Por Jeferson Cristianini

Sempre ajudei minha mãe no cuidado e na limpeza de nossa casa, e levei esse hábito para meu casamento. Minha esposa gosta e aprova a ajuda. Dia desses, ajudando a Nathalia na faxina, fiquei com a missão de tirar o pó dos móveis e dos meus muitos livros, pois todos estavam com alergia em casa. Minha rinite estava atacada, e Timóteo espirrando o tempo todo, e assim fizemos uma boa faxina.

Foquei na minha missão de tirar o pó dos móveis e depois fui para o escritório limpar os livros e comecei a limpar as Bíblias de estudo. Com isso, me lembrei de que é um costume comum, pelo menos no interior, deixar uma Bíblia aberta nas casas ou comércios, sempre no salmo 90 ou 91. A crença popular diz que assim o ambiente está protegido.

Essa crença popular, difundida pela prática de uma denominação religiosa, ensinou o povo a deixar a Bíblia como objeto de decoração, que fica ali pegando pó, e não ensinaram que a Bíblia é um livro de estudo. Ensinaram ao povo brasileiro que a Bíblia é mais um amuleto da espiritualidade e não o livro Sagrado através do qual Deus fala. Ensinaram que basta a Bíblia estar aberta, e não que a Bíblia precisa ser lida, explicada, estudada e pregada a fim de que o povo de Deus cresça na fé.

É triste constatar que, durante a história da Igreja de Jesus, muitos líderes não incentivaram o povo ter a sua própria Bíblia, e lê-la com o intuito de aprender e de ouvir a voz de Deus. A história da Igreja mostra que a Bíblia ficou nas mãos dos clérigos e não na mão do povo, mas a partir de sua produção em larga escala, após a prensa de Gutenberg, a Bíblia é o livro mais impresso e mais lido no mundo.

A prensa de Gutemberg mudou o mundo, e a Bíblia foi o primeiro livro impresso e massivamente distribuído e vendido. Mesmo assim, há muitas pessoas que ainda não aproveitam a liberdade de se ter a Bíblia impressa e disponível para a leitura e estudo. Alguns missionários que vivem em terras longínquas dizem que muitas pessoas dariam a vida para ter páginas da Bíblia em seus dialetos, e nós que temos acesso a ela em nossa língua materna, e em inúmeras versões, não damos o devido valor.

Mesmo com tantas Bíblias, de diversos tamanhos e formatos, e de diversas traduções, o povo que se diz evangélico ainda é raso em conhecimento bíblico. Infelizmente, muitos evangélicos trouxeram consigo a tradição de ver a Bíblia como um amuleto ou um livro de decoração do ambiente e não como única regra de fé e prática. Que tristeza saber que pessoas têm acesso a Bíblia e não valorizam.

Se levássemos a sério o que nossa declaração de fé, que diz que a Bíblia é a nossa única regra de fé e prática, a leríamos e estudaríamos mais, buscando nela todas as respostas para nossas perguntas, desde as questões existenciais, passando por como cuidar de nossas finanças até como criar os nossos filhos.

A Bíblia é um manual de Deus incrível e fala sobre tudo o que precisamos sobre como ter nossa peregrinação espiritual aqui e agora revelando a glória de Deus e nos dando certezas de como será nossa vida na eternidade na presença de Deus. A Bíblia nos ajuda a viver de maneira que agrada a Deus aqui, e nos coloca na trilha da santificação para que mostremos que somos criados “à imagem e semelhança de Deus”, e também nos mostra como será nossa vida quando estivermos diante do trono de Deus e veremos o Senhor face a face.

A Bíblia é a carta de amor do nosso Senhor, nosso Criador, e contém as orientações primordiais de como viver de uma maneira que O agrade. A Bíblia nos ajuda a entender nossos sentimentos, nossas emoções, nossas expectativas, nossas motivações, nossos sonhos e desejos, e a Bíblia é a nossa lente para enxergarmos a vida. A Bíblia trata tudo o que há em nós e sonda-nos a partir do referencial divino da revelação.

O apóstolo Paulo fala com clareza de que “a fé vem pela pregação, e a pregação da palavra de Cristo” (Romanos 10:17). Nossa fé é regada quando ouvimos a pregação da palavra de Deus, quando lemos a palavra de Deus e o Espírito Santo fala ao nosso coração quando estamos diante da Palavra.

Enquanto limpava a casa e tirava o pó, me lembrei de Charles H. Spurgeon, o pastor batista conhecido como “príncipe dos pregadores”. Em um sermão, Spurgeon exortou o auditório a ler a Bíblia. De forma solene, ele disse: “Senhoras e senhores, alguns de vocês têm poeira suficiente sobre suas Bíblias que dá para escrever condenação com os dedos”.

Naquela manhã de faxina, fui constrangido pelo Senhor a escrever e orientar o povo de Deus a amar a Bíblia. Como pastor, pregador e professor, eu uso a Bíblia como fonte de estudo, mas como qualquer cristão, preciso ler e estudar mais a Bíblia, a Palavra de Deus.

Preciso esconder a Palavra do Senhor no meu coração para eu não pecar contra Ele, e para que eu me lembre de versículos quando precisar falar da Palavra dEle a alguém, ou quando precisar falar e responder com clareza a respeito da minha fé em Deus por meio de Jesus (cf. Salmo 119:1, Lucas 12:12, 1 Pedro 3:15).

Acabei a faxina e fui ouvir a voz de Deus por meio da leitura bíblica. Que benção!

Em certa ocasião, Jesus estava diante de um tema teológico com os saduceus sobre a ressureição, e Ele disse: “Errais, não conhecendo as Escrituras nem o poder de Deus” (Mateus 22:29). Eles estavam equivocados e estavam errando em suas elucubrações teológicas porque não conheciam as Escrituras.

As Bíblias cheias de pó revelam que seus donos estão negligenciando os ensinos sagrados e assim estão vulneráveis a muitos erros. Erramos menos quando lemos a Bíblia, pois ela é a fonte de sabedoria de Deus para nós. Pare de errar na vida, tire o pó da Bíblia e absorva seus preciosos ensinos. Não erre mais. Leia a Bíblia.

Tire o pó de sua Bíblia e a leia. Você não irá se arrepender, e não deixará mais acumular pó na sua Bíblia. Não estacione e nem se acomode na fé cristã, pelo contrário, beba diretamente da fonte que é a Palavra de Deus, e ficará surpreso com quantas lições Deus tem a te ensinar. Seja um bom aluno, pois Jesus é o Supremo Professor. É tempo de conversão, santificação e quebrantamento. Tempo de tirar o pó e amar a Bíblia Sagrada. Pó na Bíblia não combina com a vida cristã!

  • Jeferson Rodolfo Cristianini é pastor da Igreja Batista Nova Canaã Sorocaba.

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