Maringá em dia nublado. Foto: Lissânder Dias

“O hoje é onde está o seu coração”.
(Autor desconhecido)

Vivemos sob a força da gravidade. Inescapavelmente. Isso não nos torna prisioneiros dela; ao contrário, ao longo da vida vamos aprendendo a contorná-la, criando movimentos que fazem o bom uso do fato de que “tudo cai”. Andar, praticar esporte, manter-se em pé… ações que são resultado do nosso domínio sobre essa tal força.

O lugar em que estamos é o presente que temos. Damos passos – com a ajuda da gravidade, que nos chama continuamente a tocar no chão da nossa existência.

Por isso, o lugar em que estamos é o nosso encontro com o presente. Andar, correr, saltar, abraçar… ser.

Mesmo que tenhamos saudades de outros lugares que vivemos (ou que sonhemos com os que onde ainda vamos viver), o fato é que estamos pisando, nesse exato momento, em um “solo sagrado”; o chão onde construímos nossa história. Certamente não será o último, mas é o que temos. E isso o torna santo.

Quando Moisés se encontrou com Deus no monte Horebe, diante de uma sarça ardente, o Criador disse para ele tirar as sandálias, “pois o lugar em que você está é terra santa” (Ex 3.5). O que tornou aquele chão santo? Sem dúvida, não era a quantidade de terra ou a qualidade das pedras, mas sim a beleza do encontro entre o Criador e a criatura, abraçados pela criação. Deus, ser humano e terra: juntos!

O mundo foi criado por Deus para propósitos santos, e isso torna toda a terra santificada, quando a vemos como o palco para os encontros que Deus quer proporcionar. A terra é santa quando nos recebe gentilmente no milagre da relação com o Pai e com as pessoas.

Maringá é o “lugar em que estou”; é o chão em que eu piso, corro, abraço, trabalho, oro, amo. Mas hoje a cidade amanheceu nublada, sem sol, escondendo sua beleza. Esse fato não me faz esquecer todos os outros dias ensolarados que ela já me proporcionou. Essa é a dádiva da permanência: ampliar a vida para além de dias ocasionais.

A cidade-canção completará amanhã (dia 10) 76 anos, e eu agradeço a Deus pela “terra santa” onde ele me permitiu colocar os pés.

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