuições, que estão sempre a buscar padrões e a criar agentes. Posta nesses termos, fé e ceticismo se tornam um amálgama de influências genéticas e culturais difícil de destrinchar – e de modificar. Como bom ateu liberal, aplaudo avanços no secularismo, já que contrabalançam o lado exclusivista das religiões, que não raro degenera em violência e obscurantismo. Mas, ao contrário de colegas mais veementes, acho que a religião, a exemplo do que se dá com filatelia, literatura e sexo, pode, se bem usada, ser fonte legítima de bem-estar e prazer.”
Hélio Schwartsman – Folha de S.Paulo, 10/12/2011
“Uma posição totalmente racionalista é irracional. Há um lado da experiência humana que é misterioso. Sou cartesiano com pitada de candomblé.”
Fernando Henrique Cardoso – Folha de S.Paulo, 10/12/2011
“Sua fragmentação gera imprevisibilidade. Uma Europa unida é um ator único com quem é fácil dialogar, onde radicalismos locais são atenuados pela média dos demais membros. Fragmentada, são 27 países com agendas em conflito e onde o protecionismo e nacionalismo de um único país pode forçar os demais a decisões extremas.”
Gustavo Romano – Folha de S.Paulo, 10/12/2011
“O que você deixa de fazer pode feri-lo. Oportunidades perdidas levam a arrependimento mais tarde. […] Não fazer nada é fácil. É, muitas vezes, um erro invisível – um pecado de omissão. Para agir, é preciso coragem. Para inovar, ainda mais coragem. E, hoje, coragem parece um recurso escasso. À espera de que estão nossos líderes? Sem ação ousada e inovação, de que maneira economias em apuros escaparão do declínio? A coragem torna a mudança possível. É preciso coragem intelectual para questionar velhas verdades e imaginar novas possibilidades. […] Faço um apelo para a coragem na liderança: não deixar problema sem solução. Não deixar oportunidade inexplorada. Não deixar ideia definhando.”
Rosabeth Moss Kanter, professora de administração da Harvard Business School, nos EUA – Harvard Business Review – dezembro de 2011
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