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- 13 de janeiro de 2017
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Quando a graça de Deus entra em cena - Sobre o legado que Elben César deixa à família
Estamos em festa! Hoje a revista Ultimato completa 49 anos de circulação ininterrupta. Não é pouca coisa não...
Na devocional desta semana destacamos o princípio "a força que brota da fraqueza" como o segredo da longevidade da revista. Temos que dizer com toda sinceridade e gratidão: toda glória seja dada a Deus!
Para marcar este dia publicamos um texto pessoal da filha do pastor Elben César, em que ela compartilha o legado que ele deixou para a família. O pastor Elben tinha 38 anos quando começou a revista e esteve à frente dela até os seus 86 anos. Faleceu no dia 6 de outubro do ano passado. Este texto também exalta "a força que brota da fraqueza" na vida de um homem “tão humano quanto todo mundo". Alcançado pela Graça, ele foi usado por Deus de forma singular.
****
Quando a graça de Deus entra em cena
Sobre o legado que Elben César deixa à família
Por Klênia C. Fassoni
Este texto foi escrito 60 dias depois da morte do meu pai. No culto de gratidão por sua vida, lembramos que ele ocupava muitos espaços nos corações da família. Ainda estamos tentando ocupar estes espaços vazios. Contudo, o sentimento que sobressai é o de esperança. Minha mãe expressou bem nossas convicções no dia de sua morte: "Ele foi promovido à glória".
Com celebração pelos 86 anos bem vividos de Elben César, escrevo sobre o legado que ele deixou para a família.
Um legado espiritual
Ele se autodeclarava um “bibliodependente” e nos ensinou o apego às Escrituras. Junto com a minha mãe, fazia, diariamente, orações “completas” por cada uma das filhas, dos genros e netos. Estas “práticas devocionais”, muito cedo, passaram a integrar o nosso dia a dia.
A pessoa de Cristo era central em suas convicções. Quantas vezes ouvimos dele que Jesus é a tábua de salvação! É ele quem redime, salva e transforma, em contraste com a nossa total incapacidade de nos salvarmos.
Por meio de palavras e atitudes, mostrou-nos que a vida só tem significado quando servimos a Deus e ao seu reino. Isto teve implicações na forma como cada filha e sua família organizaram suas vidas. Ele foi muito próximo dos nossos filhos e, junto com a minha mãe, sobre eles exerceu importante influência.
Admirava-nos também sua atitude de extrema reverência a Deus ao lado de intensa intimidade com Deus.
Um legado de valores
Naturalmente desapegado de bens materiais e de status, tinha um estilo de vida simples. Era generoso e nos ensinou um tipo duplo de generosidade. A que deve levar-nos a ofertar, ouvir e acolher; mas também aquela generosidade que não condena e que busca compreender, amar e perdoar as pessoas que andam por caminhos diferentes dos nossos ou, mesmo, no erro.
Sua alegria era contagiante. Frente às dificuldades da vida, não murmurava e raramente reclamava. Como os espias Josué e Calebe, frente aos obstáculos mantinha-se cheio de esperança e expectativas, confiante sobre o que Deus poderia fazer.
Perseverante, tinha uma – nem sempre – santa teimosia.
Vivia intensamente e olhava o mundo à sua volta com sede de contemplação e de investigação: há muitos lugares a se conhecer, há muita beleza a se admirar, há uma infinidade de coisas a estudar, a desvendar, a observar. Quando viajava – e viajou muito – era um verdadeiro explorador.
Como jornalista, precisava manter-se bem informado. E o fazia com gosto: lia até três revistas semanais e dois jornais diários, além de periódicos de diversas denominações e organizações evangélicas, relacionando o que lia com a Bíblia.
Teve muitos amigos. É possível que boa parte do seu ministério tenha sido realizado com base em relações de amizade. Foi assim com a implantação do evangelho na cidade de Viçosa, MG. É assim com o grupo de amigos que participa do ministério da Editora Ultimato.
Um legado de memórias
Um pai presente. Atencioso, conhecia os interesses de cada filha, genro e neto. Quantos recortes de jornal e revista cada um de nós recebeu dele sobre literatura, psicologia, culinária, arquitetura, matemática, esportes, missões, ecologia etc.
