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27ª semana de 2011

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“Não acredito que o suicídio seja necessariamente um ato de agressão contra alguém, contra muitos ou contra todos, segundo dizem os que acham que entendem tudo sobre a natureza humana. Eles apenas acham, já que nunca ninguém soube nem jamais saberá o que se passa na cabeça de alguém que decide se matar; e mesmo os que tomam essa decisão, deixando uma ou muitas cartas, talvez não saibam exatamente em que momento ela foi tomada, e por que a vida ficou tão impossível de continuar sendo vivida; só sabem que ficou.”
Danuza Leão – Folha de S.Paulo, 03/07/2011

“Os vi passarem da maconha à cocaína e endoidarem. Está certo ou errado? Foi escolha deles e cada um, como se sabe, tem o direito de dar à vida o rumo que quiser, no que, tenho certeza, os ministros do Supremo concordarão comigo. Só espero que os traficantes não se valham disso para cobrir a cidade com grandes outdoors, afirmando que “cheirar é um direito de todo cidadão”. Ou seja, se você acha que cheirar faz mal, não cheire, mas não queira impedir o outro de fazê-lo. Cada um é dono de seu nariz. Como tenho a mania de meter o nariz onde não devo, ponho em questão também essa tese. Sem dúvida, cada um faz o que quer com seu nariz, desde que, com isso, não crie problemas para o nariz alheio. Pois a verdade é que, se o garoto adere às drogas e não tem grana para comprá-las, mete a mão na bolsa da mamãe. Drogado, pode sair doidão com o carro do papai e atropelar alguém. Por essas e outras é que não participo da Marcha da Maconha, mas, se promoverem marchas pela melhora do atendimento psiquiátrico, contem comigo.”
Ferreira Gullar – Folha de S.Paulo, 03/07/2011

“Nós, brasileiros, participamos de uma longa série de pequenos subornos e atos que não achamos bonitos, mas consideramos um mal necessário, ou uma convenção cultural. Depois, apontamos os dedos para os eleitos pelo voto.”
Ricardo Semler – Folha de S.Paulo, 04/07/2011

“Metade do ano já passou, o que nos convida a fazer reflexões sobre o que já fizemos e o que estamos por fazer. Em uma breve enquete que fiz entre meus seguidores na rede social Twitter, 90% afirmam que estão longe de cumprir ao menos metade de suas promessas de Ano Novo. Tirei da conta os que se disseram tranquilos pelo fato de não terem feito nenhuma promessa. Perdemos o interesse por nossos sonhos? Ou será que nossa capacidade de criar está ruindo com a intensa erosão provocada por fatores externos, como a tributação excessiva, a inflação e as frequentes mudanças de regras?”
Ricardo Cerbasi – Folha de S.Paulo, 04/07/2011

“O cérebro de meia-idade pode ganhar habilidades surpreendentes conforme envelhecemos, mais isso não acontece com todos. Os cientistas perceberam que só os adultos que sempre tiveram hábitos saudáveis e vida intelectual ativa apresentaram a superativação.”
Marcela Buscato – Época, 04/07/2011

“Já se vive tanta mentira no cinema que evito coisas espetaculares como a câmera aos pulos.”
Manoel de Oliveira, 102, cineasta português – Época, 04/07/2011

“Há 60 anos morria o maior músico do século 20. Porém ele continua um desconhecido mesmo entre o público letrado das sociedades ocidentais. Seu nome não é estranho, mas suas músicas continuam simplesmente ignoradas. Pensar atualmente sobre ele é, por isso, uma boa maneira de nos perguntarmos sobre o destino, em nossas sociedades, da própria noção de ‘experiência estética’.”
Vladimir Safatle – Folha de S.Paulo, 05/07/2011

