25ª semana de 2011
“Nunca se pensa no poder do tempo, do quanto ele comanda nossa vida; também nunca se pensa no quanto ele é precioso, mas um dia você vai lembrar que ele passou e não volta mais. […] Para ter uma maturidade com poucos arrependimentos, é preciso não perder tempo.”
Danuza Leão, Folha de S.Paulo, 19/06/2011
“A música tem a missão de salvar o mundo. Estamos experimentando a degradação da sensibilidade – e só a música pode restituir a dignidade à beleza. E não exatamente beleza material. Pode parecer romantismo, mas restabelecê-la é uma tarefa real.”
Gustavo Dudamel, 30, venezuelano, dirige as orquestras Simón Bolívar, Sinfônica de Gotemburgo, da Suécia, e Filarmônica de Los Angeles – Revista Época, 20 de junho de 2011
“É burro torturar alunos com decoreba de clássicos, mas é tarefa urgente dos adultos transmitir de forma viva o que aprendemos como ‘raça humana’.”
Ricardo Semler, Folha de S.Paulo, 20/06/2011
“Nesse mundo em que a vida é vivida com velocidade máxima e em que o outro quase sempre é um estorvo ou uma ameaça, os adultos estão dispostos a brigar por qualquer coisa a todo o momento. […] Ter de compartilhar brinquedos, conviver com a diferença e tolerar defeitos não são atos comuns entre as crianças. Poucas delas aprendem essas lições, seja na escola que frequentam seja em casa, com pais e parentes.
O curioso é que, ao observarmos a vida dos mais novos, logo percebemos que: eles brigam em demasia; exageram nas reações quando se defrontam com situações que lhes trazem dificuldades, decepções ou frustrações; não sabem administrar tampouco resolver os conflitos que a convivência provoca. Entretanto, não temos a mesma facilidade para constatar que estamos fazendo o mesmo em nossas vidas e que, portanto, os mais novos têm aprendido conosco a agir como agem. Se conseguirmos retirar a venda de nossos olhos e enxergar tudo o que temos ensinado a eles, talvez fique menos árdua a tarefa educativa, em família ou na escola.”
Rosely Sayão, Folha de S.Paulo, 21/06/2011
“O Suas (Sistema Único de Assistência Social) acaba de ser aprovado no Senado, novamente na total ignorância dos brasileiros, que desconhecem os marcos legais de intervenção de que dispõem para forjar uma sociedade mais justa e igualitária, liberta da miséria. Mobilizar os Centros de Atendimento da Assistência Social na busca ativa, ampliar e fortalecer o Programa Saúde da Família, operando na inclusão, criar oportunidades por meio da descoberta de formações. […] Não é tarefa fácil, toma tempo, energia e não vai custar tão barato como se apregoa. Oferecer oportunidades é muito mais caro e trabalhoso do que apenas prover um auxílio monetário que garante consumir um pouco mais do mesmo.”
Lena Lavinas, doutora em economia, Folha de S.Paulo, 21/06/2011
“Cada vez mais me espanto, e cada vez menos acredito. Não funciona, comigo, aquela conhecida frase dos mais velhos ‘ a mim, nada mais me espanta’. Pois a mim tudo ainda me choca, ou intriga, faz rir ou chorar ou me indignar como sempre, pois, vivendo mais, conheço mais as dores humanas, nossa responsabilidade, nossa miséria, nosso dever de solidariedade e trabalho, a necessidade de competência e honradez, de exemplo e seriedade.”
Lya Luft, escritora, Revista Veja, 22 de junho de 2011
“Em geral, quem se vicia não é tanto quem acha sua vida dolorosa ou injusta, mas quem a acha chata, ou seja, quem não consegue se interessar por sua própria vida. […] Quem se droga porque acha a vida chata tende a trocar a vida pela droga. […] Discordo de quem afirma que qualquer uso de maconha seria inócuo. Nos adolescentes, por exemplo, um consumo diário e intenso (solitário, já de manhã) é frequentemente o sinal de uma depressão que é MUITO difícil vencer, uma vez que ela se instala.