Regularmente, nos chegavam bilhetes escritos à mão – em letra de forma, pois a cursiva era quase ininteligível – ou e-mails em que compartilhava suas descobertas a partir da leitura bíblica ou com palavras de encorajamento ou simples curiosidades.
Como esposo, era companheiro, alegre, fiel, brincalhão, até na hora de resolver conflitos. Certa vez, no início do casamento, pôs-se de quatro no chão depois de minha mãe desabafar: “Seu burro!”. Ela e ele foram cúmplices no cuidado da família e nos ministérios, apesar de serem muito diferentes um do outro. Ela dizia que era uma “tartaruga” e ele, um “cavalo de corrida”.
A mesa posta continuará ocupando espaço privilegiado na memória familiar. Em volta dela, festejamos, discutimos, choramos, multiplicamos a família, resolvemos problemas do mundo, nos ocupamos de “coisas miúdas” e oramos.
Um legado (o maior) de convicção de total dependência de Deus
A vida do meu pai transcorreu num contexto de muitas dificuldades externas (financeiras, de saúde, oposição e outras) e internas. Seu temperamento inquieto não gerou apenas virtudes e sua “pecaminosidade latente” – sobre a qual ele escreveu e pregou inúmeras vezes – não era retórica.
A família, mais do que ninguém, conheceu suas fraquezas. E ele era honesto sobre elas, chegando até mesmo a expressá-las em público.
Algumas vezes, em nome do cumprimento de seu papel de “homem público”, ele relegou a família a segundo plano. Presenciamos momentos em que perseverança tornou-se teimosia; coragem, imprudência; zelo, insatisfação; senso de urgência, ansiedade.
O principal legado que o meu pai nos deixa é a evidência do poder de Deus na vida de um homem frágil, “tão humano quanto todo mundo”. Ele tinha convicção de sua total dependência de Deus. Por isso diariamente incluía em suas orações: “Ó Deus, tem misericórdia de mim!”. Sua vida testemunha o que a graça de Deus pode fazer quando entra em cena.
Leia mais
A história de Ultimato, por Elben César [Podcast]
Sobre Ultimato e sua história
Desde 1968
Na devocional desta semana destacamos o princípio "a força que brota da fraqueza" como o segredo da longevidade da revista. Temos que dizer com toda sinceridade e gratidão: toda glória seja dada a Deus!
Para marcar este dia publicamos um texto pessoal da filha do pastor Elben César, em que ela compartilha o legado que ele deixou para a família. O pastor Elben tinha 38 anos quando começou a revista e esteve à frente dela até os seus 86 anos. Faleceu no dia 6 de outubro do ano passado. Este texto também exalta "a força que brota da fraqueza" na vida de um homem “tão humano quanto todo mundo". Alcançado pela Graça, ele foi usado por Deus de forma singular.
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Quando a graça de Deus entra em cena
Sobre o legado que Elben César deixa à família
Por Klênia C. Fassoni
Este texto foi escrito 60 dias depois da morte do meu pai. No culto de gratidão por sua vida, lembramos que ele ocupava muitos espaços nos corações da família. Ainda estamos tentando ocupar estes espaços vazios. Contudo, o sentimento que sobressai é o de esperança. Minha mãe expressou bem nossas convicções no dia de sua morte: "Ele foi promovido à glória".
Com celebração pelos 86 anos bem vividos de Elben César, escrevo sobre o legado que ele deixou para a família.
Um legado espiritual
Ele se autodeclarava um “bibliodependente” e nos ensinou o apego às Escrituras. Junto com a minha mãe, fazia, diariamente, orações “completas” por cada uma das filhas, dos genros e netos. Estas “práticas devocionais”, muito cedo, passaram a integrar o nosso dia a dia.
A pessoa de Cristo era central em suas convicções. Quantas vezes ouvimos dele que Jesus é a tábua de salvação! É ele quem redime, salva e transforma, em contraste com a nossa total incapacidade de nos salvarmos.