“O mundo muda e a gente muda também com o mundo, senão fica estagnado. Nós somos máquinas de mudança, sempre vendo coisas que fazem transformar. Você ficar igual o resto da vida é horrível. O barato é você mudar, se gostar. Tem coisas de que eu não gostava na década de 70 e hoje gosto. Tem coisas de que eu gostava e hoje detesto. É assim: a vida é uma eterna transformação. Esse é o barato da vida, de viver. E isso é fundamental, pra vida e pra arte. Quando o trabalho de um artista é verdadeiro, ele fica pra sempre. E isso vai se revelando através de sua alma, de seu caráter, do seu eito. O trabalho de um artista é um espelho da alma dele.”
Gal Costa, 65, cantora – Revista Rolling Stone Brasil – julho de 2011

“A Constituição fala que a saúde é universal, mas não dizem em nenhum lugar que ela é equitativa. A equidade não foi assumida como valor principal desse processo.”
Edmar Bacha, economista – Valor – 05/07/2011

“Jean Paul Sartre escreveu: ‘não importa o que a vida fez de você, o que importa é o que você faz com o que a vida fez de você’. Em outras palavras, para usar uma ideia meio fora de moda, temos livre arbítrio para construir a nossa vida, não somos apenas produto da sociedade, da família, dos hormônios etc.”
Mirian Goldenberg – Folha de S.Paulo, 05/07/2011

“Queremos (ou achamos que é preciso) saber de tudo, revelar tudo, abrir a roupa, tirar a roupa, escancarar a casa, o quarto, filmar a cama, relatar o dia a dia minuto a minuto, para um ou milhares de desconhecidos ou amigos virtuais. […] Discrição não está com nada, recato é coisa fora de moda, os tímidos precisam ser fortes e resistentes na sua timidez abençoada. Estamos ávidos de exposição, nossa e alheia.”
Lya Luft – Revista Veja, 06/07/2011

“Todos nós, em média, dedicamos mais energia à tentativa de silenciar nossos sonhos do que à tentativa de realizá-los.”
Contardo Calligaris – Folha de S.Paulo, 07/07/2011

8ª semana de 2011

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“Muitos jovens estão buscando outros rumos, abraçando a montanha-russa do empreendedorismo. Um número significativo de profissionais experientes persegue a mesma aventura. A motivação dos dois grupos é diferente: enquanto os mais jovens procuram a vertigem e o sucesso, os mais maduros frequentemente buscam apenas escapar do tédio e da frustração. Os riscos são consideráveis: as taxas de falência de novos negócios, próximas de 50%, atestam a distância entre o sonho e o feijão. […] Em lugar de se tornarem donos de seu tempo, veem-no esvair ainda mais rapidamente do que antes, a tentarem fazer frente a dezenas de tarefas, todas aparentemente urgentes. […] O momento os favorece e a vida nas pradarias do empreendedorismo tem seu charme: os horizontes são amplos e muitos caminhos continuam inexplorados. Porém, as chances de encontrar estrelas guias são escassas.”

Thomaz Wood Jr, Carta Capital – 23/02/2011

 

“Na última década, houve uma gigantesca evolução tecnológica dentro de uma mesma geração. Por isso, torna-se inconcebível pensar na ação formativa de crianças e jovens sem envolver as TICs (tecnologias de informação e comunicação).
Os educadores, que não experimentaram inicialmente essa vivência tecnológica, também se deparam com o desafio de entender o seu papel nesse contexto.
Computadores com acesso à internet já são realidade em boa parte das escolas. O sistema 1:1 -um computador para cada aluno ou jovem- começa a ser implementado, e os obstáculos de infraestrutura são lentamente superados. No entanto, o que para muitos era um jargão -“não basta ter acesso, é preciso saber o que fazer com a tecnologia”- hoje é a questão mais urgente a ser respondida. A tecnologia permite colocar pessoas em contato com pessoas e todas em contato com a informação, em qualquer tempo e de qualquer lugar. Este é o grande potencial das TIC’s na educação. No entanto, disponibilizar isso ao aluno, sem relacionar à sua formação, não tem valia.”

