A maioria dos dias são cheios de tarefas, mas nem todos. Hoje, por exemplo. Tive que fazer uma viagem não planejada e o caminho para chegar ao destino passa pelo Rio de Janeiro. É verdade que o tempo na cidade é muito curto, mas o suficiente para sentir sua atmosfera e seu jeito. Cariocas são bacanas, cariocas são legais… E se eles não gostam de dias nublados, a verdade é que no único dia em que permaneço no Rio, eis que o sol decidiu não aparecer. E se cariocas não param em sinais fechados, eles investem nas sílabas com “s” e na conversa com quem quer que seja.

Eu disse à minha esposa: “O Rio sempre me procurou e eu sempre fugi dele”. Ela pergunta a razão. Eu disse que minha mãe é de Duque de Caxias e na infância nosso programa preferido nas férias era sair do Norte, atravessar o país e chegar no fim da serra de Petrópolis. Estando lá, visitávamos praias no Rio. Acho que o primeiro lugar em que molhei meus pés em uma praia foi em Botafogo. Também tive muitas oportunidades de visitar a cidade, já até perdi a conta. No entanto, nunca fui assíduo, não conheço seus contornos — tanto que é costume pedir ajuda de amigos para encontrar a direção.

Mas hoje foi diferente. Fizemos um passeio sem pressa pelo aterro do Flamengo, comemos um delicioso galeto com arroz, feijão, farofa e vinagrete e, após uma manhã inteira andando, paramos para ver a vista do Pão de Açúcar.

As bancas de jornais trazem notícias sobre os Jogos Olímpicos e ao chegarmos ao hotel vimos um grupo de jovens atletas norte-americanos que buscarão medalhas no boxe. Eles ficariam hospedados na base naval, mas não gostaram das acomodações e decidiram na última hora ficar no hotel. O atendente, que é luterano e tem amigos em Viçosa, estava aflito com tanto trabalho não previsto.

Se não encontramos o sol no Rio, pelo menos a beleza da cidade não depende exclusivamente dele. Ainda deu tempo de visitar a Santa Casa de Misericórdia e fotografar a estátua de um Padre Anchieta com ares de herói.

Quando passávamos pela Praça 15 de Novembro, vi uma cena pitoresca. Debaixo da estátua provavelmente de Marechal Deodoro (o monumento não informa), um morador de rua “tocava” um violão mal acabado. Não saía quase nenhum som e quando cheguei perto para dar-lhe uma nota de dois reais, vi que ele também não sabia cantar. Perguntei quem era o homem da estátua. Ele apenas respondeu: “o cavalo é preto, o cavalo é preto”.

Fotografei os dois. Postei no Instagram assim:

 

 

O dia está terminando e senti uma grande vontade de relatar um pouco de hoje. Partiremos amanhã cedinho para Maringá.

Rio, espero ver-te novamente em breve. Com ou sem sol.

 

Atualizado em 26/07/2016, às 13h34.

 

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