43ª semana de 2011
“Apenas uma população bem informada será capaz de tomar as decisões para um futuro melhor. Por isso, precisamos de mais ciência na mídia, nas escolas, nas nossas comunidades. Se o Brasil quer estar entre as cinco maiores potências mundiais nas próximas décadas, precisará de uma população educada cientificamente, preparada para competir com países que sabem da importância da ciência para o desenvolvimento.”
Marcelo Gleiser – Folha de S.Paulo, 23/10/2011
“Existe um denominador comum das crises econômicas, sociais e ambientais do nosso planeta: o padrão de consumo humano. Os estilos de vida da sociedade são um dos fatores que resultam nas chamadas doenças crônicas não transmissíveis: câncer, doenças respiratórias, condições cardiovasculares, hipertensão e diabetes, que matam no mundo cerca de 35 milhões de pessoas por ano. Tabagismo, alimentos com alto teor de gordura, sal e açúcar e o consumo nocivo de bebidas alcoólicas causam mais de dois terços dos novos casos dessas doenças. […] O homem é parte do ambiente em que vive. Os agravos sobre a saúde do planeta e a saúde humana têm causas interligadas. Para resolvê-los, é imperativo que os países adotem uma abordagem sistêmica e integrada.”
Luiz Antônio Santini e Tânia Cavalcante – Folha de S.Paulo, 23/10/2011
“O número de amigos no Facebook não mede apenas popularidade. Mede também o tamanho de áreas do cérebro associadas a uma rede que compreende memória, emoções e interações sociais. Pessoas com essas áreas mais expandidas conseguem desenvolver mais relacionamentos? Ou mudaram seu cérebro porque usam mais o Facebook, estabelecendo mais relacionamentos? Os cientistas da University College de Londres, responsáveis pela pesquisa, divulgada na semana passada, não sabem.
O que imaginam saber, graças a uma série de testes de ressonância magnética, é que existe uma relação entre o tamanho de certas áreas do cérebro e o número de amigos. […] Se, por um lado, há dúvidas sobre como a tecnologia cria novos circuitos cerebrais, é sabido, por outro, que o cérebro é plástico, molda-se aos estímulos externos. Isso significa que a inteligência pode aumentar ou diminuir.”
Gilberto Dimenstein – Folha de S.Paulo, 23/10/2011
“Na Líbia, na Síria, o povo se ergueu contra a falta de liberdade e os privilégios de que gozam os donos do poder e clama por democracia. Onde há democracia, como nos países ocidentais, as causas do descontentamento são outras; atrevo-me a dizer que se rebelam contra os excessos do regime capitalista. E aqui me parece estar a novidade. É isso aí: os jovens dos países capitalistas vão à rua para exigir mudanças radicais no capitalismo. A coisa ainda não está explícita e daí a dificuldade de apreendê-la e defini-la. Mas é isso que me parece surgir nas ruas dessas numerosas cidades: uma visão crítica do capitalismo que não tem nada a ver com Karl Marx nem com o que se define como esquerda. […] Não obstante, tendo derrotado o comunismo e se tornado o dono do pedaço no mundo inteiro, o capitalismo agora é questionado por aqueles que nunca leram Marx. Por isso mesmo, não podem os seus defensores alegar que os que estão nas ruas exigindo mudanças são subversivos a serviço de Moscou ou de Pequim, hoje tão capitalistas quanto Nova York ou Londres.”
Ferreira Gullar – Folha de S.Paulo, 23/10/2011
“Ágape, álbum do padre Marcelo Rossi, já é o CD mais vendido do ano, ainda que lançado há pouco mais de um mês: 1,4 milhão de unidades, um número que impressionaria mesmo nos tempos em que ainda existia indústria fonográfica.”
Revista Veja – 24/10/2011
“Viramos súditos das respostas simplórias. Todos fazem estudos que demonstram que professores melhores e mais tempo em sala de aula dão resultado melhor. Como a questão de professores melhores é subjetiva, e que leva tempo (uma ou duas décadas) para se consertar, parte-se para o segundo item. Assim, começa a grita pela escola integral e por mais tempo na sala de aula. Como se torturar a meninada com mais horas monótonas e mal pensadas fosse resultar em aprendizado duradouro. Que bobagem! Isso não passa de um clichê, que serve para dar aos pais e aos políticos a sensação, idealizada, de que algo está sendo feito. O custo é altíssimo, e esse percentual a mais de PIB que iria custear um aumento de jornada deveria ser usado na reforma curricular. […] No mundo que está por vir, com currículos baseados na web e abolição gradual do sistema conteudista, acrescentar horas de aula é quase um ato criminoso. Essa dinheirama precisa ser redirecionada a fim de preparar as escolas para a revolução digital. Que, aliás, permitirá aos alunos surfarem questões em casa, em vez de acorrentá-los às carteiras.”