Adriana Martinelli Carvalho, Folha de S.Paulo – 21/02/2011

 

“Hoje, o carnaval se anuncia como um prenúncio de calamidade pública, uma ‘selva de epiléticos’, com massas se esmagando para provar nossa felicidade. A alegria natural do brasileiro foi transformada em produto. […] A infelicidade de hoje é dissimulada pela alegria obrigatória.”

Arnaldo Jabor, O Estado de S.Paulo – 22/02/2011

 

“Herdeiros de uma sensibilidade romântica abastardada, acreditamos que a arte deve ser “autêntica”, e que a “autenticidade” consiste em abrir as comportas da alma, despejar os nossos “sentimentos” e “emoções” na via pública e, por via dessa catarse, nos libertarmos das nossas neuroses pessoais. Segundo essa doutrina, a arte não é arte, é terapia. Um romance não é um romance, é uma sessão de psicanálise por escrito. E o artista não é um artista, é como um doente mental que vive no asilo psiquiátrico e que pinta, ou escreve, por motivos estritamente terapêuticos, antes da medicação noturna. Visitar grande parte dos nossos museus, dos nossos palcos ou das nossas estantes é tropeçar continuamente nessas alegres pornopopeias. Tragicamente, Aronofsky e companhia ignoram que a arte não é questão de expressão ou repressão, mas de disciplina e sublimação.”

João Pereira Coutinho, Folha de S.Paulo – 21/02/2011

 

“À medida que blogs, YouTube, Orkut, Facebook e Twitter passaram a dar a qualquer indivíduo um grau de exposição antes reservado às celebridades, as portas e janelas de todos foram abertas para multidões de voyeurs declarados. Quem está conectado em casa passou a estar, ao mesmo tempo, na rua. E vice-versa. Onde quer que se esteja, os amigos sempre estão por perto. Muitas vezes, perto demais. E nem são tão amigos assim.”

Luli Radfahrer, Folha de S.Paulo – 23/02/2011

 

“A música saiu da mão dos criadores e passou para a mão dos produtores. As grandes gravadoras que ainda existem, não apostam mais em diretores artísticos. Gostam mesmo é dos diretores de marketing. E o pior é que isso não acontece apenas no Brasil. É um fenômeno mundial. […] O problema é que os meios de comunicação desaprenderam a lidar com a música. […] O cara tem em casa meia dúzia de maquininhas eletrônicas maravilhosas, e ele mesmo produz seu disco, faz capa e mixa. Uma possível música do futuro, de qualidade, vai ser feita cada vez mais por esforços individuais. Tem de vir de baixo para cima, pois de cima para baixo não vem nada.”

Júlio Medaglia, 71, maestro, Revista Brasileiros – fevereiro de 2011

 

“Violência, uma anomalia social ou fruto da sociedade? As bases de definição de violência não são únicas como o senso comum prevê. Violência é um termo difícil de ser definido, pois, além de possuir muitas significações, é um termo subjetivo e que é entendido de várias maneiras dependendo do contexto social em que o sujeito vive. […] A sociedade está proliferada em todas as camadas da sociedade e nas mais diversas esferas. Crimes hediondos, falta de solidariedade e perversão da cidadania são alguns tipos de violência que acabam mostrando que o homem pós-moderno parece menosprezar-se. De maneira geral, são as crianças e jovens em pleno processo de formação de identidade e absorção de valores que acabam levando todo esse contexto de violência para si.”

Cecília Bernardes Francisco e Débora Lopes César, Revista Sociologia, fevereiro de 2011

 

“Sou um individualista-egoísta. Mão teria coragem de abdicar do meu conforto por um bem comum.”

Gilberto Braga, 65, novelista – Revista Marie Claire – fevereiro de 2011

 

“Depois de agir, examine o que fez e qual foi o resultado. É aqui que o aprendizado realmente ocorre. Refletir é algo fundamental – e funciona melhor se for uma prática regular. Reserve um tempo ao fim de cada dia, por exemplo (talvez no caminho de volta para casa). Que ações deram certo? O que poderia ser feito de forma diferente? Pense nas conversas que teve.”

