Volto às palavras para registrar a existência no dia exato que em que a vida imprimiu em mim os contornos de quem sou.

Chego aos 37 anos ainda ignorante, mas um pouco mais consciente disso. Talvez só na teoria, mas já é alguma coisa, né?

Em meio a coisas concretas (meu filho dormindo, um beijo de minha esposa, um carinho dos meus pais, o perdão de Deus), me vejo envolto na tentação de viver refém do abstrato. Demancha no ar a imagem que desenhei de mim mesmo. Desmancha no ar a reputação, as palavras moralistas, a sensação de ser expert em alguma coisa ou mesmo a ilusão da autossuficiencia.

Sobra muito pouco, se não enxergo a vida como ela é.

Mas isso não significa descrer que ela – a vida – pode ser mais do que é (ou menos, se isso for para melhor). Ainda tenho fé. E agradeço a Deus por está dádiva. Ele que é “galardoador daqueles que o temem”, me sustenta nas pontas dos seus dedos, quando eu sei que não consigo nem permanecer em pé por um segundo.

Neste dia do meu aniversário, só me resta celebrar a vida — não a minha simplesmente, mas todas, porque é a existência, por si só, que me faz ver um pouco melhor a minha própria vida.

E se posso pedir algum presente, que seja a capacidade de agradecer. Não é tão fácil como parece. Exige contentamento, clareza, simplicidade. Exige, acima de tudo, relacionamento com aquele que é a bondade em pessoa.

A Ele, o Bom Pastor, agradeço a vida, e todas as surpresas que isso envolve.

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