Com dor de barriga, falando sobre o mal
Fui acometido de uma possível infecção intestinal. Não entendo muito de saúde, mas quando eu próprio sou o doente é inevitável pensar nela. Imagino o que poderia ter causado este mau-estar: talvez o peixe que comi no almoço ou mesmo o salgadinho durante a viagem do Rio para Belo Horizonte na quarta-feira.
A verdade é que sempre há uma causa, e sempre há uma consequência diante da realidade, boa ou ruim (neste caso, ruim). Não que isso seja imediato ou previsível, como muitos teorizam. Mas o fato é que somos cercados pelo mal e suas relações perversas. Acho que pensamos pouco a respeito disso. Ou seja, o mal não é somente uma categoria isolada (seja espiritual, social ou econômica). Ele se faz nas relações ou nos elos que ligam uma ação a outra.
Por exemplo, o assassinato de adolescentes. Segundo estatísticas divulgadas recentemente, de 2006 a 2012 irão morrer 33 mil adolescentes entre 12 e 18 anos em 267 municípios brasileiros. O assassinato em si não pode ser lido como um fato único. Ele está ligado também à injustiça nas questões de raça, gênero, idade, e territórios. Ou seja, o mal pode ser mais intenso quando se conjuga a outros fatores ou elos de iniquidade.
Precisamos aprender a ler a Bíblia e a realidade a partir desta perpectiva. Assim, poderemos enfrentar com mais maturidade as consequências da atuação do mal.
Se lermos o relato de Marcos sobre a prisão e a morte de Jesus (capítulos 14 e 15), chegaremos à conclusão de que as sucessivas ações do mal foram feitas por diferentes personagens: Judas, os guardas, os mestres da lei, o sumo-sacerdote, o povo, Pilatos… E ainda no capítulo 14, a exortação de Jesus a seus discípulos nos alerta que esta conjugação do mal começa dentro de nós mesmos: “a carne é fraca” (Mc 14.38)
Para enfrentar essa “corrente do mal” precisamos inevitavelmente fazer parte de uma “rede do bem”. Para tanto, devemos estar unidos, em nome de Jesus.
PS.: Depois de muitos chás, alimentação regrada e descanso, já me sinto bem melhor do estômago.