Linda Hill e Kent Lineback, Harvard Business Review – fevereiro de 2011

24 de setembro de 2010

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“De 18 a 29 de outubro, em Nagoya, no Japão, nova reunião da Convenção da Diversidade Biológica (CDB) – que nasceu no Rio de Janeiro, em 1991 – discutirá caminhos para tentar reverter o atual quadro de perda da biodiversidade no mundo, que é, junto com as mudanças climáticas, a maior ‘ameaça à sobrevivência da espécie humana’, segundo o ex-secretário-geral da ONU Kofi Annan. Já estamos consumindo pelo menos mais de 30% de recursos naturais acima da capacidade de reposição do nosso planeta, diz o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente. E isso contribui decisivamente para o desaparecimento progressivo das espécies em terra e no mar. […] O Brasil tem lugar destacado entre os detentores de biodiversidade – entre 15% e 20% do total mundial. São 103.870 espécies incluindo vegetais, fungos e algas; 9.101 espécies marinhas; e quase 2.600 espécies de peixes de água doce, das quais 800 ameaçadas de extinção (a bacia mais ameaçada é a do Paraná). O valor anual dessa biodiversidade brasileira é calculado em US$ 2 trilhões. […] ‘A exploração em excesso ameaça o mundo’, alerta o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon. De fato, há estudos indicando ameaças à sobrevivência de 520 milhões de pessoas por causa do esgotamento próximo de estoques pesqueiros em 65% das águas marítimas. […]

É por essas coisas que passa o futuro humano. Por isso é bom prestar a atenção em Nagoya.”

Washington Novaes, Estado de S.Paulo – 24/09/2010

 

“José Saramago e Pilar se completavam em tudo. Quase todos os últimos romances dele foram dedicados a ela. Eles tinham uma história de amor muito bonita, muito tocante. Saramago não seria o mesmo sem ela”

Fernando Meirellescineasta e produtor de “José e Pilar”, Folha de S.Paulo – 24/09/2010

 

“Se eu aprendi alguma coisa na prisão, foi que dinheiro não é a coisa mais importante na vida… O tempo é!”

Michael Douglas, que interpreta Gordon Gekko no filme “Wall Street: O Dinheiro Nunca Dorme” Folha de S.Paulo – 24/09/2010

23 de setembro de 2010

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“Ocorreu-me que talvez uma das fontes da infelicidade seja a necessidade de parecermos felizes. Por que precisaríamos mostrar ao mundo uma cara (ou uma careta) de felicidade?

1)      A felicidade dá status, como a riqueza. Por isso, os sinais aparentes de felicidade podem ser mais relevantes do que a íntima sensação de bem-estar;

2)      Além disso, somos cronicamente dependentes do olhar dos outros. Consequência: para ter certeza de que sou feliz, preciso constatar que os outros enxergam minha felicidade.”

 Contardo Calligaris, Folha de S.Paulo – 23/09/2010

 

“A realidade eu tenho todo dia. Vejo as coisas ruins, criticáveis, e escrevo sobre elas. Isso te envenena a alma. Fiz esse filme [“Suprema Felicidade”] em busca do prazer da obra de arte.”

Arnaldo Jabor, Folha de S.Paulo – 23/09/2010

 

“A indústria dos telefones celulares jogou no mercado uma quantidade e variedade tal de aparelhos que, a cada novo equipamento comprado, temos de passar por um – muitas vezes – penoso processo de adaptação para conseguir fazer uso da parte que julgamos essencial do produto. […] Fazer o que já sabemos fazer, mesmo que seja complicado, é muitas vezes mais fácil do que fazer o mesmo de uma maneira nova, ainda que mais simples.”

Márion Strecker, Folha de S.Paulo – 23/09/2010

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