Perdida
Onde estás, bela poesia?
Por que me deixaste assim, sozinho,
Sem rimas, sem versos, sem alegria?
Fugistes, como quem abandona a casa
Ou serias tu apenas uma visita?
O que era tudo agora é nada.
Eu era um menino, e tu uma moça alvissareira
Eu sonhava com ideias quem nem conhecia
E tu: sorridente, meiga, cheia de destreza.
Quando te via, via também o que viria
Via eu mesmo maior do que era
Via toda uma vida em tua companhia
Mas agora teu assento está vazio
A página está em branco
E para as palavras só fastio
Por quais caminhos passará minha mente,
Sem que antes te encontre?
Meus olhos verão apenas como as coisas são?
Pedra será apenas pedra?
Pássaro apenas pássaro?
Ou voltas tu ou caminharei a buscá-la
Andarei com pés descalços, sem subterfúgios
Olharei em cada canto, em cada vala
Podes estar em um palácio, orgulhosa
Mas se tiveres em um quarto imundo
Mesmo assim tão pródiga
Terás meu abraço, e minha escrita
Terás meu coração
Porque é com o coração
Que se faz poesia.
Ézer
Acho que você a encontrou, não?!
Acho que estava no fundo do seu coração.