“Não resta dúvida de que o mundo de hoje pôs nas mãos das pessoas novos recursos tecnológicos, meios outros de comunicação e criação de formas, tanto no espaço como no tempo, e tudo isso gera novas possibilidades de inventar mensagens e imagens inusitadas. É natural, portanto, que os artistas se sintam tentados a abandonar as técnicas de expressão tradicionais e busquem criar, com os novos meios, um inesperado universo de relacionamentos semânticos. […] O problema talvez esteja no fato de que, não tendo uma linguagem própria, o artista se encontra a braços com uma experiência sem limites, que o leva, com frequência, a perder-se na gratuidade do que concebe.
A tendência, por isso, é entregar-se ao exótico ou à extravagância, ao invés de buscar o rigor e os limites necessários à realização estética, qualquer que seja o meio que utilize. A obra tem que, por sua qualidade, afirmar-se necessária a quem a aprecia. Aí reside o xis da questão. Porque toda obra de arte é uma invenção, o artista, ao começá-la, nunca sabe como ela será quando concluída. É que, em sua elaboração, os fatores casuais têm papel decisivo: realizá-la é tornar necessário o que surgiu por acaso.”

Ferreira Gullar, Folha de S.Paulo, 06/03/2011

 

“A preocupação central não é obter uma nota, mas desenvolver a capacidade de se entregar à aventura do conhecimento.”

Gilberto Dimenstein, Folha de S.Paulo, 06/03/2011

 

“Um bom teste para saber se o que você está aprendendo vale a pena é ver se o conteúdo em questão visa te deixar feliz. Se for o caso e você tiver uns 40 anos de idade, você corre o risco de sair do ‘curso’ engatinhando como um bebê fora do prazo de validade. A mania da felicidade nos deixa retardados. Querer ser feliz é uma praga. Quando queremos ser felizes sempre ficamos com cara de bobo. Preste atenção da próxima vez que vir alguém querendo ser feliz. Mas hoje em dia todo mundo quer deixar todo mundo feliz porque agradar é, agora, um conceito ‘científico’. Quem não agrada, não vende, assim como maçãs caem da árvore devido à lei de Newton.”

Luiz Felipe Pondé, Folha de S.Paulo, 07/03/2011

 

“Hoje há muitos que acreditam que o dinheiro, além de comprar uma vida mais “rica”, também garante a qualidade da morte: por meio dele, os abastados despedem-se deste mundo no ambiente glamuroso de “hospitais-boutique”, sob os cuidados dos “médicos da moda”. Mas será que as coisas são tão simples? Por um lado, ainda que a pobreza torne a vida difícil, é ingênuo pensar que a riqueza, por si só, seja capaz de resolver os enigmas que a existência nos impõe, magnatas ou não. E o remorso não raro corrói a paga que os “eleitos” recebem por sua ganância.”

Cláudio Guimarães dos Santos, Folha de S.Paulo, 09/03/2011

 

“Um relatório divulgado pela Unesco (braço das Nações Unidas para a educação), na terça-feira 1º, revela que o Brasil investe 1.598 dólares (2.659 reais) por ano com cada estudante das séries iniciais do ensino fundamental. O valor corresponde a menos de um terço dos 5.557 dólares (9.246 reais) aplicados pelos países desenvolvidos. Apesar da diferença acentuada na comparação com as nações ricas, o investimento brasileiro é o dobro do que era feito em 2000. O estudo ainda revela que o País se mantém no 88º lugar no ranking de desempenho educacional, atrás de países como Bolívia e Equador, nossos vizinhos mais pobres.”

Carta Capital – 09/03/2011

 

“O dramatismo é a praga da época e afeta empresas de todos os portes e setores. Seus líderes assumem comportamentos de celebridades, valorizando a imagem mais do que os fatos. Seus colaboradores colocam suas carreiras acima de tudo, sempre preocupados em passar uma boa impressão. Rituais, eventos e comemorações sucedem-se, transformando o ambiente em teatro ininterrupto.”

Thomas Wood Jr., Carta Capital – 09/03/2011

 

“A concepção do bem público como algo valoroso nunca é espontânea, mas sim, fruto de um forte empenho por parte do estado e das famílias”.

Roberto Romano, filósofo, Veja – 09/03/2011

 

“1) Nada torna a vida interessante tanto quanto a descoberta de nossa própria complexidade; 2) Talvez a função mor da cultura seja a de nos dar acesso a partes de nosso âmago que normalmente escondemos de nós mesmos; 3) Conclusão: se conseguimos viver plenamente, é graças a autores, atores, intérpretes etc. que nos revelam nosso próprio lado B (e C e D). “

Contardo Caligaris, Folha de S.Paulo, 10/03/2011

 

“[Posso deixar o PSB] pela incompatibilidade, pela incoerência que isso representaria. [O partido] cresce [com a fusão], mas cresce inchando. O inchaço é doença e mata.”

Luiza Erundina, deputada federal e ex-prefeita de SP – Folha de S.Paulo, 10/03/2011

 

“Informe da ONU alerta para a redução do número de colônias de abelhas – responsáveis pela polinização e essenciais para garantir alimentação das pessoas – em várias partes do mundo. Entre as causas está o uso excessivo de inseticidas. De cem espécies que contribuem com 90% dos alimentos, 70% são polinizadas pro abelhas.”

Afra Balazina e Fátima Lessa, O Estado de S.Paulo, 11/03/2011