Francis Schaeffer está vivo e mora na África
No frio de uns 10 graus, escrevo as primeiras linhas diretamente da Cidade do Cabo (África do Sul). Depois de quase 15 horas de viagem (desde Viçosa), agora estou deitado numa cama improvisada lendo e respondendo e-mails. O congresso começa no domingo e termina dia 25.
Chegamos na cidade por volta das 14h (o fuso horário local é de 5 horas a mais que o do Brasil). A cidade nos recebeu com um dia bonito e quente. Agora, a noite está fria.
Hospedo-me até amanhã em uma pousada um tanto quanto excêntrica e repleta de objetos antigos. A hospitalidade é parecida com a do L’abri. Por sinal, o dono da pousada é a cara do Francis Schaeffer! Chama-se Alan. Ele é sul-africano, mas filho de europeus. Entre estátutas, quadros e fotos, ele mostra algo interessante: um livro de fotografias feitas por Sylvester Jacobs do cotidiano da vila suíça de Shelter. Francis escreve o prefácio do livro, e ele mesmo é fotografado em cenas como: pregando sermão na igreja, servindo a ceia, etc. Com o título de Portrait of a Shelter, a publicação traz, quase todas, imagens de pessoas das mais diversas.
De fato, Schaeffer já morreu e não era africano. Mas a semelhança física dele com o Alan, a apreciação da simplicidade das imagens e a expectativa para o início do III Congresso Lausanne, tudo isso me fazem pensar sobre como o Cristianismo é rico em nos ensinar a ser pessoas melhores, que se relacionam com alegria e sabedoria para com os outros. O mundo precisa de um amor assim.
Taí um grande desafio: entender que, mesmo o evangelismo sendo um confronto de ideias e questionamentos, ele necessariamente tem a ver com relacionamentos. E nesta área o aprendizado não chega a cavalo. É preciso muita sabedoria para entender o outro da forma como Deus o quer. Para isso, precisamos de uma certa dose de ingenuidade. Somente os ingênuos acreditam nos outros. Não obstante o prejuízo aparente, os mais ingênuos ajudam os menos ingênuos a exergarem outras coisas mais importantes do que alcançar o sucesso, dominar uma discussão ou tornar-se rei do próprio mundo. O mundo dos espertos é uma tragédia!
Felipe Stelli
Grande Lissander! Apenas uma precaução: “Estamos em vias de produzir uma raça de homens mentalmente modestos demais para acreditar na tabuada.” (G. K. Chesterton). Ingenuidade sim (como as pombas), mas com a esperteza de uma serpente. Às vezes, vencer uma discussão é um ato de amor!
Lissânder Dias
Sim, Felipe. A sabedoria está em lutar pela verdade, sem perder o amor. E para amar é preciso ser um pouco ingênuo sim.