A infinita graça das pequenas coisas
Da pequenez brota a vida. A vida é sempre grande, surpreendentemente grande. Se você olhar bem fundo para o seu dia verá mais do que algo ou objeto, mas também uma ideia, um sonho e uma decisão. Não que tudo o mais seja menor, mas é que o seu instante cresceu.
Quando a vida é prioridade, não há pequeno e grande; há dádiva. E dádiva não se mede com réguas humanas nem como a palma da mão.
Os movimentos são, por vezes, óbvios, mas seus efeitos não. Quem pode prever o que acontecerá assim que você atravessar a rua? Você pode pensar: isso é previsível. Talvez seja se apenas um ato estiver em jogo, mas e se sua decisão de atravessar a rua impulsionar decisões de outras pessoas? Como, por exemplo, a senhora de 70 anos que se vê impelida a também atravessá-la.
Nada mais incrível do que uma decisão. Uma simples decisão a respeito de uma simples realidade. Cientistas tentam entender a mente humana, como se fosse uma criança percorrendo uma floresta inabitada. Em cada metro, um assombro. Tão encantada ela fica que acaba se perdendo em meio a árvores nunca vistas e insetos que se debatem de encontro ao seu rosto.
O dia está findando, e nos resta apenas nos ajoelharmos diante da infinita graça das pequenas coisas. Em ato de adoração, nos entregamos àquele que caminhada entre a finitude e a eternidade; entre a fragilidade e a força; entre a imperfeição e absoluta inerrância.
Nada é previsível ou óbvio quando o que está no horizonte é a vida. Qualquer vida. Toda vida.
Nada é menos do que nossos olhos podem ver. Nada.