Imagem: Rembrandt Van Rijn - Petróleo - 28 x 34 cm - 1632 - (Musée du Louvre (Paris, France))

 

O tempo não cabe em si. Caminha sempre em frente, nunca para. E nós, vez ou outra, nos assustamos quando abrimos a janela e percebemos que não somos quem erámos. Somos o fruto da semente do gênesis. Somos o resultado do começo e dos recomeços de inúmeras gerações que, com suas virtudes e falhas, vão construindo a vida.

Tudo isso parece ser apenas imaginação. Imaginamos sentido para uma linha reta simplória, boba. Mas e se talvez não for? E se houver uma misteriosa camada de significado com começo, meio e fim a cada instante? Longe de pretender compreendê-la, a questão é admitir a amplitude e até uma certa grandeza dos memoriais do tempo. E se houver um Deus que faz do tempo uma oportunidade de revelar-se? Estranho pensar assim, mas o fato é que a vida é composta de oportunidade e revelação. Menos que isso é mediocridade.

Ah, o tempo! Esse que tanto generosamente já me deu, por que não respeitá-lo e amá-lo? Que mal há em aproximar-se dele, como amigos que se reencontram após anos? Por que não reconciliar-se com ele?

Saiba: o ano sempre será novo. Simplesmente porque o tempo tem a incrível capacidade de refazer a vida, em qualquer momento.

O fôlego primário ainda ecoa em cada respiração do dia a dia, em cada problema, em cada vitória, em cada sonho, em cada oração. Até mesmo o grito que a dor provoca ainda é fôlego. E enquanto há fôlego há vida.

O tempo é respiração.

Feliz 2021!

 

Imagem: Imagem: Rembrandt Van Rijn – Petróleo – 28 x 34 cm – 1632 – (Musée du Louvre (Paris, France))

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