Por Cássia de Oliveira

O movimento de feminilidade bíblica na internet, tentando fazer frente ao feminismo e em busca de resgatar a essência do gênero feminino, tem errado feio resumindo a feminilidade à figura da “mulher Amélia”, bem no estilo de comerciais dos anos 1950. A defesa pela tal da “feminilidade bíblica” acabou se tornando uma apologia ao machismo, velada de piedade cristã.

Pensando por essa corrente, se ser mulher é somente ser esposa, mãe e dona de casa; as solteiras por opção; viúvas, mulheres que não podem gerar filhos e mulheres que trabalham fora não são mulheres inteiras.

Se ser mulher é ser uma criatura inferior, sem voz, apática e medrosa; a mártir Cassie Bernall, uma jovem corajosa, de 17 anos, que preferiu morrer do que negar sua fé em Jesus durante um ataque terrorista em sua escola nos Estados Unidos, não seria uma mulher cristã genuína.

Ou também Frida Vingren, missionária e jornalista, que editou o primeiro jornal da Assembleia de Deus no Brasil e escreveu artigos ferozes defendendo os princípios bíblicos, não teria sido uma grande mulher de Deus.

Essa concepção reducionista da feminilidade cristã defendida por contas no Instagram não é bíblica, já que as Escrituras estão repletas de mulheres atuando em diversos papéis na sociedade (leia-se Provérbios 31 como apenas um exemplo).

Ser feminina tem menos a ver com nós mesmas, nossas competências e as funções que desempenhamos, e mais a ver com ser o que Deus nos chamou para ser, a fim de glorificar seu nome.

Para John Piper, “A verdadeira feminilidade bíblica é um chamado distinto para demostrar a glória do Filho de maneiras que não seriam demostradas se não houvesse feminilidade”.

Ser uma verdadeira mulher como nosso criador planejou é viver uma vida que glorifique a Cristo. Como Leah Sharibu, uma jovem corajosa da Nigéria, que foi sequestrada por terrorista do Boko Haram, junto com centenas de meninas. Já faz 3 anos do sequestro e ela segue em cativeiro por se negar a abandonar Jesus e se converter ao Islã.

Isso é feminilidade bíblica. Isso é ser uma mulher virtuosa! 

  • Cássia de Oliveira é jornalista anunciando boas novas, cristã com senso crítico até dizer chega, devoradora de livros, fã de Jane Austen e defensora dos direitos das mulheres.

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    • Maravilhoso texto. ” Se o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres” E isso vale para todas as mulheres. Sugiro a leitura do livro ” Jesus e as mulheres” o que Ele pensa de nós.

    • Só eu que sinto o cheiro do progressismo no texto? Texto raso de fundamentação bíblica. Ser mulher é então ter atos de bravura somente? Isso é resplandecer a Glória do Eterno? Antes de ser mulher, ela é filha por adoção. Nós estamos tão ocupados em discutir o “tipo mulher” que devemos ser, que rasgamos as Escrituras e perdemos o Seu Melhor. Antes de ser mulher, eu sou FILHA DE DEUS, antes de ser mulher, fui chamado a me parecer com Cristo em Amor, antes de ser mulher fui chamada a Santidade, antes de ser mulher fui cheia do Espírito. Se eu não tiver minha cabeça cortada sou fraca? Só por Deus. Bíblia gente, por favor! Bíblia! 🤦🏽‍♀️

  1. Generalizar contas no Instagram é complicado. Qual conta? Que perfil? Em que texto bíblico se baseiam? Mas concordo que em Cristo não há diferença entre gregos, judeus, homens, mulheres etc.
    Qual o problema da mulher Amélia? Fui ciado por uma e desvalorizá-la é desvalorizar a maior parte dos seres humanos que habitam hoje. Exite maior valor do que criar filhos com o caráter de Cristo?
    Podemos construir algo sem denegrir outros belos exemplos.
    Sobre Frida Vingren e John Piper vai bem.

  2. Texto incrível e muito atual. Como mulheres precisamos ser libertas de padrões sociais que nos oprimem mesmo dentro das igrejas. Em nome da feminilidade é aceito a violência contra a mulher e romantizado a sobrecarga de ser filha, esposa, profissional e mãe perfeitas. O texto de Provérbios 31 é tema dos chás das senhoras e de sermões exaltados, porém, mais me lembram a personagem de Marta, irmã de Lázaro, do que Maria, a quem Jesus elogiou a postura.

    O que precisamos é estar aos pés de Cristo, reconhecendo que somos filhas amadas dele e fazendo somente o que ele espera de nós. Todo o restante só será capaz de nos sobrecarregar e nos tornar amargas na vida.

  3. Ainda temos um longo caminho para abandonar as ideias erradas sobre a mulher e um longo caminho para entrar em sintonia com os ensinamentos de Jesus em relação a mulher. Infelizmente a maioria prefere Paulo que reflete mais a sociedade da época que as palavras de Jesus que transcende as de Paulo. Não que Paulo estivesse errado, mais sim porque Jesus vai além e vê a mulher como um ser que deve ser respeitado, não em comparação com o homem, mas como deve ser: como mulher e sem fazer comparações. A mulher tem o seu lugar como mulher e o homem deve entender que não há superioridade de nenhum das partes. A final, quando se casam se tornam uma só carne. Quando solteiras, uma preciosidade em todos os sentidos: no Intelecto e no sentimento não apenas no físico. Como pai de uma menina muito inteligente e dona de uma personalidade marcante anceio por uma Igreja que consiga lidar melhor com esse assunto.

  4. Agradeço por vozes como a da Cássia nesse texto, que tem a coragem de se levantar com exemplos cristãos tão potentes. Obrigada a ultimato por permitir ser veículo dessas vozes, mesmo em meio a tantas críticas crescentes, mas infundadas. Imagino que logo muitos virão criticar dizendo que é apologia ao feminismo, anti bíblico, ou qualquer outro defeito que tentarem achar pra justificar seus fundamentalismos. A verdade é que a equidade de gênero é um valor bíblico, cristão e levado adiante por Jesus numa sociedade extremamente patriarcal. A desigualdade é consequência do pecado e Jesus veio para que fôssemos libertos disso também. Gálatas 3:28.

  5. O ponto mais central da militância da direita evangélica branca dos EUA, berço da KU KLUX KLAN e apoiadora do Apartheid na África do Sul e do segregacionismo sulista, está no masculinismo, contra a emancipação da mulher, da igualdade de direitos e na supremacia patriarcal. John Piper sempre lutou contra leis de combate à violência contra mulheres e igualdade de gênero, dizendo até que mulher não deve denunciar marido agressor na polícia ou acioná-lo judicialmente.

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