No grito dos profetas do Antigo Testamento (como Joel, Miquéias e Amós), Deus convoca todos ao arrependimento (Jl 2.13, Mq 7.9, Am 5.4,5). E isso acontece em meio à advertência do caos de um mundo desobediente. Deus humilha a arrogância (Mq 2.4), embaralha a pretensa paz e a enganosa ordem humana (Mq 1.4, 6, Am 5.21).

À primeira vista, são relatos incômodos e tristes para nosso entendimento pós-moderno. Parece um Deus furioso e disposto a condenar os que são indiferentes a ele. Mas se mergulharmos nos relatos bíblicos e nos esforçarmos a entendê-los, veremos, na verdade, o magnífico chamado à salvação (Mq 2.12,13, Am 5.14). Deus salva, a despeito da nossa indisposição para ser salvo. Deus grita aos ouvidos surdos de quem se acha livre e próspero (Am 4).

Se a história terminasse no Antigo Testamento, minha mente continuaria crendo em Deus, mas confesso que talvez entrasse em um senso de urgência desesperado e sem medida. Talvez fosse isso o necessário naquele tempo dos profetas. Talvez até seja ainda necessário em algumas circunstâncias e lugares do nosso tempo.

É preciso dizer que Deus ainda é o “Deus que salva”. Sua voz ecoa, não mais pelos gritos dos profetas antigos, mas pela boca do próprio Deus (Hb 1.1-2). Jesus Cristo é o “Deus que salva” (Mt 1.21).

Deus se revela totalmente envolvido com a humanidade em seu contexto peculiar. “Deus salva” no Antigo Testamento por meio das vozes dos profetas, amando ferozmente, não se permitindo à indiferença. “Deus salva” no Novo Testamento, por meio da morte e da vida do próprio Jesus, amando humanamente, com firmeza e compaixão, não se permitindo ausente, mas totalmente presente nas histórias humanas.

Jesus Cristo não é “outro Deus”. Ele é a face completa de Deus que os fiéis de todos os tempos precisavam e precisam. Por meio de Jesus, a salvação se tornou acessível a todos e todas. Por meio de Jesus, a salvação se tornou o caminho para a vida eterna.

 

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