A vocação não é um fim em si mesma. Não se sustenta pela sua importância própria, mas sim pelo caminho espiritual que a conduz e dá a ela corpo, forma e clareza.

É como se fosse a harmonia de uma canção. Todas as notas musicais ligadas, formando uma composição agradável.

A vocação está debaixo de algo maior e mais importante: a harmonia da nossa caminhada pessoal, profunda e honesta com Deus. Esta é a fonte para todas as escolhas que tomarmos e todas as tarefas que assumirmos. Quando a harmonia estiver comprometida, tudo o mais também estará.

O maior desejo de quem quer levar a sério sua vocação é ter certeza de que ouviu, de fato, a voz de Deus. Não é fácil. Esta experiência não é, no entanto, isolada de todo o resto.

Ouvir a voz de Deus é consequência de submeter-se a ele, de perseverar na fé, de aprofundar-se na verdade bíblica, de ter humildade para ouvir conselhos de outros irmãos, de agarrar-se (espiritual e emocionalmente) a Jesus Cristo.

Vocação tem menos a ver com tarefa, e muito mais a ver com relacionamento: primeiramente com Deus (Aquele que nos chama) e depois com o próximo (a quem servimos).

“Porque, sempre que comerem deste pão e beberem deste cálice, vocês anunciam a morte do Senhor até que ele venha” (1 Co 11.26).

 

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  1. Vocação é um substantivo feminino com ênfase na ideia de “inclinação que se sente para alguma coisa”.

    Portanto, uma propensão, tendência, disposição natural do espírito, isto é, índole. Quando transplantada para a religião, redunda em uma inclinação para o pastorado, atividade missionária, inclinação a uma vida dedicada ao tradicional ‘orar e trabalhar’ típico em instituições católicas. É o que indica o Dicionário Priberam da Língua Portuguesa como o básico a ser entendido.

    Aplicado ao mundo secular, ‘vocação’ ou ‘índole’, é profissão, uma atividade mundana, isto é, entre os homens e no mundo. A Receita Federal classifica o clérigo na sua Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE) como aquele que está sujeito a tributação como qualquer outra profissão.

    Não há nada de especial, misterioso, ‘extra-mundo’, divino, algo chegado à intervenção superior, quando alguém considera que sua vida deve ser gasta em um país estrangeiro (missionário transcultural), atrás de um púlpito (pastor-pregador), jornalista-pastor (Élben), engenheiro que constrói uma ponte em algum lugar do Maranhão e frequenta a igreja batista local.

    Um vocacionado no sentido religioso ou secular não está coberto de glacê algum que o torna mais pessoal ou íntimo de Deus. Tem a ver com a tarefa que realiza em toda a sua extensão. Não existe a menor possibilidade, e isso é tecnicamente insustentável, que alguém atribua a si ou à profissão que assume, a vocação ou índole para a qual é chamado, como se esta dependesse da divindade, como se forjadora fosse de seu caráter e atribuição profissional.

    Quando se estabelece algum formato de vocação a depender de ‘relacionamento’, quando este suposto relacionamento se quebra, por exemplo, por adultério, a culpa será sempre do vocacionado que não estava afinado (relacionamento) com aquele que o ‘chamou’.

    Este tipo de leitura é uma variante do famoso ‘foro privilegiado’, isto é, garantindo-lhe um julgamento especial e particular diferente dos mortais.

    Se a ponte que José, nosso engenheiro no Maranhão, cair, ele será chamado a prestação de contas e as penalidades da lei, se o pastor Elias sair com a mulher do presbítero, o Conselho o chamará à chincha, mas nada ocorrerá perante a lei, e ainda, com frequência, se passa ‘a mão na cabeça’ dele como um deslize ‘da carne’.

    Deus, nesse sentido, navega sempre leve, livre e solto ‘in dubio pro reo’. Atribui-se a expressão ‘casta’ a dois grupos muito conhecidos: classe de políticos e casta sacerdotal.

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