Jerusalém, Jerusalém,
Quantas vezes tentei abrigar no coração
Todos os meus anseios para Deus,
Como a ave abriga a ninhada debaixo das asas:
E tu não quiseste, mundo,
Tu não quiseste, carne,
Tu não quiseste, demônio.

Jerusalém, Jerusalém,
Morro de sede à beira da fonte,
Morro de fome debaixo da mesa coberta de pães.

Em vez de sinos festivos
Ouço sirenes de aviões.
Em vez de santa eucaristia
Recebo granadas de mão.
Os mitos do mal desencadeados sobre mim
Me envolvem sem que eu possa respirar.

Jerusalém, Jerusalém,
Recolhe meu último sopro.

 

— Mendes, Murilo. AS METAMORFOSES. Cosacnaify.

 

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