“Então, eu me silenciei resignado e me calei a respeito do bem, mas a minha angústia aumentou” (Sl 39.4).

 

Às vezes, o silêncio vem de dentro – insuportável que é o barulho de fora. Às vezes, o pecado é tão pesado que só temos força para respirar. Nenhuma palavra faz sentido e nenhum som é suficiente. Só nos resta, portanto, calar e orar silenciosamente.

Assim foi com Davi no salmo 39. Um poema franco e não ufanista sobre a realidade do poeta. Ele estava confuso (6) e pediu ao Senhor que mostrasse o “fim da minha vida e o número dos meus dias para que eu saiba quão frágil sou” (4).

Em meio à sua vulnerabilidade, o poderoso rei Davi se calou, como um servo diante do seu senhor, como um cachorrinho diante do seu dono. A oração se tornou sua única ferramenta e sua esperança em Deus sua única luz.

Sabe… às vezes demora para percebermos que não somos nada além de um “sopro” (5) e que nosso sustento está em Deus – não somente o sustento, mas também a força e a direção.

Tem hora que o melhor jeito de acordarmos é sentindo “o golpe da mão” do Senhor (10), algo que nos faz discernir o rumo errado que estamos tomando. Entre tantos descaminhos, precisamos de um braço forte nos conduzindo para o caminho certo. Aí então nos prostramos diante Dele e reconhecemos nossa pequenez neste vasto e complexo mundo.

Como efeito, já não temos uma voz altiva e orgulhosa de tempos de outrora, quando pensávamos dominar o mundo, as pessoas e as circunstâncias. Depois do silêncio o que nasce é um grito de socorro (12), clamando por misericórdia a um Deus santo frente ao meu pecado.

Por fim, assim oro a mais honesta de todas as orações:

“Desvia de mim os teus olhos para que eu volte a ter alegria, antes que eu me vá e deixe de existir” (13).


 

Imagem: Pixabay 

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