É misteriosa a relação entre o escritor e o leitor. Quando genuína, é tudo, menos óbvia. A despeito de todas as “fórmulas mágicas” de Marketing, nada garante no que isso vai dar.

Num dia qualquer, o leitor se depara com um livro – que provavelmente já estava lá em sua frente há algumas semanas, sem despertar um interesse real. No entanto, surge um repentino desejo de abri-lo, e assim ele faz.

Ao iniciar a leitura, o leitor é transportado para um universo de outro(s). No começo, ele se esforça para adaptar-se, para compreender o caminho de um raciocínio, mas depois vai se acostumando. Quanto mais se acostuma, mais mergulha. Quanto mais mergulha, mais se apropria, ele próprio, daquele universo. O leitor se apodera de tal forma que o mundo do livro se torna dele, e não mais do autor.

Nasce uma “co-criação”, e o leitor se vê como criador também. Ele já imagina o mundo do escritor e, ao seu molde, vai tornando concreto cada detalhe que outrora só estava na mente de quem elaborou o livro. Cores, formas, texturas, temperatura, personalidades, aparências… tudo se mistura na conexão de duas mentes proporcionada pela escrita.

Fato: o escritor não tem o mínimo controle do que acontecerá quando seu livro cair nas mãos de um leitor. Impotente, ele se conforma com a (deliciosa) ideia de ser um mero coadjuvante da sua obra.

Imagem: pixbay

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