Ricardo Semler – Folha de S.Paulo, 24/10/2011
“Com uma infraestrutura subdimensionada, o trabalhador sai de casa mais cedo, volta mais tarde, descansa menos, produz menos, é mais ansioso, adoece mais e consome menos. Nossa infraestrutura é cara por falta de planejamento, que, por sua vez, decorre de falhas na educação. A educação ineficiente, além de não conseguir capacitar gestores para um planejamento competente, cria um contingente de profissionais subcapacitados que exercem funções que pouco agregam em produtividade e muito pesam no custo. […] Educação limitada sai caro, prejudica nossa capacidade de planejar e torna o Brasil menos competitivo. Precisamos de menos chefes e mais engenheiros e administradores competentes. Precisamos aprender a planejar, o que nunca soubemos fazer. À nossa nação não falta dinheiro. Falta apenas saber empregá-lo melhor.”
Gustavo Cerbasi – Folha de S.Paulo, 24/10/2011
“Faço o convite para que você repense sua atitude a cada situação que envolva dinheiro. Não pense simplesmente em economizar. Esqueça a preocupação de poupar intensamente. Procure melhorar suas escolhas e faça com que sejam coerentes, saudáveis e equilibradas. Se fizer isso, estará dando um grande passo em direção à prosperidade.”
Gustavo Cerbasi, Revista Época – 24/10/2011
“A corrupção virou a pior forma de barbárie de nossa democracia não apenas porque mercadeja com o destino de crianças ou porque sacrifica vidas em hospitais imundos e estradas abandonadas, mas principalmente por ter transformado a política numa indústria complexa, cuja finalidade é a apropriação da riqueza de todos para fins privados (e fins partidários são fins privados).”
Eugênio Bucci, jornalista e prof. da ECA-USP, Revista Época – 24/10/2011
“É preciso diagnosticar e atuar sobre aquilo que pode diminuir nosso ímpeto desenvolvimentista. A melhoria da Educação é tarefas, a um só tempo, mais urgente e mais de longo prazo que temos de cumprir. Fazer com que as crianças se alfabetizem solidamente, que os jovens concluam o ensino médio e que nossos estudantes ampliem nossas capacidades científicas e tecnológicas é o grande passaporte para o futuro. Para isso, é preciso caminhar, mesmo que aos poucos, para o modelo necessário: escola de tempo integral, carreira docente atraente, comprometimento da escola com o aprendizado dos alunos, monitoramento constante dos resultados escolares e incentivo para a adoção das melhores práticas pedagógicas.”
Fernando Abrucio, cientista político, prof. da FGV/SP, Revista Época – 24/10/2011
“Devemos olhar com admiração o que jovens de todo o mundo fizeram em 2011. Em Túnis, Cairo, Tel Aviv, Santiago, Madri, Roma, Atenas, Londres e, agora, Nova York, eles foram às ruas levantar pautas extremamente precisas e conscientes: o esgotamento da democracia parlamentar e a necessidade de criar uma democracia real, a deterioração dos serviços públicos e a exigência de um Estado com forte poder de luta contra a fratura social, a submissão do sistema financeiro a um profundo controle capaz de nos tirar desse nosso ‘capitalismo de espoliação’. […] Ao serem questionado sobre o que querem, muito jovens respondem: ‘Queremos discutir’. Pois trata-se de dizer que, após décadas da repetição compulsiva de esquemas liberais de análise socioeconômica, não sabemos mais pensar e usar a radicalidade do pensamento para questionar pressupostos, reconstruir problemas, recolocar hipóteses na mesa. O que esses jovens entenderam é: para encontrar uma verdadeira saída, devemos primeiro destruir as pseudocertezas que limitam a produtividade do pensamento. Quem não pensa contra si nunca ultrapassará os problemas nos quais se enredou. Isso é o que alguns realmente temem: que os jovens aprendam a força da crítica.”
Vladimir Safatle – Folha de S.Paulo, 25/10/2011
“Tempos econômicos difíceis podem aproximar as pessoas. Depende muito da resposta social para a crise econômica, das comunidades aos sindicatos. Se houver determinação em compartilhar a resposta, a consequência psicológica pode ser até muito boa. Se a resposta for “cada um por si e o diabo fica com o último”, mais pessoas terão que lutar.”
Raewyn Connell, socióloga australiana – Folha de S.Paulo, 26/10/2011
“Hoje, a tecnologia digital facilita o trabalho dos falsários, e, graças à internet, um boato se transforma rapidamente numa certeza coletiva.”
Contardo Calligaris – Folha de S.Paulo, 27/10/2011
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