Sou pai há oito anos. Não tenho dúvidas de que uma boa parte do meu aprendizado para a paternidade* veio da minha convivência com a Kelen, minha esposa e mãe do meu filho:

1. Coragem

Desde o primeiro dia do nascimento do Miguel, a Kelen assumiu um papel que até então não era seu plano principal ter. Ao contrário de outras mulheres, ela não foi mãe “por antecipação”, mesmo assim encarou o desafio. Isso me ensina muito sobre coragem. Uma coragem que nasce no calor das circunstâncias, não na idealização romântica. Uma vida moldada, não pelo sonho, mas pela realidade. Aprendo, portanto, que a maior parte da vida é assim mesmo: o “agora” é o grande laboratório da existência. Em cada novo dia, os pais têm responsabilidades repetitivas, pouco prazerosas e, também por vezes, imprevisíveis; mesmo assim, legítimas e justas. Nada de errado. Ao contrário, são tarefas que nos fazem assumir uma humanidade real, que nos desafia a ser perseverantes e corajosos.

2. Autenticidade

A autenticidade da experiência de maternidade da Kelen me ensinou a também ser mais autêntico em minha paternidade. Quanto mais permitirmos viver nosso papel de cuidado com o outro, mais podemos ser nossa expressão mais genuína. Não sabíamos como ser pais, mas quando nos tornamos, também aprendemos a nos conhecermos mais. É um tipo de autodescoberta. Sou mais pai, quanto mais mãe é a Kelen. Do meu jeito. Do jeito dela.

3. Vocação

A maternidade da Kelen me ensinou a entender melhor o que significa a paternidade como “vocação”. Me acostumei a explicar tal conceito a partir dos estudos teológicos e missiológicos, mas vocação é mais do que uma disciplina acadêmica da Teologia; é uma resposta a um plano pessoal maior e mais misterioso do que minha experiência individual pode supor. A paternidade/maternidade é um chamado ao encontro definitivo com o outro (nesse caso, o outro é uma parte de mim mesmo). Esse encontro com o “outro íntimo” me faz encontrar-me com o “Totalmente Outro”; Aquele que rege e une vidas a partir de sua vontade boa, perfeita e agradável. Aquele que nos ensina a amar, visceralmente, alguém que saiu de nós. Ao ver a Kelen sendo mãe, me vi também como um vocacionado a ser pai.

Me sinto um privilegiado em poder criar o Miguel ao lado da Kelen. E nesse Dia das Mães, sei que tenho muito mais a celebrar. Celebro a união da maternidade com a paternidade. Juntas, elas não somente fortalecem uma a outra, mas principalmente tornam os filhos mais amados, seguros e preparados para enfrentar o mundo.

 

* Atenção! Esse texto não é sobre idealização dos papéis, mas simplesmente sobre viver uma vida que vai além da minha própria.

 

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