É fácil definir pecadores. É fácil estabelecer padrões espirituais e morais a partir da nossa compreensão idealizada do que é certo. No entanto, nem sempre estamos certos, e isso é perigoso.

Jesus advertiu seus discípulos quanto ao erro de julgar os outros a partir das circunstâncias negativas pelas quais eles passam. Foi o caso das dezoitos pessoas que morreram quando uma torre caiu em cima delas. Não bastasse a tragédia, alguns estavam considerando que as vítimas eram “piores pecadores” por conta daquele triste fim (Lc 13.1-5).

Jesus, então, direcionou o olhar dos seus ouvintes – não para os defeitos dos outros, mas para si próprios.

“Vocês pensam que eles eram piores do que os outros que moravam em Jerusalém? De modo nenhum! Eu afirmo a vocês que, se não se arrependerem dos seus pecados, todos vocês vão morrer como eles morreram” (5).

Infelizmente, o pecado permeia o mundo, destruindo sonhos, fragmentando virtudes, minando a alegria e assassinando a esperança. Por conta do pecado, somos convencidos a não precisar de Deus e a caminhar pela terra por nossas próprias forças.

O pecado permeia o mundo, destruindo sonhos, fragmentando virtudes, minando a alegria e assassinando a esperança.

Diante de um coração de pedra, o arrependimento é um milagre. Dele jorra água límpida que irriga cada canto de nossa alma e nos faz reviver. Jesus sabia muito bem qual a importância do arrependimento; afinal, este foi o principal imperativo de seus sermões (Mt 3.2-12).

Arrependidos, deixamos de olhar para o outro, e passamos a fazer um exame minucioso de nossas mazelas e contradições. Disso brota uma das orações mais sinceras que podemos fazer:

“Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração; prova-me, e conhece os meus pensamentos; vê se há em mim algum caminho perverso, e guia-me pelo caminho eterno” (Sl 139:23,24).

A espiritualidade cristã começa nesse olhar para dentro de nós, antes de olharmos para fora. Afinal, “todas estas más coisas procedem de dentro e contaminam o homem” (Mc 7:23).

A igreja evangélica precisa voltar às raízes – as históricas e as existenciais. Precisamos obedecer ao que Cristo nos ensina: arrepender-se para assim se tornar relevante. Não há relevância verdadeira sem antes um sincero reconhecimento de quem somos.

E quanto a mim, quero repetir a oração do salmista: “sonda-me, ó Deus!”.

Amém.


Imagem de OpenClipart-Vectors por Pixabay

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