Por meio de palavras e atitudes, mostrou-nos que a vida só tem significado quando servimos a Deus e ao seu reino. Isto teve implicações na forma como cada filha e sua família organizaram suas vidas. Ele foi muito próximo dos nossos filhos e, junto com a minha mãe, sobre eles exerceu importante influência.
Admirava-nos também sua atitude de extrema reverência a Deus ao lado de intensa intimidade com Deus.
Um legado de valores
Naturalmente desapegado de bens materiais e de status, tinha um estilo de vida simples. Era generoso e nos ensinou um tipo duplo de generosidade. A que deve levar-nos a ofertar, ouvir e acolher; mas também aquela generosidade que não condena e que busca compreender, amar e perdoar as pessoas que andam por caminhos diferentes dos nossos ou, mesmo, no erro.
Sua alegria era contagiante. Frente às dificuldades da vida, não murmurava e raramente reclamava. Como os espias Josué e Calebe, frente aos obstáculos mantinha-se cheio de esperança e expectativas, confiante sobre o que Deus poderia fazer.
Perseverante, tinha uma – nem sempre – santa teimosia.
Vivia intensamente e olhava o mundo à sua volta com sede de contemplação e de investigação: há muitos lugares a se conhecer, há muita beleza a se admirar, há uma infinidade de coisas a estudar, a desvendar, a observar. Quando viajava – e viajou muito – era um verdadeiro explorador.
Como jornalista, precisava manter-se bem informado. E o fazia com gosto: lia até três revistas semanais e dois jornais diários, além de periódicos de diversas denominações e organizações evangélicas, relacionando o que lia com a Bíblia.
Teve muitos amigos. É possível que boa parte do seu ministério tenha sido realizado com base em relações de amizade. Foi assim com a implantação do evangelho na cidade de Viçosa, MG. É assim com o grupo de amigos que participa do ministério da Editora Ultimato.
Um legado de memórias
Um pai presente. Atencioso, conhecia os interesses de cada filha, genro e neto. Quantos recortes de jornal e revista cada um de nós recebeu dele sobre literatura, psicologia, culinária, arquitetura, matemática, esportes, missões, ecologia etc.
Regularmente, nos chegavam bilhetes escritos à mão – em letra de forma, pois a cursiva era quase ininteligível – ou e-mails em que compartilhava suas descobertas a partir da leitura bíblica ou com palavras de encorajamento ou simples curiosidades.
Como esposo, era companheiro, alegre, fiel, brincalhão, até na hora de resolver conflitos. Certa vez, no início do casamento, pôs-se de quatro no chão depois de minha mãe desabafar: “Seu burro!”. Ela e ele foram cúmplices no cuidado da família e nos ministérios, apesar de serem muito diferentes um do outro. Ela dizia que era uma “tartaruga” e ele, um “cavalo de corrida”.
A mesa posta continuará ocupando espaço privilegiado na memória familiar. Em volta dela, festejamos, discutimos, choramos, multiplicamos a família, resolvemos problemas do mundo, nos ocupamos de “coisas miúdas” e oramos.
Um legado (o maior) de convicção de total dependência de Deus
A vida do meu pai transcorreu num contexto de muitas dificuldades externas (financeiras, de saúde, oposição e outras) e internas. Seu temperamento inquieto não gerou apenas virtudes e sua “pecaminosidade latente” – sobre a qual ele escreveu e pregou inúmeras vezes – não era retórica.
A família, mais do que ninguém, conheceu suas fraquezas. E ele era honesto sobre elas, chegando até mesmo a expressá-las em público.
Algumas vezes, em nome do cumprimento de seu papel de “homem público”, ele relegou a família a segundo plano. Presenciamos momentos em que perseverança tornou-se teimosia; coragem, imprudência; zelo, insatisfação; senso de urgência, ansiedade.
O principal legado que o meu pai nos deixa é a evidência do poder de Deus na vida de um homem frágil, “tão humano quanto todo mundo”. Ele tinha convicção de sua total dependência de Deus. Por isso diariamente incluía em suas orações: “Ó Deus, tem misericórdia de mim!”. Sua vida testemunha o que a graça de Deus pode fazer quando entra em cena.
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Ricardo Barbosa