Nota final sobre o novo ano
Enquanto escrevo, chove intensamente nesse último dia de 2021. Não por acaso. Não por coincidência. Choramos muito nesse ano, e ninguém disse que ter esperança significa excluir as lágrimas.
Ao longo do ano, olhamos para o lado e ele estava vazio. As pessoas se afastaram fisicamente e tivemos que perseverar bastante para suportar a vida em tempos de pandemia.
Os que precisaram sair de casa tiveram que lidar com um medo novo, que se somou a tantos outros já comuns no cotidiano das pessoas.
O silêncio como resultado da solidão não é bom. Ele nos tenta a pensar que é melhor mesmo reinarmos em nosso próprio mundo inventado. Para quê igrejas, grupos ou famílias? Há atalhos tão interessantes quanto a vida real, dissemos. E seguimos então vivendo uma vida menor do que poderíamos, mais artificial do que deveria e mais egocêntrica do que nunca.
Os efeitos anestésicos de uma existência medíocre tomam o controle e nos fazem pensar que nossos sonhos se resumem a sexo, dinheiro e poder (não necessariamente nessa mesma ordem). Eu sei como é difícil acreditar em outra forma de vida. Buscamos uma experiência de segurança que garanta que somos amados incondicionalmente – e então decidimos garantir isso com nossos próprios esforços. Não julgo ninguém, sei que a batalha interior é imensa! Cruel até.
Mas em 2022, quero mais do que isso. Meu desejo é permitir que a verdadeira vida preencha tanto o meu interior quanto o exterior.
Que minha trajetória seja alegre, como resultado da redenção de relacionamentos e da rendição ao perdão.
Que tenhamos novos olhares para antigos caminhos, e novas oportunidades diante da integridade de valores eternos. Não peço “bolhas” de segurança, mas coragem para enfrentar circunstâncias imprevisíveis.
Acima de tudo, que não sejamos reféns de prisões e de inimigos fictícios. Que possamos encontrar a liberdade de uma pessoa em paz; aquele contentamento que revela a essência de quem somos.
Sobre Deus, não preciso falar muito. Ele é o Senhor do Tempo e do Destino. A partir dele, a luz da aurora sempre vem. Com ele, não há medo infindável. Nele, nos realizamos em cada momento, em cada sonho, em cada espera. Aliás, ele é a própria espera.
“Os que esperam no Senhor, renovarão suas forças…”. (Isaías 40.31)
Que venha 2022!!