Gosto de escrever. Muito. Me angustio por não saber tanto. Queria escrever melhor, com textos que tragam beleza e descobertas.

Gosto das pessoas. Muito. Me angustio por não entendê-las tanto. Queria me relacionar melhor, sem projeções irreais, sem me tornar refém da aceitação dos outros. Queria amar de verdade, com solidariedade e pureza.

Gosto da minha comunidade. Muito. Me angustio por não conseguir experimentar sinceramente a riqueza comunitária. Queria me alegrar mais com as expressões coletivas verdadeiras: cantar junto, orar junto, ouvir a voz de Deus junto, servir junto.

Gosto da minha família. Muito. Me angustio quando não a valorizo como deveria. Queria me realizar nela, em todos os momentos. Queria poder ajudar, de verdade, a trazer mais união e sinceridade a ela.

Gosto da minha esposa. Muito. Me angustio quando a desaponto e a ofendo. Queria entendê-la melhor, e realizar a alegria dela junto comigo. Queria amá-la, como Cristo amou a sua igreja.

Gosto de Deus. Muito mais que tudo, e em tudo. Me angustio quando me sinto distante dele, quando o ofendo com minhas imperfeições e incoerências. Queria conhecê-lo e amá-lo mais. Queria tê-lo comigo sempre, e perceber isso. Queria ouvir sua voz de forma certa, sem as vozes deste mundo, sejam religiosas ou não. Queria realizar a vontade de Deus de forma certa, sem o ativismo egoísta e sem a ganância pelo poder. Queria vivenciar a “união em Cristo” que Paulo tanto fala. Sei que ainda não vivo, mas sei que Jesus já fez e fará o necessário para isso.

Gosto da vida. Muito. Me angustio se corro contra a vida, se falo contra a vida. Queria viver mais e melhor, sem culpa, sem pendências. Queria viver cada dia, como se fosse o último, como se fosse o último presente de Deus para mim. Queria viver a vida à luz da eternidade, como se cada dia fosse o primeiro, o primeiro presente de Deus para mim. Queria lutar pela vida, mais do que simplesmente vivê-la.

Queria gostar mais do que gosto. Queria amar mais do que amo. Queria ser mais do sou. E sou.