Por Daniela Piva

Esperança. Esta palavra de nove letras está em falta. Onde a encontro? A população brasileira pergunta. Um ano de pandemia, para nós brasileiros, um ano de COVID-19. Mais uma vez vivemos tempos difíceis, a verdade é que nunca saímos deles. A pandemia está pior do que nunca, todos os dias mortes contínuas. Economia em colapso. Para alguns, a esperança estava nas vacinas, para outros, no contínuo isolamento total, e para outros ainda, estava em governantes mais sábios.

A verdade é que, de uma forma ou de outra, todos nós nos sentimos vivendo mais um dia de marmota. Independente da idade, de crenças, de cidade, de classe econômica ou escolaridade, com certeza acordamos algum dia nos últimos meses com o coração vazio, e uma vontade de só acordar quando tudo acabasse; talvez com o coração sem esperança, nem que tenha sido só por um segundo.

A verdade é que não sabemos quando e nem se tudo isso irá acabar. Esta pandemia transformou nosso mundo e continua a transformar nossa cultura e relacionamentos.

E assim, chegando mais uma estação, virando mais um outono em nosso solo, vemos não só as folhas caindo, mas também as luzes dos corações. Talvez para nós, brasileiros, para quem as estações não são tão bem definidas – além de nossa cultura imediatista e industrializada que nos dissociou do tempo, da natureza, do cultivo, e das estações do ano – seja muito difícil enxergar que há muitos processos no jardim, assim como nas estações do ano e da vida.

Há muitos símbolos no jardim. Há muitas lições.

Uma das mais belas é que nada é jogado fora. A menor folha que cai continua sendo reaproveitada para adubar a terra e trazer vida a novas folhas. Que inacreditável, não é?

Nada é desperdiçado, nada é tido como ordinário, como comum, como sem valor.

Nessa vida, nesse momento, acho que estamos precisando mesmo olhar como olhamos para um jardim.

Afinal do princípio ao fim não estaremos assim vivendo?

Não é esse o convite de Deus?

Não é essa metáfora que ele mais gosta?

Olhe, veja: lá está o jardineiro, no jardim mais importante de todos, e porque Ele está vivo agora, Ele enxuga e enxugará as minhas e as suas lágrimas. Todas elas. Porque Ele vive podemos olhar para o Jardim e saber que ele está completo.

A esperança chegou; a esperança está no jardim. A esperança está aqui.

  • Daniela Piva é psicóloga, aprendiz de escritora e parte da equipe Philhos da AMTB.
  1. Bela escrita. Eu gostei bastante dessa imagem do jardim! É uma que realmente traz esperança. No começo da pandemia, ouvi um conhecido usar a metáfora de uma semente que passa por tempos de escuridão e enraizamento antes de desabrochar na luz e superfície. Estou sentindo isso bastante nessa pandemia interminável e a idéia de que nem uma folha morta é perdida em um jardim me traz consolo.

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