Entendo que alguém, mofando num tédio mortal (e inexplicado), chegue à conclusão de que a vida sem maconha é uma droga. Mas, infelizmente, em regra, a droga aprofunda o vazio que ela é chamada a compensar ou corrigir. Ou seja, talvez a vida sem maconha seja uma droga, mas a maconha sem vida também é.”
Contardo Calligaris, Folha de S.Paulo, 23/06/2011
“O fenômeno das drogas é complexo, assim como a solução; portanto, as etapas para entender o fenômeno, atualizar-se sobre suas implicações e preparar a sociedade para mudar seus pensamentos e comportamentos ainda estão muito longe de acontecer.
Todas as drogas psicotrópicas alteram a capacidade de decidir; assim, os jovens, que já não possuem essa função mental plena, decidirão ainda menos preparados.
Já existem drogas lícitas que favorecem o uso das demais, não é preciso disponibilizar nenhuma outra. As complicações do uso são agudas e crônicas, com interfaces como a violência, a contaminação por doenças sexualmente transmissíveis e a gravidez indesejada. As doenças mentais e de comportamento, as doenças cardiovasculares, pulmonares, os cânceres, além das malformações congênitas, são frequentes.
Sem prevenção, sem tratamento adequado e disponível, diante da diversidade cultural do país, a política deveria ser desenhada para cada droga, para cada região. […] É preciso lembrar que a economia das drogas é uma das três maiores economias do planeta.”
Ronaldo Ramos Laranjeira, psiquiatra; Ana Cecilia Marques, pesquisadora do Inpad/CNPq) – Folha de S.Paulo, 23/06/2011
“Na missa de sétimo dia de seu filho, Gabriel, 2, e de outras três vítimas do acidente de helicóptero na sexta, no litoral da Bahia, o vocalista do grupo Biquini Cavadão, Bruno Gouveia, emocionado, cantou uma das músicas que o menino gostava de ouvir. […] No site da banda, Bruno publicou um carta aos fãs, amigos e parentes, intitulada ‘O pior dia de minha vida’. Veja os principais trechos: A palavra para o sentimento desde então é DOR. (…) É uma dor que te assalta, te maltrata e te exaspera.
(…) Só dizia: ‘O que está acontecendo comigo? Dediquei minha vida a alegrar as pessoas, por que motivo agora tiram de mim a maior alegria de minha vida?’.”
Folha de S.Paulo, 25/06/2011
“Num artigo impactante, que vira do avesso alguns dos pressupostos da filosofia e da psicologia evolucionista, os pesquisadores franceses Hugo Mercier (Universidade da Pensilvânia) e Dan Sperber (Instituto Jean Nicod) sustentam que a razão humana evoluiu, não para aumentar nosso conhecimento, mas para nos fazer triunfar em debates. […] Temos dificuldade para processar informações que contrariam nossas convicções. Em suas versões extremas, ele produz pseudociências, fé em religiões e sistemas políticos e também teorias da conspiração. […] A razão só funciona bem como fenômeno social. Se pensarmos sozinhos, vamos muito provavelmente chafurdar cada vez mais fundo em nossas próprias intuições. Mas, se a utilizarmos no contexto de discussões, aumentam bastante as chances de, como grupo, nos dar bem. Ainda que nem sempre, por vezes as pessoas se deixam convencer por evidências. Trabalhos mostram que, quando submetidas a situações nas quais é preciso chegar a uma resposta correta (testes matemáticos ou conceituais), pessoas atuando sozinhas se saem mal, acertando em torno de 10% das respostas (Evans, 1989). Quando têm de solucionar os mesmos problemas em grupo, o índice de acerto vai para 80%. É o chamado efeito do bônus de assembleia.”
Hélio Schwartsman, Folha de S.Paulo, 25/06/2011
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