A moça triste
Eu a encontro todos os dias. No ponto de ônibus. Nunca conversarmos. Mas me chama a atenção seu jeito triste. Sempre com um fone nos ouvidos. Sempre com um cigarro na boca. Nunca ri. Nunca fala com ninguém. Não tem amigos. Pelo menos é o que eu percebo nos cinco minutos que a vejo todos os dias no ponto de ônibus.
A moça triste talvez não seja triste. Talvez esteja apenas cansada. Talvez não goste de falar nem sorrir logo após acordar. Talvez ela seja feliz, muito feliz. Mas meus olhos a veem daquele jeito, e isso me faz pensar em como a tristeza está presente em nós. Em mim.
A moça triste é a metáfora para meu coração. Ela me lembra que minha tristeza anda comigo, mesmo sabendo que o que me faz caminhar seja a alegria.
A moça triste fuma para sentir um pouco de satisfação em algo. Mas isso só denuncia seu vazio, sua solidão. Talvez seja daí que venha sua tristeza: do desamparo, da rejeição por ser pobre, negra e mulher. Talvez.
A moça triste não ouve os sons do mundo. Ela está sempre com o fone nos ouvidos. Talvez ouça músicas alegres para espantar os pensamentos tristes que insistem em lembrá-la o enfado do dia a dia. Mas talvez goste simplesmente de esquecer que a realidade emite sons desagradáveis. Talvez ela queira apenas fugir no barulho de um rádio ou em uma canção que a faça acreditar que a vida será melhor, que ela ainda vai encontrar seu amor.
A moça triste continua sentada no banco do ponto de ônibus. Eu entro no carro que me levará ao trabalho. Não há despedidas. Eu sei que a encontrarei no próximo dia. Sem o sorriso que nunca vem e com a tristeza que a acompanha.
EDUARDO
A moça triste deve ser o narcisismo às avessas de muitos evangélicos enfastiados da fé… sem cigarro.
Henrique Dolsan
A moça triste pode ser uma moça feliz. Talvez, sua tristeza, apenas nós enxergamos, por não ser igual à nós, ser diferente, ser isolada, não que isto seja negativo, talvez aos nossos olhos, sempre ressalto o poderoso talvez, tudo é questão de ponto de vista e da vista do ponto. Se ela, a moça, encontra na tristeza o conforto de ser feliz, nós somos tristes por parecermos tão felizes e estarmos desconfortáveis com o que nos cerca… Apenas uma reflexão…
Daniel Nunes de Oliveira
Gostaria de responder ao Eduardo que o eu lírico da crônica descreve algo que ele vê diariamente em um ponto de ônibus. Parece que você nem mesmo sabe o significado de narcisismo, ainda mais, “narcisismo às avessas,” como foi expressado.
E o termo”enfastiado” também se encontra fora do contexto que foi apresentado. O uso da fé não faz força e não é enfado, muito pelo contrário, supõe-se que o indivíduo crê e segue princípios. E quanto ao cigarro, você pode inclusive, reclamar com os milhares de médicos que proíbe aos seus pacientes o uso do cigarro, as propagandas que revelam perigos do vício que pode até gerar câncer e os evangélicos que incentivam as pessoas a parar de fumar, a fim de preservar seus corpos e agradar aquele que os criou.
Nair Salbego de castro
Nossa!!! é só uma crônica, um ponto de vista, uma expressão! É o sentimento do autor, me identifiquei muito. Creio que quando nos despimos do ego, entendemos com mais leveza e menos críticas o “ser eu nos outros” afinal somos tantos eus e tantos ou outros…
Giovana
Acho ótima essa crônica para trabalhar cotidiano com meus alunos estrangeiros. Além disso, envolve sentimentos e suposições. Muito legal!
Lissânder Dias
Oi, Giovana!
Obrigado pelo comentário. Fico feliz em saber que os escritos estão sendo úteis.
Um abraço,
Gabriel
Muito bom!! Vai ser de grande ajuda no trabalho da escola,pois estou tentando entender ainda as “Crônicas do cotidiano”
jeyse
É uma crônica narrativa?
Luciene Maria Alves
Crônica muito boa! Reflexiva, bem escrita!
Estou trabalhando este gênero textual com meus alunos. Posso levar algumas de suas crônicas para leitura e reflexão? Será de grande ajuda. Grata!
Lissânder Dias
Olá Luciene!
Claro que sim. Me sinto honrado.
Grato,
Paula Jones
Que crônica maravilhosa, que sensibilidade. Gostei demais!
Brenda
Eu amei essa crönica vou tentar fazer uma semelhamte na minha redação hoje! Obrigada pela dica
Karine
Quem seria o autor ?
Lissânder Dias
Cara Karine,
Todos os textos não assinados são de minha autoria.
Grato,
Daniel
Vou levar esse texto para minha sala de aula. Há vários temas a serem abordados. Abraços e obrigado pelo texto.
lara maria
gostei muito dessa cronica.
nikolas 12 anos
eu tambem sinto esse tipo de coisa
tamo junto
nikolas 12 anos
muiiito bom mesmo
Kezia
Qual é esse tipo de crônica???
Iara silva
Obg!! Me ajudou a passar de anoooooo
Vlw mesmo
😂😙😘😚❤❤❤👏👏👏👏
Nair Salbego de castro
Parabéns, excelente texto, excelente reflexão…Me vejo muitas e muitas vzs nessa situação! Estou usando em meu trabalho com alunos!!!
Gabriela Ulisses Fernandes
Adorei essa crônica, além de muito boa ajuda na reflexão. Estou trabalhando gêneros textuais e por coincidência em especifico a crônica, essa será de grande ajuda em nossa aula. 🙂
kassia
alguem me ajuda a explicar isso em 10 linhas????
kassia
alguem me ajuuuuuda
Brenda Costa
Alguém Pode Resume Pra Me?
Garconi
Muito bom!
Alice Marques
Bela Crônica! Parabéns!
Douglas Khólst
Amei sua cronica!
Meiry Perpétua de Fátima
Excelentes crônicas. São ressaltados os problemas que cada um pode estar sujeito a enfrentar no cotidiano, como a carência, a falta de tempo, a solidão, o estresse, as perturbações com o futuro, o medo, a falta de esperança, entre tantas outras questões, de cunho psico- social a que todos nós estamos sujeitos a enfrentar e lutar por dias melhores ou continuar estagnado no tempo com tais infortúnios.
Annah
Gostei muito
Cláudio Silva
Estou trabalhando o gênero crônica com meus alunos do Ensino Médio. encontrei esta por acaso, agradeço ao acaso!!
Lissânder Dias
Que bom, Cláudio! Use (sem moderação)! Abraços.
Tânia Regina
Eu também estou trabalhando crônicas com o ensino médio. Amei este site! Parabéns pela iniciativa, Lissânder!
Francielly
Alguém me ajuda a elaborar 5 questões sobre essa crônica?
Artur
Olá, Lissânder! Me baseei na sua crônica para escrever algo que me veio à mente. Espero que goste 🙂
https://medium.com/@arturhenrique_71936/fel%C3%ADcio-cr%C3%B4nica-9d681e0fcf72
Lissânder Dias
Olá, Artur! Que bom saber que a minha crônica provocou e desafiou você a também escrever uma “versão” sua, que nos alerta para o falseamento da felicidade. Obrigado por compartilhar.
Grande abraço!