SOMOS UMA GERAÇÃO ANSIOSA, GANANCIOSA E SEM TEMPO PARA AMADURECER OS PEQUENOS FRUTOS QUE BROTAM DE NÓS

 

Sufoca. Oprime. Tira o ar. Restringe a relação com o sol, com os micro-organismos, com a água…

A semente plantada entre espinhos é uma metáfora perfeitamente atual que fala sobre onde estamos e como conduzimos nossas vidas.

Jesus explica que “a preocupação da vida e o engano das riquezas sufocam as sementes, tornando-as infrutíferas” (Mt 13.22- NVI). Sim, somos uma geração ansiosa, gananciosa e sem tempo para amadurecer os pequenos frutos que brotam de nós.

O prejuízo é imenso!

Perdemos o senso de propósito, nos sentimos inúteis e, por fim, nossa planta se perde entre tantos espinhos que machucam e doem. O cansaço toma conta do nosso corpo e já não almejamos coisas santas. Perdemos a sensibilidade para com o próximo e não aprendemos a discernir o trabalho de Deus no mundo.

Aos poucos (ou rapidamente) nos apequenamos diante da complexidade da vida e decidimos nos fechar em casulos bem confortáveis de status social, bens materiais, vícios, arrogância intelectual e poder.

O que ansiamos deixa de ser nobre e nos tornamos pessoas abastadas, mas medíocres.

Me diga: é isso vida? Seria esse o plano do Semeador?

Desconfio que a fonte de infelicidade está na ilusão de que o maior esforço deva ser acumular sementes em nossas mãos. Leio esta parábola do Mestre e aprendo que o desafio, na verdade, é permitir com que as sementes cresçam em mim. A diferença é grande entre uma ideia e outra. Nos preocupamos tanto em juntar grãos que nos esquecemos de cultivá-los.

O desafio, na verdade, é permitir com que as sementes cresçam em mim.

Outra parábola que Cristo contou é a do homem que gasta sua vida construindo celeiros para armazenar sua produção. Jesus o chama de “insensato”, pois acumula tesouros na terra, mas não é rico em relação a Deus (Lc 12.21).

Que tal?

Diante deste cenário, pergunto:

Que tal arrancarmos os espinhos – um a um – e seguirmos em frente?

Que tal aproveitarmos a seiva de nossas plantas e desenvolvermos a graciosa salvação dentro de nós?

Que tal abrirmos o coração para o amor que frutifica na vida dos outros e traz sombra para o viajante cansado?

Que tal fincarmos nossas raízes à beira do riacho para que se tornem profundas e deem muitos frutos (Sl 1)?

Que tal sermos tudo o que Deus quer que sejamos?

Que tal arrancarmos e queimarmos, de uma vez por todas, os espinhos que nos sufocam e, enfim, experimentarmos aquela liberdade que só Cristo nos dá e que reafirma nossa identidade?

Que tal?

 

Imagem: Pixabay

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