25 de novembro de 2010
“Olhando para trás, descubro (com certo orgulho) que, ao longo da vida, fiz inúmeras concessões, inclusive na hora de escolhas fundamentais. […] Muitas vezes lamento não ter sabido fazer as concessões necessárias, por exemplo, na hora de ajustar meu desejo ao desejo de pessoas que amava e de quem, portanto, tive que me afastar. […] A coerência é uma virtude só para quem se orienta por princípios. Para o indivíduo moral, que se orienta (e desorienta) por dilemas, a coerência não é uma virtude, ao contrário, é uma fuga (um tanto covarde) da complexidade concreta. Oscar Wilde, que é um grande fustigador de nossas falsas certezas morais, disse que “a coerência é o último refúgio de quem tem pouca fantasia” e, eu acrescentaria, de quem tem pouca coragem.”
Contardo Calligaris, Folha de S.Paulo – 25/11/2010
“O foco da igreja deve ser a humanização da sexualidade, o que significa basicamente que se sexo é barato e amor é caro, o primeiro sem o segundo sempre corre o risco de ser degradante. […] Ninguém quer pensar porque é ‘feio’ dizer que a “vida como balada” é um beco sem saída. Mas é exatamente aí que a igreja destoa e por isso se torna essencial, para além das crenças de cada um.”
Luiz Felipe Pondé, Folha de S.Paulo – 25/11/2010
“Já não são princípios religiosos que norteiam a nossa vida. Desestimulados ao altruísmo e à solidariedade, centramos a existência no próprio umbigo – o que certamente explica, na expressão de Freud, ‘o mal-estar da civilização’, hoje acrescido desse vazio interior que gera tanta angústia, ansiedade e depressão.”
Frei Betto, Revista Caros Amigos – novembro de 2010
Já não são princípios religiosos que norteiam…” (Frei Beto). Escrevendo de certo da murada do hotel em Cuba enquanto aprecia alguma prisão lá. Ou, se não estiver uma por perto, a própria Cuba, uma grande prisão!